Os
nematóides, vulgarmente conhecidos como vermes cilíndricos, são
extremamente abundantes, com estimativas de constituírem até 80%
de todos os animais multicelulares. Apesar da maioria das 20 mil espécies
descritas ser de vida livre, são os parasitas de plantas e animais que
demandam maiores preocupações. Os nematóides parasitas de
plantas são distribuídos mundialmente e ocasionam prejuízos
de 125 bilhões de dólares anualmente. Dentre esses, as principais
espécies pertencem aos gêneros Heterodera, Globodera (nematóide
do cisto) e Meloidogyne (nematóide de galha). |
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Esse último gênero foi criado em 1887, no Brasil, por Emílio
Augusto Goeldi, um naturalista suíço convidado para investigar a
Moléstia do Cafeeiro, na então província do Rio de Janeiro,
e agrupa todas as espécies de nematóides formadores de galha. Nesse
projeto de pesquisa da Embrapa, atenção especial tem sido dada ao
Meloidogyne incognita, que apresenta ampla distribuição, vasta gama
de plantas hospedeiras e é provavelmente o patógeno de plantas cultivadas
que mais causa danos no mundo.
O silenciamento gênico, também
conhecido como interferência mediada por RNA (RNAi), é o desligamento
de genes específicos, alvo da inibição. Considerando a definição
clássica de gene, para que um determinado gene funcione esse deve ser expresso,
ou seja, sua informação biológica escrita em desoxinucleotídeos
(DNA) deve ser transcrita em nucleotídeos (RNA) para ser posteriormente
traduzida em aminoácidos (Proteína). Nesses casos, a proteína
é o produto final da expressão gênica podendo ser uma enzima,
transportador, sinalizador, motor, canal, estrutura, entre outros. Gene ligado
ou desligado significa expressão gênica (transcrição
e tradução) ativa ou inativa, sendo que o controle da expressão
gênica é primordial para todos os seres vivos. Nesse contexto, o
silenciamento gênico pode ser visto como uma perturbação do
controle da expressão gênica, devido à destruição
altamente eficiente e específica do RNA alvo, que não chega a codificar
a sua proteína correspondente, como se não houvesse o gene. Em suma,
o tratamento com RNAi impede que o gene se expresse, então ele se silencia.
Com o projeto já iniciado, vários genes alvo do nematóide
já foram isolados e estão sendo subclonados para posterior transformação
de plantas modelo. As plantas GM terão em seu genoma fragmentos gênicos
de fitonematóide e deverão produzir em suas raízes moléculas
de RNA fita dupla com seqüência idêntica aos genes alvo de nematóide.
Essas moléculas, quando ingeridas pelos parasitas, devem ser processadas
para desencadear o processo de RNAi, objetivando que os nematóides percam
algumas funções vitais como eclosão, ecdise, mobilidade,
digestão, reprodução, entre outros, funções
devidamente relacionadas como os genes alvo escolhidos. Muitas iniciativas
que utilizam essa técnica estão em fase experimental nos laboratórios
e casas de vegetação de vários países. Provavelmente
muito em breve existirão vários plantios comerciais com diferentes
características vantajosas. Assim, espera-se que futuramente plantas GM
de interesse agrícola sejam resistentes a nematóides fitoparasitas,
minimizando as perdas de produção e o uso de agrotóxicos
caros para o produtor e perigosos para o consumidor e o meio ambiente. |