Os
nutrientes contidos na dieta dos bovinos são utilizados para mantença,
crescimento, reprodução e produção, quer seja na forma
de leite ou carne. O leite produzido por uma vaca leiteira é considerado
como um subproduto de sua função reprodutiva e ambos são
dependentes de uma dieta controlada. Segundo informes da Embrapa Gado de
Leite, é consenso comum entre os técnicos que atuam na área
que, manter uma alimentação adequada é de fundamental
importância, tanto do ponto de vista nutricional quanto econômico.
Em um sistema de produção de leite a alimentação do
rebanho tem um custo efetivo representativo, podendo representar até 70%
do custo total da alimentação das vacas em lactação.
O médico veterinário Julliano Percinoto, do Departamento
de Nutrição da Matsuda, alerta que, para quem busca produtividade
e rentabilidade com pecuária de corte ou leiteira, é inadmissível
o descuido no manejo nutricional do rebanho. Analises práticas comprovam
que utilizando essa ferramenta de forma estratégica e racional, é
possível obter ótimos resultados, melhorando cada vez mais os índices
zootécnicos das propriedades e, assim, conseguindo melhor produtividade
por área. | |
Ainda
segundo a Embrapa Gado de Leite, como ruminante, a vaca de leite é
capaz de transformar alimentos não essenciais (forragens e forrageiras)
aos não-ruminantes, em produtos de valor econômico. Entretanto, à
medida que se busca maior produtividade por animal, os volumosos (pasto, silagem
e feno) por si sós, não são suficientes para manter esta
maior produtividade. Neste caso, além dos volumosos, a alimentação
do gado de leite deve ser acrescida de uma mistura de concentrados, minerais e
algumas vitaminas.
Por esse motivo, a estatal recomenda que, para
um sistema de alimentação eficaz, ele deve se basear nos requerimentos
nutricionais (proteína, energia, minerais e vitaminas) para cada categoria
animal do rebanho e na composição química dos alimentos utilizados. A
importância da mineralização O
médico veterinário Fernando Antonio Nunes de Carvalho, da Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral CATI, da Secretaria de Agricultura
do Estado de São Paulo, propôs que, com as incertezas que sempre
ameaçaram a pecuária no Brasil, os criadores precisam criar
um sistema de produção que seja sustentável.
Sendo assim, Carvalho sugere abandonar o passado baseado no extrativismo
e adotar as tecnologias mais modernas e mais viáveis. Infelizmente ainda
há uma grande parte dos criadores que reluta ou desconhece a necessidade
do uso de tecnologias simples e eficientes que, com um custo benefício
muito favorável, desenvolvem um rebanho, aumentando sua eficiência
e sua viabilidade econômica, como o manejo racional das pastagens e a suplementação mineral
dos animais criados nessas pastagens.
Para o veterinário
da CATI/SP, o manejo das pastagens e a suplementação mineral no
Brasil, sempre foram historicamente problemáticos e isso se deve
principalmente pelo tamanho continental do País, pela pecuária extensiva
e pelo manejo extrativista do meio onde os animais foram e são criados.
Infelizmente a subnutrição é uma realidade constante em
uma parcela significativa rebanho brasileiro, principalmente na época
de seca, quando a disponibilidade e o valor nutricional das pastagens são
mais deficientes.
Conforme observa Julliano Percinoto, algumas
pessoas ainda teimam em dizer que, durante o período das águas,
os animais não necessitam tanto de minerais, por acharem que as pastagens
estão em sua melhor fase com maior oferta de minerais, proteína,
energia e por estarem volumosas e verdes. Dessa forma, ira suprir todas as exigências
dos animais. O técnico da Matsuda resasalta que é justamente
nesse período que ocorre o maior consumo de pasto (% de matéria
seca em relação ao peso vivo) pelos animais e, com isso, obtém-se
um aumento no metabolismo da microbiota ruminal, para a digestão daqueles
nutrientes. Respectivamente, ocorrerá maior gasto de nutrientes, fazendo-se
necessário, assim, intensificar o fornecimento de minerais. Caso não
se realize esse fornecimento, ocorrerão deficiências nutricionais,
levando à queda de produtividade e, juntamente com o sistema imunológico
deprimido, os animais ficarão mais susceptíveis a doenças.
