de abate, e aumentar mais ainda a produção leiteira
no País.
Uma das maiores preocupações de Issao, na produção
de cria, recria e engorda do nelore, é o controle de
endoparasitos (verminoses), além de vacinações
contra a febre aftosa e doenças reprodutivas. Na
realidade é todo um conjunto de ações
que estabelecemos, através de um calendário
anual, no qual, todo mês se faz algum tipo de vacinação
ou vermifugação com o gado, explica Issao.
Há 15 doenças específicas na criação
de bovinos, segundo a Organização Mundial de
Sanidade Animal (OIE). Entre elas, a tricomonose, a campilobacteriose
e a tuberculose bovina. Outras 22 doenças são
relacionadas a múltiplas espécies de animais,
algumas delas, suscetíveis ao gado, como é o
caso da febre aftosa e da brucelose.
Na criação de gado de leite, como existe
um contato mais próximo entre os animais, diferente
da produção de corte, que geralmente é
extensiva, há um risco maior para a tuberculose bovina,
explica Luiz Francisco Zafalon, pesquisador da Embrapa Pecuária
Sudeste, especialista em sanidade animal.
Planejamento
sanitário Dentro
desse aspecto, o tipo de produção, seja para o corte, como para
o leite, o produtor deverá seguir um planejamento sanitário adequado
à atividade. Os cuidados com o rebanho também devem contemplar o
tratamento e controle de endo e ectoparasitos, e a raiva, transmitida principalmente
por morcegos hematófagos o controle da raiva deve ser rigoroso,
pois é fatal ao gado e ao homem.
Esse programa de sanidade animal
estabelece uma estratégia de manejo dentro da propriedade. Nele, a fazenda
trabalhará em função de um controle preventivo das doenças,
e com o auxílio técnico especializado, o produtor estará
atento às enfermidades que ocorrer com o rebanho, e saberão como
proceder com o tratamento o uso e às dosagens corretas de cada medicamento
(vacinas ou vermífugos). O produtor também aproveitará melhor
as condições de clima e pastagem que contribuem para o desenvolvimento
do animal.
Entre as características do programa, no caso do gado
de corte, pode-se destacar a concentração da natalidade do rebanho
numa mesma época, em geral, entre os meses de agosto a outubro para
isso, a estação de monta também deverá seguir uma
época específica (de novembro a janeiro); as vacinas e a vermifugação
têm um período determinado de aplicação são
voltadas à categoria de animais específicas, em termos de idade
e sexo.
Já para a criação leiteira, o plano básico
para garantir a sanidade dos animais, em termos de vacinação, é
contra a febre aftosa e brucelose (obrigatórias por Lei), e contra a raiva
e o carbúnculo. No caso das vacinas contra raiva e carbúnculo,
elas não possuem um caráter de obrigatoriedade, mas, de certa forma
são impostas para que se garanta a produtividade e qualidade no rebanho,
explica o médico veterinário da Embrapa Gado de Leite, Antônio
Cândido Ribeiro. Se houver a necessidade de aplicação
de demais vacinas, com o aval de um técnico especializado, a aplicação
será bem-vinda, conclui. Auxílio
técnico é a saída A
real preocupação, como destacam Ribeiro e Luiz Francisco Zafalon,
é a necessidade de um acompanhamento técnico especializado no controle
sanitário da fazenda na identificação das doenças,
na prescrição de medicamentos eficazes, para o melhor desempenho
da atividade, sem perda de gado e de dinheiro. É comum o produtor
enxergar a assistência técnica com uma despesa, pela falta de visão
e de informação, diz Ribeiro. Muitas vezes, ele compra
um medicamento, e não sabe muito bem para que serve ou se é eficaz
no tratamento do rebanho dele. O balconista que o atende também não
conhece o produto. O produtor aplica o produto, não dá certo, e
aí o controle da doença torna-se mais caro, e diz que não
consegue obter rendimento na produção.
O importante
é que o produtor, principalmente o pequeno, se conscientize sobre a questão
sanitária e noções de higienização, adverte
Zafalon. Pois, se não existe uma preocupação em lavar
as mãos antes de se ordenhar uma vaca, por exemplo, como ele vai ter a
preocupação em lavar as tetas das vacas antes da ordenha.
