Mas,
como atingir uma alta produtividade, principalmente, que a indústria sucrualcooleira
está instalada no município de Teotônio Vilela (AL), limite
de área da zona agreste e que nos últimos anos vem sofrendo com
a escassez de chuvas? A resposta é simples. Optamos pelo sistema
da fertirrigação. Investimos neste projeto, no qual foi dividido
em cinco módulos de 1.500 hectares a serem implantados durante os próximos
cinco anos. A primeira fase já conta com 1.500 hectares. E a partir de
setembro serão mais de 1.500. Faremos um módulo a cada ano, até
totalizarmos os 7.500 hectares de cana. Estamos satisfeitos, pois já é
possível ver o canavial de 150 dias, atingindo dois metros, explica
Elias Brandão. Definitivamente, a usina não perdeu dinheiro investindo
no sistema: Teremos uma boa receita, porque aproveitaremos o preço
mais alto da entressafra, afirma.
Outro que apostou na tecnologia
da fertirrigação, que garante ganho de produtividade em longo prazo,
foi a Usina Paineiras, localizada no município de Itapemirim (ES). A indústria
ocupa uma área de 16.00 hectares de terras, sendo que o cultivo de cana
ocupa aproximadamente 10.000 hectares. Atualmente, a usina tem capacidade de processar
1.200.00 toneladas de cana por ano, resultando numa produção de
60.000 toneladas de açúcar e 57.000 m3 de álcool anidro e
hidratado. Na safra atual, a expectativa de produção é de
1 milhão de toneladas, sendo que 300 mil toneladas são de sua própria
produção e o restantes de terceiros, que estão localizados
entre os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Pioneiros
na implantação do sistema na região, a Usina Paineiras aguarda
os resultados com expectativas. Já é visível percebermos
a diferença em comparação ao regime de sequeiro. Esperamos
uma produtividade acima de 150 toneladas por hectares, comenta Cláudio
Vital Brasil, superintendente da Paineiras.
De acordo com o responsável
pela Usina, a decisão da implantação do sistema foi fruto
de um longo processo de negociação com a Netafim, empresa responsável
pela tecnologia de irrigação, que culminou em uma parceria. Porém,
Cláudio Vital ressalta que ainda há muitas barreiras para a implantação
deste projeto aos demais produtores de cana da região. A falta de informação
sobre esta tecnologia, o uso do investimento revertido para expandir a cultura
nos moldes tradicionais (ou seja, em sistemas horizontais), o alto custo da implantação
e a baixa capacidade de aporte financeiro são as principais barreiras.
Em grande maioria estes produtores possui áreas inferiores a 50 hectares.
No entanto, acredito que o uso deste sistema traz um aumento significativo na
produtividade e longevidade da lavoura. Em especial, na nossa região. Sofremos
com os fatores climáticos no histórico regime sequeiro e contamos
com o índice inferior à média nacional, em comparação
aos demais Estados. Há também a limitação de terras
e a topografia da região. O crescimento vertical e a tecnificação
são as soluções, ressalta o diretor da Usina Paineiras.
Gota
a gota No
Brasil, o ganho de produção em decorrência do uso da fertirrigação
já vem sendo observado. Na busca por uma maior eficiência e precisão
têm aumentado o uso da automação em sistemas de fertirrigação.
Para isto, são utilizadas válvulas solenóides ou acionadas
hidraulicamente, que são abertas e fechadas automaticamente através
de comandos previamente estabelecidos em microprocessadores e temporizadores (controladores
de irrigação), flexibilizando as freqüências, horários
e durações das aplicações de água e fertilizantes
e até da vinhaça (o resíduo líquido rico em potássio,
que é usado na fertilização dos solos), otimizando o sistema
de acordo com as necessidades específicas de cada área.
Segundo
o gerente de vendas da Netafim, Maurício Fernandes, o uso da fertirrigação
é feito em pequenas quantidades de fertilizantes durante todo o período
de crescimento e manutenção da cultura, diminuindo a lavagem dos
fertilizantes além da zona radicular, comum na adubação convencional,
mantendo níveis ideais de nutrientes no solo que dissolvido em água
é facilmente absorvido pelas plantas.
Com o sistema, a planta recebe
diariamente os nutrientes necessários para se tornar uma planta fortalecida
resistente a pragas, doenças e a todos os agentes patógenos, além
de reduzir o prazo de produção, seja no desenvolvimento da muda,
como também no ponto de corte. Para se ter um resultado completo
e com sucesso tudo dependerá de conhecimentos técnicos, projeto
específico e adequado para cada situação de solo, topografia,
clima, qualidade de água e cultivo, ressalta Maurício Fernandes.
