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PANTANAL - PRESERVAÇÃO DA ÁREA ÚMIDA
rev 120 - fevereiro 2008

Compreensão do ambiente e ações práticas são grandes desafios.

O Pantanal é considerado a maior área alagável do planeta, com 138 mil km², espalhados pelos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e ocupando ainda parte dos territórios da Bolívia e do Paraguai. A pesquisadora Emiko Resende, da área de recursos pesqueiros, diz que o grande desafio é a compreensão da área úmida. “As pessoas acham que brejos, alagados, mangues e pântanos são áreas insalubres que devem ser drenadas e destruídas. Acham que não tem função nenhuma”, afirmou.

Mas ela explica que essas áreas são reservatórios de água para a época de seca, além de contarem com grande riqueza e diversidade biológica.

“A Embrapa Pantanal é uma das empresas líderes na compreensão desses ambientes e de sua importância econômica e ambiental. As áreas úmidas têm um modo muito particular de funcionamento, que, à primeira vista, não é fácil de entender”, disse a pesquisadora.

Segundo ela, a Embrapa Pantanal vem contribuindo para o amplo entendimento dos mecanismos de funcionamento desses ambientes para promover seu uso sustentável. “Por exemplo, a riqueza e abundância de peixes são reguladas pelo pulso de inundação, que é o encher e o secar do Pantanal a cada ano. Cheias grandes proporcionam altas produções de peixes e cheias pequenas, baixas. E a riqueza e abundância de uma infinidade de animais dependem desses peixes, como as aves aquáticas (tuiuiús, cabeças secas, garças, biguás, colhereiros...), as lontrinhas e as ariranhas, que os usam como alimento, e até a onça pintada, que come jacarés, que comem peixes”.

A pesquisadora Márcia Divina de Oliveira, da área de limnologia da Embrapa Pantanal, lamenta a pressão sofrida pelas áreas úmidas. “O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas, tem muitos títulos [Reserva da Biosfera, Patrimônio da Humanidade], mas em termos de conservação está muito ruim. Sofre pressão e impactos principalmente de áreas que circundam a planície, embora dentro da planície o desmatamento também tenha aumentado”, diz Márcia.

Para ela, o Pantanal precisa de medidas mais efetivas para sua conservação. “O desmatamento provoca assoreamento dos rios. Basta ver o exemplo do rio Taquari. Não se deve eliminar as matas ciliares. O uso de fertilizantes e agrotóxicos só tem aumentado. É preciso ter ações mais práticas, que dependem de políticas públicas e também de fiscalização”, afirmou a pesquisadora.

Segundo Márcia, apesar de todos os efeitos da falta de conservação, o Pantanal ainda tem áreas naturais dentro das planícies muito importantes para a limnologia [ciência que estuda as águas interiores]. “É uma das poucas áreas do mundo que oferece ambientes naturais para a pesquisa. É como se fosse um laboratório para estudos”.

Apesar dos 23 anos de pesquisas em limnologia, o entendimento do sistema ainda está no início. “Ainda há lacunas, o ambiente úmido foi pouco estudado. Não tem muita gente estudando, não há os recursos necessários e a escala espacial é grande. Escalas muito pequenas não dão os resultados que precisamos. O acesso é difícil e caro”, afirma Márcia.

Ela diz ainda que a infra-estrutura - estações climatológicas e fluviométricas - oferece poucos dados e informações, o que dificulta o trabalho dos cientistas.


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