Compreensão
do ambiente e ações práticas são grandes desafios.
O
Pantanal é considerado a maior área alagável do planeta,
com 138 mil km², espalhados pelos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso
e ocupando ainda parte dos territórios da Bolívia e do Paraguai.
A pesquisadora Emiko Resende, da área de recursos pesqueiros, diz que o
grande desafio é a compreensão da área úmida. As
pessoas acham que brejos, alagados, mangues e pântanos são áreas
insalubres que devem ser drenadas e destruídas. Acham que não tem
função nenhuma, afirmou.
Mas ela explica que essas
áreas são reservatórios de água para a época
de seca, além de contarem com grande riqueza e diversidade biológica. |
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A
Embrapa Pantanal é uma das empresas líderes na compreensão
desses ambientes e de sua importância econômica e ambiental. As áreas
úmidas têm um modo muito particular de funcionamento, que, à
primeira vista, não é fácil de entender, disse a pesquisadora.
Segundo ela, a Embrapa Pantanal vem contribuindo para o amplo entendimento dos
mecanismos de funcionamento desses ambientes para promover seu uso sustentável.
Por exemplo, a riqueza e abundância de peixes são reguladas
pelo pulso de inundação, que é o encher e o secar do Pantanal
a cada ano. Cheias grandes proporcionam altas produções de peixes
e cheias pequenas, baixas. E a riqueza e abundância de uma infinidade de
animais dependem desses peixes, como as aves aquáticas (tuiuiús,
cabeças secas, garças, biguás, colhereiros...), as lontrinhas
e as ariranhas, que os usam como alimento, e até a onça pintada,
que come jacarés, que comem peixes.
A pesquisadora Márcia
Divina de Oliveira, da área de limnologia da Embrapa Pantanal, lamenta
a pressão sofrida pelas áreas úmidas. O Pantanal é
uma das maiores áreas úmidas, tem muitos títulos [Reserva
da Biosfera, Patrimônio da Humanidade], mas em termos de conservação
está muito ruim. Sofre pressão e impactos principalmente de áreas
que circundam a planície, embora dentro da planície o desmatamento
também tenha aumentado, diz Márcia.
Para ela, o Pantanal
precisa de medidas mais efetivas para sua conservação. O desmatamento
provoca assoreamento dos rios. Basta ver o exemplo do rio Taquari. Não
se deve eliminar as matas ciliares. O uso de fertilizantes e agrotóxicos
só tem aumentado. É preciso ter ações mais práticas,
que dependem de políticas públicas e também de fiscalização,
afirmou a pesquisadora.
Segundo Márcia, apesar de todos os efeitos
da falta de conservação, o Pantanal ainda tem áreas naturais
dentro das planícies muito importantes para a limnologia [ciência
que estuda as águas interiores]. É uma das poucas áreas
do mundo que oferece ambientes naturais para a pesquisa. É como se fosse
um laboratório para estudos.
Apesar dos 23 anos de pesquisas
em limnologia, o entendimento do sistema ainda está no início. Ainda
há lacunas, o ambiente úmido foi pouco estudado. Não tem
muita gente estudando, não há os recursos necessários e a
escala espacial é grande. Escalas muito pequenas não dão
os resultados que precisamos. O acesso é difícil e caro, afirma
Márcia.
Ela diz ainda que a infra-estrutura - estações
climatológicas e fluviométricas - oferece poucos dados e informações,
o que dificulta o trabalho dos cientistas. |