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BIODIESEL: Energia advinda da cana
rev 124 - junho 2008

A produção de um biocombustível à base da cana-de-açúcar promete uma redução de 80% na emissão de poluentes. A empresa norte-americana Amyris desenvolveu uma tecnologia para produzir biodiesel a partir da cana-de-açúcar. Os benefícios, além de ser uma fonte renovável, são a redução de 80% de poluição em comparação ao combustível convencional, a diminuição do preço final e as desnecessárias grandes mudanças nas usinas que produzem etanol. Para implantar a infra-estrutura e comercializar o combustível, a empresa criou uma parceria com duas produtoras de etanol no Brasil.

A previsão é que a venda seja iniciada em 2010 quando as usinas deverão estar adaptadas à tecnologia, assim como toda a cadeia produtiva. Segundo o diretor geral da Amyris, Roel Collier, os motores veiculares não precisam de nenhuma alteração para funcionar com o novo combustível. Além disso, as usinas que produzem etanol devem realizar alterações simples e de baixo custo para que possam produzir o biodiesel de cana.

Ainda segundo Collier, o novo biocombustível só sofreria concorrência com o diesel comum no caso do barril de petróleo ser vendido a U$$ 66,00. No dia 5 de maio o barril atingiu a marca dos U$$ 120,00 e não pára de crescer. Hoje, o diesel comum corresponde quase 50% do total de combustíveis consumidos no Brasil, com 40 bilhões de litros por ano (enquanto, em 2008, se produzirá 16,6 bilhões de litros de etanol). Caso as expectativas dos empresários se confirmem, o biodiesel de cana se tornaria um combustível muito requisitado o que demandaria maior plantação de cana. Além do diesel, a empresa também desenvolveu a gasolina e o combustível de aviação a partir da cana-de-açúcar. “Vamos trabalhar o diesel primeiro porque acreditamos que é o combustível que movimenta o mundo” afirmou Collier.

Crítica da ONU

O assessor especial do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Jeffrey Sanchs, criticou a agricultura destinada à produção de biocombustível e culpou esse tipo de cultivo pela alta mundial no preço dos alimentos. Já o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, criticou duramente a afirmação do representante das nações unidas. “O comissário da ONU disse que o biocombustível é um atentado. Atentado é o que ele disse”, retrucou Rodrigues.

Segundo o ex-ministro, a ONU não conhece o cultivo da cana-de-açúcar (para produção de etanol) e de oleogenosas (para produção de biodiesel). Para Rodrigues, quanto mais cana for plantada, mais alimento será cultivado já que a terra depende de outras culturas para recuperar o solo. Além disso, afirmou que o cultivo de oleogenosas destinadas a biodiesel pode favorecer a economia de países menos desenvolvidos, inclusive na África, o que distribuiria renda no planeta. Rodrigues também criticou o etanol norte-americano subsidiado pelo governo daquele país e disse que o Brasil reúne todas as condições para se tornar líder em agroenergia nos próximos anos. “O Brasil tem as condições básicas para ser um grande líder no processo e não só na exportação de etanol e biodiesel. O mais importante é exportar a tecnologia, a usina de álcool completa, o motor flex”, destacou Rodrigues.


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