|     Depois, 
em 1969 ele encomendou de um vizinho de porteira algumas mudas de 
caquizeiros pra experimentar. No segundo ano do cultivo, já 
era possível ver alguns caquis no pé. Mas, só depois de sete 
anos é que já se via os caquizeiros cheios, diz a produtora 
Rosângela Stocco. 
  O sítio, que possui uma área de 
30 hectares, é dividido entre os membros da família e cada um produz 
o que pode. Além do cultivo do caqui e das uvas, existe espaço também 
para milho doce, pêssego e brócolis. Nos quatro hectares de terras 
do irmão mais velho, Sr. José Stocco é possível encontrar 
dois mil pés de caquizeiros. A variedade escolhida é a Rama-Forte. 
Segundo o produtor, há algum tempo também se produziam a Taubaté. 
No entanto, pela delicadeza da variedade ao amadurar e pela pouca procura nesta 
época, a fruta acabou perdendo espaço. E a aposta por agora é 
permanecer somente com a Rama-Forte. 
  De acordo com o Sr. José, 
é possível dizer com todas as letras que plantar caqui 
é um bom negócio, principalmente, porque requer pouco investimento, 
mão-de-obra e menos uso de defensivos agrícolas, se comparado com 
os demais cultivos. Com isto, a renda se torna atrativa. Na década 
de 80, o caqui ganhou popularidade e fez com que muitos produtores apostassem 
no cultivo e na venda do fruto. De lá pra cá, o mercado cresceu 
a margem de uns 80%. Antes, as vendas eram na porta do sítio, depois levamos 
as caixas para o CEASA de Campinas. Hoje, saímos daqui para vender nas 
cidades de São José do Rio Preto, alguns mercados de São 
Paulo e Minas Gerais. Mesmo assim, tem um comprador que vem aqui no sítio 
buscar as frutas, desde quando começamos a vendê-las, diz. 
A família do Sr. Domingos Stocco dá prosseguimento à herança 
deixada de pai para filho. E já está na terceira geração, 
diz o neto e produtor Wagner Stocco. Só de caqui, esperamos colher 
uma produção de 120 toneladas, diz ele satisfeito. 
  Outro 
produtor que apostou no cultivo do caqui e que se destaca entre os pioneiros no 
cultivo da frutinha, conhecida pela alta concentração de cálcio, 
proteínas e vitaminas, é Valdir Montico. Com uma área de 
seis hectares, a família mantém quatro hectares somente com o caqui 
e aguarda encerrar a safra com 100 toneladas. A atividade faz parte da agricultura 
familiar da nossa região. A colheita é manual e exige pouca mão-de-obra, 
ainda assim, nesta época, é comum convidar grande parte 
da família para ajudar. Isto é um fator que menos pesa no custo 
produção, conta Valdir Montico, a segunda geração 
da família que traz como herança o cultivo da fruta, há mais 
de 30 anos. 
  Para Valdir Montico, mesmo com a estiagem que atrapalhou a 
safra e que provocou uma redução de 15%, o ano foi bom para o produtor. 
O preço oferecido no mercado relativamente esta no patamar desejado, apesar 
dos produtores questionarem que o caqui é uma das frutas mais baratas no 
mercado. Hoje, estamos vendendo de 80 centavos a 1 real o quilo, conta. 
A família Montico destina a produção também para o 
CEASA de Campinas e para os mercados locais. As frutas são embaladas, em 
unidades e existe também a comercialização a granel, como 
fazem a grande maioria dos produtores. 
  Outra família que compõem 
o fortalecimento do caqui na região de Itatiba e dão a cidade o 
status de promotora da Festa do Caqui&Cia, é a Ortiz, proprietária 
da Chácara São Sebastião. Há 22 anos, a família 
de imigrantes italianos se divide entre os pés de uvas e de caqui Rama-Forte. 
A gente lamenta somente a estiagem, após a colheita do ano passado. 
Em função da falta de chuvas e de outras mudanças climáticas, 
a florada aconteceu mais tarde, porém, a nossa expectativa de é 
manter a média. O pico da safra da variedade Rama-Forte é o mês 
de abril, mas é normal colhermos caquis bonitos somente mesmo após 
a Semana Santa. A fruta fica até mais doce e bem mais formada, 
comenta Diogo Ortiz. 
  O sabor do caqui é inigualável e a 
coloração, fantástica. A variedade muito explorada pelos 
produtores tem a polpa amarela, com sabor adstringente e não possui sementes. 
A variedade vem se expandido muito na região do Sudeste, principalmente 
com a planta vigorosa e bastante produtiva. Apesar disso, atende às exigências 
dos principais mercados e gera lucro para as famílias como a dos Ortiz. A 
Safra Boa De 
acordo com o técnico agrícola da Casa da Agricultura, da Prefeitura 
de Itatiba (SP), Sérgio Toledo, hoje a cadeia de produção 
está bem estruturada e há suporte técnico para os pequenos 
agricultores, ajudando com informações e promovendo ações 
conjuntas, como palestras e incentivos para deslanchar o consumo do caqui. Este 
ano a expectativa é que a colheita alcance cinco mil toneladas, obtidas 
das pequenas propriedades. Foram períodos de altos e baixos, mas 
com crescimento moderado nos últimos anos o caqui acelerou de verdade, 
aqui. Hoje, o município integra, por causa do caqui, o circuito das frutas. 