Portando é neste período que se tem maiores chances de que ocorram
carências minerais pelos animais.
Percinoto explica que os
resultados dos experimentos mostraram que após a administração
de minerais verificou-se um aumento de 22% na taxa de nascimentos em vacas de
cria. Mostrou-se que é possível, apenas com a suplementação
de minerais, ganhar de 300g/cabeça/dia a mais em garrotes de engorda, quando
comparado a animais não suplementados. O técnico admite também
que, além desses índices, o produtor conseguirá um
aumento da fertilidade, produção de leite, escores corporais, aumento
do sistema imunológico, aumento da rentabilidade por área e redução
do intervalo entre partos, entre outros fatores que compõe a rentabilidade
econômica da suplementação mineral.
Mas existem
outros pontos que ocasionam falhas rotineiras e de muita importância para
o sucesso da boa mineralização, que são freqüentemente
cometidas no momento de fornecer os minerais para os animais. Julliano Percitno
explica que esse manejo implica em: Erros nas quantidades fornecidas (consumo/animal/dia);
Tamanho e estado de conservação dos cochos; Localização
e acesso dos cochos e bebedouros de água; Freqüência e quantidade
do produto que é fornecido diariamente; Tipo de produto específico
para cada categoria animal; e, Armazenamento do estoque em local seco e protegido
de umidade, entre outros.
Julliano Percinoto enfatiza que, um simples
erro dentro desse manejo pode levar toda estratégia de suplementação
mineral por água baixo. E para que possamos continuar liderando o mercado
mundial, agregando valores e qualidade em nossos produtos (carne, leite ou mesmo
bezerros), e mantendo a competitividade com o mercado mundial, será exigido
dos produtores rurais cada vez mais profissionalismo e uso de tecnologias práticas
e economicamente viáveis, que envolvam Correta Nutrição,
Controle Sanitário Eficiente e Melhoramento Genético, é que
conseguiremos um crescimento sustentável. Recria
a pasto Pastos
de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os nutrientes para o crescimento
das novilhas, desde que uma mistura mineral esteja sempre à disposição.
Ainda segundo os informes da Embrapa Gado de Leite, a suplementação
volumosa na época seca deve pode ser feita com forragens verdes picadas,
cana-de-açúcar adicionada com 1% de uréia, silagens ou fenos.
Para o fornecimento de volumosos em cochos é necessário minimizar
a competição por alimento entre os animais manejados em grupos.
Para isso, é importante propiciar aos animais área de cocho
suficiente, permitindo que todos tenham chance de se alimentar.
Em se tratando de novilhas, a Embrapa Gado de Leite orienta que o fornecimento
de concentrado é dependente da idade, da qualidade do alimento
volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. Em geral,
até os seis meses é necessário o fornecimento de 1 a 2 kg
de concentrado com 12% de proteína bruta e 61% de nutrientes digestíveis
totais. A fase de recria inicia-se após o desmame estendendo-se até
a primeira cobrição. É menos complexa do que a fase de cria,
porém requer muita atenção do produtor, pois os requerimentos
do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função
de alterações na composição de seu corpo.
A empresa explica que, à medida que a idade do animal vai avançando,
reduz-se a taxa de formação de ossos e proteína, com
o aumento acentuado na deposição de gordura. Do início desta
fase, dos 80 - 90 Kg de peso vivo até a puberdade, o monitoramento do
ganho de peso diário é fundamental, não devendo ultrapassar
900 g por dia. Este procedimento evita a má-formação da glândula
mamária (acúmulo de gordura e menor quantidade de tecido secretor
de leite), resultando em menor produção de leite durante a primeira
lactação. |