Com a adoção do planejamento sanitário, o produtor terá
maior controle e poderá acompanhar desenvolvimento do rebanho, do nascimento
à fase adulta, reprodutiva. Segundo Zafalon, o produtor deve começar
esse trabalho de sanidade animal com o corte e a cura do umbigo. Esse procedimento
evita contaminações por agentes infecciosos do meio externo, e se
não tratado pode causar infecções generalizadas no bezerro.
E com todos os exames do gado em mãos, é possível trabalhar
de forma com que o aparecimento de doenças seja controlo. Febre
Aftosa Se
há um mal que mais pode abalar a economia da pecuária no País,
na certa é a Febre Aftosa. A doença acomete em animais fissípedes
(que têm os cascos partidos), é extremamente contagiosa e é
causada por um vírus. No animal apresenta-se como uma febre alta e feridas
na boca e nos cascos.
Devido ao alto poder de contágio entre os
animais e a importância econômica para muitos países, a Febre
Aftosa é a primeira doença na lista de endemias da Organização
Mundial de Saúde Animal (OIE), a qual estabelece oficialmente os países
ou zonas livres da doença.
Em 30 de setembro de 2005, Mato Grosso
do Sul, Tocantins, Mina Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e
Sergipe tiveram a suspensão do status de zona livre de Febre Aftosa com
vacinação. Isso ocorreu devido à notícia de um foco
da doença em Mato Grosso do Sul. De acordo com o IBGE, logo após
a constatação, o governo daquele estado liberou portaria considerando
os municípios de Eldorado, Itaquirami, Iguatemi, Mundo Novo e Japorã,
como áreas de risco sanitário. A descoberta do foco provocou o isolamento
sanitário destes cinco municípios, sendo proibido o trânsito
de animais de qualquer natureza dentro deles e também entre eles, assim
como de sub-produtos de origem animal.
Já em 21 de outubro do mesmo
ano, sob suspeitas de foco no Paraná, foram suspensos como zona livre de
Febre Aftosa os estados do Paraná, São Paulo, Goiás, Mato
Grosso, e o Distrito Federal. [confira no mapa, como está a situação
da doença na América do Sul, segundo dados da OIE.
O controle
da doença é feito através de vacinação obrigatória
em todo rebanho, independente de idade o calendário de vacinação
é determinado pela secretaria de agricultura e pecuária de cada
estado.
Santa Catarina é o único estado do País que
possui a certificação de zona livre de Aftosa sem vacinação.
Já, com vacinação, estão certificados os estados do
Acre (incluindo dois municípios do Amazonas), Rondônia, Rio Grande
do Sul e a porção centro-sul do Pará. Velhas,
e indesejáveis, conhecidas do produtor... Botulismo É
causada por uma toxina de uma espécie de Clostridium e que ataca o sistema
nervoso dos animais. Essa toxina pode estar presente na medula de ossos de carcaças
nas pastagens, em águas estagnadas e em cama de aves. A vacinação
contra essa doença é feita quando ocorrem surtos na região.
É uma vacina aplicada somente em animais acima de um ano de idade. De uma
forma geral, recomenda-se o uso de duas doses iniciais com 4 a 6 semanas de intervalo
e a seguir uma dose anual em todo o rebanho. Brucelose Doença
bacteriana que interfere na reprodução, provocando aborto. Essa
doença, além do prejuízo econômico, pode ser transmitida
ao homem. A vacinação contra ela está se tornando obrigatória
em vários Estados brasileiros. Ela é feita em dose única
e somente em fêmeas de 3 a 8 meses de idade. É recomendável
que se faça um teste de soro a partir de 24 meses. A brucelose é
uma zoonose muito importante, por afetar o homem. É de caráter crônico,
e pode causar artrite e inflamação dos testículos, por exemplo. Campilobacteriose É
uma doença causada pelo agente Campylobacter fetus venerealis, normalmente
transmitido pelo touro contaminado, no momento da monta. Essa bactéria
pode causar infertilidade temporária e morte embrionária precoce.
