Com
essa dotação, a Embrapa consolidou a tendência de aumento
da carteira de projetos de pesquisa. Com um investimento direto de R$ 45,5 milhões
em experimentos, a empresa alcançou o número de 696 projetos de
pesquisa. Em 2006, eram 482 projetos e R$ 40,2 milhões investidos; no ano
anterior, 463 projetos de pesquisa, com investimento de R$ 31,4 milhões.
A ampliação de projetos e recursos em P&D é uma
marca que podemos comemorar e que fortalece a pesquisa, que é o objetivo-fim
da nossa empresa, diz Crestana.
Para o diretor-presidente, a
revitalização da Embrapa foi a grande temática de 2007.
Desde que assumiu o comando da empresa, em 2005, Crestana procurou flexibilizar
o modo de arrecadação de recursos para que a empresa pudesse continuar
crescendo. Segundo ele, uma das soluções encontradas foi manter
os recursos do Estado no nível de 1996 e buscar mais recursos via parcerias
público-privadas. Apostamos nisso e colhemos bons resultados,
comentou.
Hoje somos referência de modelo institucional, mas
ainda temos um longo caminho pela frente, diz. Um exemplo das novas alternativas
que estão sendo buscadas pela Embrapa nesse sentido foi a proposta de criação
de uma empresa de propósito específico, aproveitando a possibilidade
aberta com a Lei da Inovação, apresentada à Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 2007. A parceria
prevê investimentos para desenvolver um processo que extraia etanol de biomasssa
lignocelulósica, encontrada por exemplo no bagaço da cana.
O bom relacionamento com o Congresso Nacional garantiu neste ano um montante de
mais de R$ 45 milhões em emendas aprovadas. Além disso, foi criada
uma Frente Parlamentar Mista de Apoio à Pesquisa Agropecuária e
Transferência de Tecnologia, que já rendeu bons frutos, como a inclusão
da Embrapa como membro do Conselho Diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT).
Em 2007, os recursos à
disposição da empresa para despesas com investimentos alcançaram
R$ 71,49 milhões, a melhor dotação dos últimos três
anos. Desse total, foram destinados cerca de R$ 25,79 milhões para obras
e instalações, e R$ 45,7 milhões para a aquisição
de máquinas, veículos e equipamentos.
O principal item,
no que toca a investimentos em ativo técnico, foi a recuperação
e atualização de laboratórios, beneficiando vários
centros de pesquisa da empresa. Entre os empreendimentos que se destacam, estão
a construção da Sede da Embrapa Monitoramento por Satélite,
em Campinas (SP), e a criação do Laboratório de Nanotecnologia,
na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos
(SP).
Em 2007, foram iniciados os trabalhos do V Plano Diretor da Embrapa
e do IV Plano Diretor das Unidades Descentralizadas, dado que os planos diretores
vigentes se encerraram ao final desse ano. O horizonte de reflexão estratégica
foram alongados e, no caso do PDE, deve alcançar o cinqüentenário
de criação da Embrapa, cobrindo o período de 2008 a 2023.
Dele, se extrairá o planejamento estratégico para os próximos
quatro anos (2008-2011). Para subsidiar tal esforço, foi realizado um projeto
de construção de cenários no âmbito de atuação
das organizações públicas e privadas de desenvolvimento de
tecnologias para o agronegócio, coordenado pela Rede de Inovação
e Prospecção para o Agronegócio (RIPA).
No ano de
2007, cristalizou-se a nova dimensão da ação internacional
da Embrapa, como braço de cooperação científica e
tecnológica da política de relações externas do Brasil.
Historicamente recipiente de métodos científicos e tecnologias agrícolas
dos países desenvolvidos, com o sucesso da Agricultura Tropical, a Embrapa
tornou-se fornecedora de conhecimentos para os países tropicais na África,
Ásia e América Latina e assumiu a condição de parceira
de instituições de países desenvolvidos na geração
de conhecimentos na fronteira da ciência. No âmbito das relações
internacionais, depois de um ano da criação de um escritório
na África e de um laboratório virtual na Holanda, será a
vez da Ásia e da América Latina, com fechamento de negociações
para criação do Labex-Ásia e de escritórios de negócios
e transferência de tecnologia na América Latina. Também pretende-se
avançar juridicamente no arcabouço legal e modelo de gestão
da Embrapa no âmbito internacional (Labex e escritórios de negócios).
