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Com uma área de dois alqueires, localizada no Jardim Represa, em São 
Bernardo (SP), o empresário e contador Jaime Perez Dias mantém um 
capril com 420 animais. Neste momento contamos com isto, mas com perspectivas 
de aumentar a capacidade para 750 animais até o final do ano, conta 
modestamente o proprietário, que iniciou a criação há 
oito anos, com apenas oito animais da raça Toggenburg. 
   Hoje, a 
realidade da propriedade é totalmente diferente em comparação 
a três anos, quando existiam 150 animais em lactação de um 
plantel de 350. A produção era limitada, mas agora com nova 
estrutura a capacidade é para chegar a 750 litros/ dia de leite. Com isto, 
teremos maior eficiência para abastecer o mercado e qualidade cada vez melhor, 
aponta o empresário que resolveu investir alto na criação 
de cabras. 
   O grande desafio do criador foi a produção de 
queijo de leite de cabra, acrescentando receitas francesas e transformando em 
pratos saboreados pelos principais chefs de cozinha da capital paulista, como 
Olivier Anquier. Atualmente, na propriedade são produzidos 12 tipos de 
queijos: frescal, petit fromage, boursin, chevrotin, moleson, saint maure, crottin, 
selles surcher, pyramide, brick, charolais, camembert, que são destinados 
para as délicatesses, hotéis e restaurantes, empórios, sendo 
a maioria no Estado de São Paulo. Ao contrário do que se pensa, 
os queijos produzidos pela Pecuária Albatroz são 560 de fabricação 
caseira e com o leite dos animais criados na própria propriedade. Mesmo 
sendo um produto nacional, os queijos não perde em nada na sofisticação 
do sabor francês, conta satisfeito.  Os 
Primeiros Passos O 
leite vem de animais de pura raça, como Toggenburg, Saanem e Alpina e o 
que começou como hobby virou coisa séria. Comprei oito animais 
de elite e depois viajei para exposições e feiras. A partir daí, 
comecei a adquirir novos animais. O papel principal da propriedade era compra 
e venda de reprodutores. Mas, o resultado foi uma grande produção 
de leite, no qual não conseguiam aproveitar. Então, surgiu a idéia 
do novo negócio, a produção de queijos finos. Aprendemos 
sobre a fabricação de queijo na Queijaria Suíça de 
Nova Friburgo (Frialp), no Rio de Janeiro. Buscamos conhecer o mercado e descobrimos 
que o queijo tinha boa aceitação, desde que oferecesse padrão 
de qualidade, que veio de mão cheia de um mestre queijeiro, 
diz. Atualmente, a comercialização anda de vento e polpa 
e o segredo, segundo o empresário, é manter o padrão das 
raças e a boa qualidade do leite.
   Mas nem sempre foi assim. No 
início não havia consumidor nas redondezas para vender os produtos 
e a solução encontrada pelo produtor, para disponibilizar a mercadoria 
foi montar kits com tipos diferenciados de queijo e investir, sem esperar por 
lucro, pelo menos tão cedo. Com o tempo e com mais investimento pudemos 
ver os benefícios, o lucro. O segredo está realmente na genética 
e com alimentação adequada, elas produzem leite de alta qualidade, 
informa. Rumo 
para o Nordeste O 
empresário pretende ampliar ainda mais o negócio, com novas parcerias. 
Até o fim de 2008 pretende criar cabras em Pernambuco, onde acertou uma 
parceria com um criador no Recife. Tudo isto, inspirado na nova estrutura, que 
ganhou um novo capril, e nova sala de ordenha e queijaria e obteve, com isso, 
uma estrutura eficiente com um número reduzido de funcionários e 
certificação no Serviço de Inspeção Federal 
(SIF). 
   Na propriedade, a instalação do pequeno laticínio 
é muito simples. Tem a fabriqueta, com sala de ordenha, plataforma de recepção, 
sala de fabricação, câmaras frias (para salga e para a cura 
dos queijos) e a sala de embalagens. Todo o processo de ordenha das cabras é 
mecanizado. Depois que o leite é coado e filtrado no tanque de expansão, 
é levado para o tanque de pasteurização, por duas horas e 
meia. É nessa fase que o queijo recebe fermento, cloreto de cálcio, 
sabor e aroma. Após 24 horas de coagulação, a massa é 
distribuída em formas. A partir deste processo, cada tipo de queijo recebe 
um preparo diferenciado, diz o mestre queijeiro Luiz Cláudio Chaves, 
que trabalha há sete anos na Albatroz. 
   Atualmente, a produção 
é de 250 litros diários de leite. O quilo de queijo produzido por 
dia corresponde a 10% do total de leite. Dias explica que a propriedade não 
atinge a capacidade máxima de produção para não estressar 
os animais, que entram agora na época de cria. Os queijos levam de 15 a 
25 dias para ficarem prontos para a venda. 
   Considerados finos, os queijos 
de cabra possuem valor de mercado muito atraente. Devido ao seu alto preço, 
atende a um nicho específico de mercado. Apenas restaurantes, hotéis, 
empórios e pouquíssimos supermercados oferecem o produto, voltado 
para as classes média e alta, aptas a pagar R$ 13 por apenas 100 gramas 
de queijo. Como comparação, o produtor Jaime Perez Dias, diz que 
30 litros de queijo de cabra são vendidos, em média, por R$ 30, 
enquanto 1 quilo de queijo chega a valer R$ 120, para um custo médio de 
produção de R$ 60. O mercado é escasso, mas também 
lucrativo. E com este conceito, que pretendemos investir na região Nordeste 
e Norte do País, que tem tradição de se alimentar com o leite 
de cabra, mas não o costume de saborear queijo feitos a partir dele, 
conta o empreendedor.   |