Os touros positivos, identificados pelo exame laboratorial, podem ser eliminados
do rebanho em função do diagnóstico da situação. Clostridiose Das
clostridioses que acometem os bovinos, a mais importante no Brasil é o
carbúnculo sintomático. É uma doença típica
de animais jovens (até 2 anos). Para sua prevenção, utilizam-se
as vacinas polivalentes, isto é, que dão imunidade também
contra outros tipos de clostrídios. Quando se utiliza a vacina polivalente,
a aplicação é feita no pré-parto, ao nascimento, à
desmama e aos 12 meses de idade. Nos animais adultos ela é aplicada uma
vez ao ano. IBR,
BVD, PI3 e BRSV São
viroses comumente associadas com doenças respiratórias e perdas
reprodutivas em bovinos. A prevenção contra essas doenças
é feita com vacinas polivalentes, ou seja, existem vacinas para todas elas
em conjunto. A vacinação é feita aos três meses de
idade, com reforço 30 dias após, com revacinação anual
em dose única. Leptospirose É
uma doença de distribuição mundial, sendo mais freqüente
em áreas de clima quente e úmido. Essa doença é uma
zoonose, isto é, pode ser transmitida ao homem. No bovino, a importância
da doença é mais de ordem econômica, por influenciar o potencial
reprodutivo do rebanho. No homem, porém, ela pode ser fatal. O tratamento
no gado é feito por vacinação, sendo a primeira dose aplicada
entre 4 a 6 meses de idade, com reforço quatro semanas após. Todo
o rebanho deve ser vacinado semestralmente. Pasteurelose É
uma doença infecciosa aguda, que causa febre, perda do apetite, diarréia
sanguinolenta e prostração. Essa doença pode ser evitada
por vacinação, que é feita juntamente com a do paratifo (vacina
polivalente). Sua aplicação se faz também no pré-parto
e no bezerro entre 15 e 30 dias de vida. Raiva
bovina É
uma doença causada por um vírus e transmitida por morcegos hematófagos.
É de extrema importância o controle, pois é fatal tanto para
o homem e o gado. A vacinação contra essa doença só
é feita em regiões onde existem colônias permanentes de morcegos
sugadores de sangue. A vacinação se torna obrigatória quando
aparecem focos esporádicos da doença em certas regiões. A
aplicação da vacina é anual e feita em todo o rebanho, independentemente
de idade. Salmonelose Essa
doença, também chamada de paratifo, é mais comum em animais
jovens. Ela provoca enterite (inflamação intestinal), acompanhada
de diarréia, febre alta, descoordenação nervosa e morte em
24 a 48 horas. Embora os animais doentes respondam bem ao tratamento com antibióticos,
a doença pode ser evitada com vacinação. A vacina é
aplicada na vaca no pré-parto (8o mês de gestação)
e no bezerro entre 15 e 30 dias após o nascimento. Tricomonose É
contagiosa e sexualmente transmissível, causada pelo Trichomonas foetus,
que pode ocasionar a morte embrionária precoce, com repetição
de cio a intervalos irregulares, abortos, além de infecções
após a cobrição. O touro é um foco de infecção
importante, principalmente os mais velhos, por alojarem o parasito nas lâminas
prepuciais e, de forma geral, sem apresentar sintomas clínicos evidentes.