Com a instalação e início das operações
da Embrapa África, em Gana, cresceu muito a demanda por ações
de cooperação científica da Embrapa naquele continente: 23
países do continente africano já manifestaram o desejo de receber
as tecnologias da Embrapa. Há ainda o interesse convergente de empresas
privadas brasileiras em investir no desenvolvimento do agronegócio naqueles
países.
Um exemplo é a promoção das tecnologias
brasileiras para o setor sucro-alcooleiro, que já propiciou exportação
de máquinas e equipamentos de produção agrícola e
processamento agroindustrial. Uma missão organizada pela Embrapa África,
por exemplo resultou em entendimentos entre empresários brasileiros e ganenses
para parceria que prevê a implantação de 30 mil hectares de
cana para produção de etanol, com negociações a serem
concluídas em 2008.
Por fim, há a disposição
de organismos internacionais e agências de cooperação de países
desenvolvidos de financiar a transferência e a adaptação de
tecnologias da agricultura tropical brasileira para condições africanas,
o que viabiliza a cooperação Norte-Sul-Sul.
Um ano de conquistas
também para o esforço de comunicação da Embrapa com
a sociedade. Em outubro, uma reportagem de grande repercussão do The
New York Times, creditou à empresa destacado protagonismo na transformação
do Brasil em uma superpotência agrícola. Noutro evento, a
campanha de Comunicação e Marketing Agricultura Tropical:
o Brasil produzindo o futuro, concebida pela Assessoria de Comunicação
Social da empresa, recebeu o Prêmio ABERJE 2007, região Minas Gerais
e Centro-Oeste, na categoria Campanha, tornando-se finalista na disputa do mesmo
prêmio em âmbito nacional.
No final do ano, jornalistas, internautas
e leitores do jornal O Globo decidiram que a Embrapa é uma
empresa que faz a diferença na área de Economia. Indicada
pelos jornalistas, com outras duas empresas concorrentes, a Embrapa recebeu a
maior votação popular.
Para 2008, quando completará
35 anos de atividades, a Embrapa espera realizar grandes transformações
no plano institucional. O mais importante deles, sem dúvida, será
o início de implantação do Plano de Fortalecimento e Crescimento
da Embrapa o PAC Embrapa, conforme foi demandado à instituição
pelo presidente Lula, que pretende arrumar a Embrapa até o
final de seu mandato.
O presidente da República entende que o Brasil
deve adequar a Embrapa para melhor enfrentar os grandes desafios do negócio
agrícola brasileiro, tais como a criação de várias
alternativas de bionergia para mudança da matriz energética brasileira,
e de nova base tecnológica para mitigação e convivência
da agricultura e pecuária com as alterações climáticas
globais, e a redução de desequilíbrios sociais e econômicos
regionais.
O Plano prevê para os próximos três anos
o aumento de cerca de R$ 500 milhões no orçamento anual da empresa,
a serem aplicados na ampliação do quadro de pessoal da Embrapa para
10.200 empregados, com ênfase na contratação e esforço
de capacitação de pesquisadores, na possível criação
de novos centros de pesquisa, na consolidação da Embrapa Agroenergia,
e no reforço de sua atuação internacional, com a ampliação
do programa da Embrapa África, instalação da Embrapa América
Latina, na Venezuela, e criação do Labex Ásia.
Segundo
Silvio Crestana, a empresa precisa ainda retomar o modelo de empresa pública
com estrutura mais ágil e flexível para aproveitar bem os estímulos
da Lei de Inovação, reforçando sua agenda de inovação,
para manter o seu patamar histórico de excelência em pesquisa e desenvolvimento,
transferência de tecnologia, comunicação e informação
para a sociedade. Não podemos deixar que isso decaia. Ao contrário,
precisamos lutar para o crescimento contínuo destas áreas,
avalia Crestana.
Segundo o presidente da Embrapa, toda essa evolução
foi possível porque o Governo verdadeiramente transformou a questão
do desenvolvimento do negócio agrícola num projeto de estado: O
presidente Lula e os ministros Reinhold Stephanes, Dilma Roussef, Paulo Bernardo
e Sergio Rezende, diretamente ligados à questão, têm uma compreensão
exata do papel do negócio agrícola no futuro do Brasil, e da importância
da pesquisa agrícola para que esse papel seja desempenhado com sucesso.
Por causa desse apoio, temos conseguido realizar tanto, concluiu. |