O
risco existe, porém, é pequeno e improvável. Essa é
a afirmação da médica veterinária e pesquisadora da
APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), Ana Lúcia
Alberti. A probabilidade seria a transmissão da doença por matrizes
que foram importadas do Canadá, onde já houve caso confirmado da
doença. Se alguns desses animais estivessem infectados, eles poderiam transmitir
aos bezerros.Não se tem certeza, mas suspeita-se de transmissão
vertical, ou seja, da matriz ao filhote, afirma a veterinária. Já
o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento confirma a
existência da transmissão. Trabalhos demonstram que esse tipo
de transmissão é responsável por menos de 0,5% dos casos
da doença, diz Guilherme Marques, Coordenador Geral de Combate a
Doenças do Ministério. |
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Houve
um caso no Japão em que o bezerro apresentou sintomas da doença
com 19 meses de vida. Se o tempo de incubação é de um a cinco
anos, provavelmente o animal foi infectado pela matriz.
O Brasil importou
474 animais canadenses de 2000 até maio de 2003, quando foi proibida a
comercialização devido o aparecimento de um caso da vaca louca no
Canadá. Todos os bovinos importados daquele país devem ser rastreados.
O responsável é o Ministério da Agricultura Pecuária
e Abastecimento. Caso algum desses animais apresente sintomas da vaca louca, ele
deve ser abatido e enterrado em um local que não possa transmitir doenças.
Se alguma dessas matrizes importadas estivesse infectada, há chance,
apesar de pequena, de algum bezerro ter nascido contaminado no Brasil. Os bovinos
são abatidos com cerca de 24 meses. E a incubação dura entre
doze e sessenta meses. Ou seja, há mais possibilidade do boi ser abatido
antes de aparecer qualquer sintoma. Com isso, a carne do gado abatido chegaria
aos mercados normalmente.
Com a transmissão pela matriz, a doença
poderia se espalhar rapidamente, já que pecuaristas brasileiros estão
usando técnicas de adubo e de alimentação perigosas.
Sangue do boi está virando fertilizante em muitas fazendas brasileiras.
Frigoríficos estão vendendo o líquido para criadores alimentarem
o capim. Segundo a pesquisadora, adubar a pastagem com o sangue do boi é
uma atividade de risco e pode transmitir doenças, alerta Alberti.
Uma delas poderia ser a Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome científico
da vaca louca.
A alimentação pode contaminar o gado e também
o frango. O problema começa na farinha de osso do boi. Comercializada,
principalmente, para alimentação do frango a farinha pode carregar
a doença e transmitir para a ave que ingeri-la. Assim, o frango se infectaria
e seria comercializado normalmente, já que os sintomas demoram, no mínimo,
um ano para aparecer.
Além disso, muitos criadores bovinos usam
a cama de frango como alimentação do gado (o que é proibido).
Ela é composta por: restos de comida que as aves deixam cair, penas e fezes.
Como a alimentação do frango continha farinha de osso, a cama de
frango também passaria a ter. Esse produto é cheio de nutrientes,
mas, na verdade, é um subproduto, afirma Alberti.
Se a farinha
de osso possuía a proteína causadora da vaca louca. O frango se
infectaria por ter ingerido. Ao deixar cair restos do alimento na cama de frango,
esse subproduto também se contaminaria. Quando o pecuarista
alimentasse o gado com a cama de frango, os bois contrairiam a doença.
Nesse caso, ambos animais seriam infectados e as carnes seriam comercializadas
normalmente, já que demora a aparecer os sintomas. A ingestão de
menos de um grama da carne é suficiente para o ser humano se contaminar.
A doença afeta o sistema nervoso da pessoa. Ela chega a ter paralisia
e ao óbito, alerta. Apesar de pequena, as chances reais da doença
aparecer no Brasil existem. O alerta deve ser constante. |