A utilização de água como veículo para aplicar
fertilizantes nas culturas é relativamente antigo. Há centenas de
anos, o lançamento de esterco animal em canais de irrigação
já era praticado. Devido ao desenvolvimento das técnicas, associado
às vantagens como economia de mão-de-obra e energia, possibilidade
de aplicar fertilizantes em qualquer fase do ciclo da cultura e maior eficiência
na aplicação, a indução de fertilizantes via água
de irrigação tornou-se uma prática comum em países
onde a agricultura irrigada é mais desenvolvida. Produtividade
por hectare A
tecnologia da fertirrigação por gotejamento subterrâneo pode
fazer com que a lavoura de cana-de-açúcar alcance o dobro da produtividade
por hectare, sem aumento da área do cultivo. Milagre? Não!
O sistema permite aumentar a quantidade de cana por hectare e amplia a vida da
lavoura. Utilizando a tecnologia é possível fazer até 12
colheitas sem reformar o canavial. A lavoura alcança um rendimento de 12
a 13 mil litros de etanol por hectare cultivado, enquanto no sequeiro estes números
não ultrapassam 6,5 mil litros, explica Flávio Aguiar, gerente
nacional da Divisão de Bionergia e Novos Negócios da Netafim Brasil.
Além dos baixos custos na produção, existe também
a redução dos impactos ambientais, a utilização de
água e energia elétrica são menores, uma vez que o sistema
é dirigido sem desperdício No sistema da fertirrigação
de gotejamento, a água, os fertilizantes e os insumos são distribuídos
por meio de emissores (gotejadores), somente na zona radicular das culturas. O
gotejamento garante de 30 a 40% de eficiência quando comparado aos métodos
tradicionais de irrigação e utiliza apenas 30 a 50% da energia consumida
por um pivô central, completa Aguiar. O sistema é dimensionado
para permitir o tráfego de máquinas, equipamentos agrícolas
e caminhões. A amortização do investimento é de três
a cinco colheitas para os produtores e de uma a três safras para usinas
e destilarias. Todos estes números são baseados em experiências
práticas no campo, diz.
Composto por tubos com gotejadores
que ficam enterrados no solo, o sistema resulta numa produtividade média
entre 140 e 170 toneladas por hectare por safra, durante dez a 12 safras. Depois
desse período é preciso retirar a tubulação para reformar
os talhões, com custo equivalente a 10% do valor do projeto. Sem irrigação,
um canavial dura cinco ou seis anos, com produtividade média de 80 toneladas
por hectare por ano. O diretor nacional da divisão bioenergia da Netafim
do Brasil, Flávio Aguiar, informa que o custo de implantação
da irrigação por gotejamento na cana varia de R$ 4,8 mil a R$ 7
mil dependendo da topografia da área.
Especialistas do setor sucroalcooleiro
estimam que hoje no mundo todos existam 18,5 milhões de hectares de cana
irrigada. Deste total, 500 mil são cultivados com irrigação
localizada, sendo que 320 mil hectares utilizam a tecnologia da empresa. Só
no Brasil, a Netafim está presente em 7 mil hectares de cana irrigada,
distribuídos em 50 projetos por todo o país. O sistema de
fertirrigação encontra seu espaço em áreas onde a
produtividade é baixa, afirma o diretor da Netafim. À
procura de viabilidade Para
reduzir os custos e facilitar a viabilidade dos projetos de fertirrigação
em lavouras de cana-de-açúcar para os produtores, a Netafim se uniu
a uma gestora de fundos de investimentos. A nova alternativa de captação
viabilizada pela Vector Investimentos gestora de recursos independentes
proporciona flexibilidade e alternativa de captação de recursos
a custos mais atraente para o produtor e de forma mais ágil para que ele
possa adotar a tecnologia em seus canaviais.
Um dos primeiros projetos
a serem viabilizados pela nova modalidade foi na Usina Serestas. Para o diretor
superintendente da Usina, Elias Vilela, a possibilidade de viabilizar a implantação
do sistema de irrigação através de uma gestora de investimentos
foi fundamental para que na Seresta a irrigação da salvação,
antes utilizada na lavoura de cana, fosse substituída pela irrigação
localizada. A Vector viabilizou a implantação do projeto e
é com o lucro que iremos pagar. O modelo tem prazo e juros adequados e
torna-se mais viável, contempla.
Segundo Francisco Carballido,
responsável pela área comercial da Vector Investimentos, a empresa
está focada no agrobusiness, oferecendo estruturas para as empresas do
setor e até pequenos produtores, dependendo do projeto. O papel da
Vector é alavancar as vendas da Netafim e oferecer facilidades de créditos
aos produtores, que não obtêm por outros mecanismos. E nesta parceria
todos ganham. Oferecemos taxa de juros baixos e o produtor pago com os ganhos
da sua produtividade. Em certos setores, o produtor triplica a produção
dentro da mesma área e nós recebemos o percentual desta remuneração.
Isto é, só paga com o lucro, a parte extra, sem desembolsar nada
do bolso, finaliza. |