O controle pode ser feito por tratamento individual dos touros positivos, porém
o custo é elevado. O descarte dos touros infectados, reconhecidos por exame
laboratorial, como também dos touros mais antigos é uma alternativa
de controle. Tuberculose O
diagnóstico é feito por meio do teste de tuberculinização
uma vez contaminada, a rês tem de ser abatida. Em bovinos de corte
e de leite, o teste é feito com a aplicação de tuberculina
PPD bovina em animais de idade igual ou superior a seis semanas de vida. Os animais
positivos são eliminados do rebanho. Animais reagentes positivos deverão
ser isolados de todo o rebanho e sacrificados no prazo máximo de 30 dias
após o diagnóstico, em estabelecimento sob serviço de inspeção
oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial federal e estadual. Na
impossibilidade de sacrifício em estabelecimento sob serviço de
inspeção oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial
federal e estadual, os animais serão destruídos no estabelecimento
de criação, sob fiscalização direta da unidade local
do serviço de defesa oficial, respeitando procedimentos estabelecidos pelo
Departamento de Defesa Animal. Ecto
e endoparasitos Os
principais ectoparasitos de bovinos no Brasil são os carrapatos, os bernes
e a mosca-dos-chifres. Só é recomendável combater esses parasitos
quando as infestações forem altas. Isso ocorre mais nos meses de
verão. O tratamento aos endoparasitos são durante os meses de seca
(maio, julho, setembro). Mosca-dos-chifres - (Haematobia irritans). O
controle químico tende a perder eficiência com o tempo, por causa
do estabelecimento de resistência das moscas aos inseticidas e, como resultado,
esse número tenderá a aumentar. Como medida de controle biológico
auxiliar, a introdução do besouro africano (Onthophagus gazella),
o rola-bosta, tem se mostrado eficiente na contenção da propagação
da praga, pela destruição dos bolos fecais onde se alojam as larvas
da mosca. Tratamentos eventuais, com inseticidas, podem ser efetuados sempre que
a infestação (mais de 200 moscas) incomodar os animais. Carrapato
- (Boophilus microplus). Além das ações irritante, hematófaga
(alimenta-se do sangue) e tóxica (inoculação de toxinas),
o carrapato pode transmitir dois gêneros de agentes infecciosos: a rickettsia
Anaplasma sp. e o protozoário Babesia sp., responsáveis pela doença
denominada de tristeza parasitária bovina (TPB). A TPB se manifesta,
clinicamente, por febre, anemia, hemoglobinúria, icterícia, anorexia,
emaciação e alta mortalidade entre bovinos sensíveis. Outro
dano direto produzido pelo carrapato são as lesões que provocam
no couro, que acarretam na depreciação da qualidade do couro e representam
um sério entrave à comercialização desses produtos.
O controle do carrapato nos bovinos, com produtos químicos, deve ser realizado
estrategicamente a partir de setembro (início das chuvas). Repetir o tratamento
de 5 a 6 meses, com intervalos de 21 dias. Tratamentos eventuais devem ser feitos
quando o número de carrapatos, por animal, for maior que 25, em cada lado. Programa
ajuda produtor a identificar doenças E
se houvesse uma forma na qual o produtor pudesse tomar conhecimento técnico
sobre as doenças e as formas de tratamento tanto na agricultura como na
pecuária? Foi justamente a partir dessa indagação que Embrapa
Informática Agropecuária desenvolveu o programa Diagnose Virtual,
que servirá com uma espécie de ponte entre o pesquisador e o produtor.
A idéia é poder disponibilizar o conteúdo de publicações,
desenvolvidas pela equipe da Embrapa, aos produtores, com o objetivo de informar
as possíveis soluções de controle de doenças na fazenda,
explica da pesquisadora da unidade Silvia Maria Fonseca Masshurá.
O programa, que será acessível pela Internet, possui duas interfaces,
segundo Masshurá. A primeira é destinada aos pesquisadores da Embrapa,
para inserirem todo o conteúdo o material que servirá para
o diagnóstico do problema. A segunda é voltada aos próprios
produtores através de um método de perguntas e repostas,
que ao final, dará às possibilidades do que ocorre na produção
específica, além do tratamento recomendado.
Iniciamos
o projeto apenas com informações sobre a cultura do milho, e o próprio
fitopatologista ficou incerto se realmente funcionaria o sistema, se haveria retorno,
conta a pesquisadora, que encabeçou o desenvolvimento do projeto. Depois
de publicado o conteúdo, muitos começaram a ligar e entrar em contato
com o próprio pesquisador. O programa serviu como ponte para as pessoas
procurar mais informações, e ajudou o pesquisador, no sentido de
promover treinamentos, bem como na investigação de mais dados sobre
a doença.
Por enquanto, a ferramenta está voltada
à agricultura, especificamente, para as culturas de milho, feijão,
tomate, trigo e soja. O programa, oficialmente reestruturado, estará brevemente
está on-line, o poderá ser acessado a partir do site da Embrapa
Informática Agropecuária [www.cnptia.embrapa.br].
Para o
segundo semestre deste ano, começarão a ser incluídas as
referências de doenças voltadas à pecuária. Uma ferramenta
útil, que os produtores poderão ter acesso na própria fazenda,
ou em cooperativas onde houver o acesso à Internet. |