E a intenção é de mais desenvolvimento. Nossa intenção 
é divulgar as vantagens e os benefícios do caqui. Infelizmente, 
os brasileiros não têm costume de comer fruta in natura e, principalmente, 
comer caqui, avalia José Toledo. 
  Mesmo com a agricultura 
familiar, cidades pequenas e pequenos produtores estão contribuindo, e 
muito, para o crescimento da fruticultura brasileira. Itatiba, hoje faz parte 
do pólo turístico do circuito das frutas, que também integra 
cidades como Vinhedo, Valinhos, Jundiaí e Jarinu.  O 
Caqui faz a festa Das 
65 propriedades rurais itatibenses que cultivam as variedades de caqui Rama-Forte 
e Taubaté, a maior parte expõem os melhores exemplares da produção 
na Festa do Caqui&Cia. O evento acontece há seis anos no 
centro da cidade, e traz além do caqui, o rei da ocasião, 
outras variedades de frutas produzidas, como: carambola, maracujá e goiaba. 
Na festa, também são expostos e comercializados vinhos, cachaças 
e doces em compota. 
  Para Carlos Alberto Amaral, Secretário 
de Cultura, Esportes e Turismo e coordenador da organização do evento, 
a realização da Festa atrai um público maior da região, 
favorecendo a venda do produto. É importante ressaltar, que o conceito 
do evento, é a valorização do agricultor local, ressalta. 
Os produtores participam da exposição, mas não são 
todos eles que comercializam diretamente no evento, explica. Segundo informações 
da Casa de Agricultura, o evento este ano atingiu a expectativa e vendeu mais 
de 10 toneladas da fruta. 
  A família Ortiz é um dos produtores 
que expõem durante a festa, mas mantém a comercialização 
na sua propriedade. Mesmo participando apenas da exposição, 
a Festa aumenta consideravelmente as nossas vendas, diz Diogo Ortiz.
  José 
Stocco, que também expõem seus produtos, lembra que nos últimos 
cinco anos, desde a primeira edição da Festa, as vendas não 
param de aumentar. Cultivo caqui, junto de diversas outras frutas, mas nos 
últimos anos, aumentamos nossa área destinada ao plantio de caqui. 
Muita gente não conhecia o caqui. Hoje, principalmente por causa da festa, 
muitos produtores, como eu, ganharam clientes fiéis, comemora. Consumo 
do Caqui No 
mercado interno, o consumo de caqui está aumentando progressivamente devido 
às suas qualidades e preços relativamente acessíveis. Nos 
últimos anos, houve uma maior procura por frutos de caqui não-taninosos, 
cujos frutos são de boa consistência, podendo atingir mercados mais 
distantes e serem cotados com melhores preços. Já no mercado externo, 
o caqui possui grande aceitação, especialmente no Japão, 
alcançando preços relativamente compensadores. A colheita do caquizeiro 
ocorre de fevereiro a junho, com picos de produção nos meses de 
março e abril. 
  De acordo com o Food Agricultural Organization (FAO), 
o Brasil é quarto maior produtor mundial da fruta. A China é o primeiro, 
seguido do Japão e da Coréia do Sul. Presentes em oito estados brasileiro, 
a cultura do caqui vem ganhando importância no Brasil, tanto pela área 
plantada quanto pela diversificação de regiões de plantio, 
o que tem aumentado as quantidades ofertadas do produto no mercado interno e, 
graças à organização de produtores, para a exportação. 
Em algumas regiões produtoras do País onde a colonização 
japonesa está presente, o caqui é industrializado, sendo usado para 
preparo de passa e para elaboração de vinagre. A produção 
de vinagre de caqui apresenta alto rendimento em mosto (sumo) para fermentação, 
resultando em produto de qualidade muito boa, com aproveitamento dos frutos que 
normalmente seriam descartados. 
  Para o consumo in natura, os frutos colhidos 
da variedade Rama-Forte são levados para as estufas com carbureto, (gás 
de fruta) e depois para a secagem. Em geral, os caquis são retirados de 
vez (nem muito verdes nem muito maduros) e precisam ser destanizados, ou 
seja, processo no qual elimina a adstringência, bastante desagradável 
ao paladar. 
  Hoje, nas propriedades há pomares onde existem pés 
entre 25 e 40 anos, mas o trabalho de colheita é mais complicado devido 
à altura dos galhos produtivos. Em alguns anos, os pés de caqui 
produzem menos, mas os frutos são maiores e melhores, o que é valorizado 
no mercado. O caqui é uma planta de clima subtropical ou tempero, mas se 
adaptou muito bem ao clima brasileiro. É que o diz, os produtores de caqui 
da cidade de Itatiba.   |