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NUTRIÇÃO ANIMAL - BOA COMIDA = BOM LEITE
rev 119 - janeiro 2008

Os nutrientes contidos na dieta dos bovinos “são utilizados para mantença, crescimento, reprodução e produção, quer seja na forma de leite ou carne. O leite produzido por uma vaca leiteira é considerado como um subproduto de sua função reprodutiva e ambos são dependentes de uma dieta controlada”. Segundo informes da Embrapa Gado de Leite, é consenso comum entre os técnicos que atuam na área que, “manter uma alimentação adequada é de fundamental importância, tanto do ponto de vista nutricional quanto econômico”. Em um sistema de produção de leite a alimentação do rebanho tem um custo efetivo representativo, podendo representar até 70% do custo total da alimentação das vacas em lactação.

O médico veterinário Julliano Percinoto, do Departamento de Nutrição da Matsuda, alerta que, “para quem busca produtividade e rentabilidade com pecuária de corte ou leiteira, é inadmissível o descuido no manejo nutricional do rebanho. Analises práticas comprovam que utilizando essa ferramenta de forma estratégica e racional, é possível obter ótimos resultados, melhorando cada vez mais os índices zootécnicos das propriedades e, assim, conseguindo melhor produtividade por área”.

Ainda segundo a Embrapa Gado de Leite, “como ruminante, a vaca de leite é capaz de transformar alimentos não essenciais (forragens e forrageiras) aos não-ruminantes, em produtos de valor econômico. Entretanto, à medida que se busca maior produtividade por animal, os volumosos (pasto, silagem e feno) por si sós, não são suficientes para manter esta maior produtividade. Neste caso, além dos volumosos,  a alimentação do gado de leite deve ser acrescida de uma mistura de concentrados, minerais e algumas vitaminas”.

Por esse motivo, a estatal recomenda que, para um sistema de alimentação eficaz, ele deve se basear “nos requerimentos nutricionais (proteína, energia, minerais e vitaminas) para cada categoria animal do rebanho e na composição química dos alimentos utilizados”.

A importância da mineralização

O médico veterinário Fernando Antonio Nunes de Carvalho, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, propôs que, “com as incertezas que sempre ameaçaram  a pecuária no Brasil, os criadores precisam criar um  sistema de produção que seja sustentável”. Sendo assim, Carvalho sugere “abandonar o passado baseado no extrativismo e adotar as tecnologias mais modernas e mais viáveis. Infelizmente ainda há uma grande parte dos criadores que reluta ou desconhece a necessidade do uso de tecnologias simples e eficientes que, com um custo benefício muito favorável, desenvolvem um rebanho, aumentando sua eficiência e sua viabilidade econômica, como o manejo racional das pastagens e a suplementação mineral dos animais criados nessas pastagens”.

Para o veterinário da CATI/SP, o manejo das pastagens e a suplementação mineral no Brasil, “sempre foram historicamente problemáticos e isso se deve principalmente pelo tamanho continental do País, pela pecuária extensiva e pelo manejo extrativista do meio onde os animais foram e são criados. Infelizmente a subnutrição é uma realidade constante em uma parcela significativa  rebanho brasileiro, principalmente na época de seca, quando a disponibilidade e o valor nutricional das pastagens são mais deficientes”.

Conforme observa Julliano Percinoto, “algumas pessoas ainda teimam em dizer que, durante o período das águas, os animais não necessitam tanto de minerais, por acharem que as pastagens estão em sua melhor fase com maior oferta de minerais, proteína, energia e por estarem volumosas e verdes. Dessa forma, ira suprir todas as exigências dos animais”. O técnico da Matsuda resasalta que é justamente nesse período que “ocorre o maior consumo de pasto (% de matéria seca em relação ao peso vivo) pelos animais e, com isso, obtém-se um aumento no metabolismo da microbiota ruminal, para a digestão daqueles nutrientes. Respectivamente, ocorrerá maior gasto de nutrientes, fazendo-se necessário, assim, intensificar o fornecimento de minerais. Caso não se realize esse fornecimento, ocorrerão deficiências nutricionais, levando à queda de produtividade e, juntamente com o sistema imunológico deprimido, os animais ficarão mais susceptíveis a doenças. Portando é neste período que se tem maiores chances de que ocorram carências minerais pelos animais”.

Percinoto explica que os resultados dos experimentos “mostraram que após a administração de minerais verificou-se um aumento de 22% na taxa de nascimentos em vacas de cria. Mostrou-se que é possível, apenas com a suplementação de minerais, ganhar de 300g/cabeça/dia a mais em garrotes de engorda, quando comparado a animais não suplementados”. O técnico admite também que, além desses índices, “o produtor conseguirá um aumento da fertilidade, produção de leite, escores corporais, aumento do sistema imunológico, aumento da rentabilidade por área e redução do intervalo entre partos, entre outros fatores que compõe a rentabilidade econômica da suplementação mineral”.

Mas existem outros pontos que ocasionam falhas rotineiras e de muita importância para o sucesso da boa mineralização, que são freqüentemente cometidas no momento de fornecer os minerais para os animais. Julliano Percitno explica que esse manejo implica em: “Erros nas quantidades fornecidas (consumo/animal/dia); Tamanho e estado de conservação dos cochos; Localização e acesso dos cochos e bebedouros de água; Freqüência e quantidade do produto que é fornecido diariamente; Tipo de produto específico para cada categoria animal; e, Armazenamento do estoque em local seco e protegido de umidade, entre outros.

Julliano Percinoto enfatiza que, “um simples erro dentro desse manejo pode levar toda estratégia de suplementação mineral por água baixo. E para que possamos continuar liderando o mercado mundial, agregando valores e qualidade em nossos produtos (carne, leite ou mesmo bezerros), e mantendo a competitividade com o mercado mundial, será exigido dos produtores rurais cada vez mais profissionalismo e uso de tecnologias práticas e economicamente viáveis, que envolvam Correta Nutrição, Controle Sanitário Eficiente e Melhoramento Genético, é que conseguiremos um crescimento sustentável”.

Recria a pasto

Pastos de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os nutrientes para o crescimento das novilhas, desde que uma mistura mineral esteja sempre à disposição. Ainda segundo os informes da Embrapa Gado de Leite, “a suplementação volumosa na época seca deve pode ser feita com forragens verdes picadas, cana-de-açúcar adicionada com 1% de uréia, silagens ou fenos. Para o fornecimento de volumosos em cochos é necessário minimizar a competição por alimento entre os animais manejados em grupos. Para isso, é importante propiciar aos animais área  de cocho suficiente, permitindo que todos tenham chance de se alimentar”.

Em se tratando de novilhas, a Embrapa Gado de Leite orienta que o fornecimento de concentrado “é dependente da idade,  da qualidade do alimento volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. Em geral, até os seis meses é necessário o fornecimento de 1 a 2 kg de concentrado com 12% de proteína bruta e 61% de nutrientes digestíveis totais. A fase de recria  inicia-se após o desmame estendendo-se até a primeira cobrição. É menos complexa do que a fase de cria, porém requer muita atenção do produtor, pois os requerimentos do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função de alterações na composição de seu corpo”.

A empresa explica que, à medida que a idade do animal vai avançando, “reduz-se a taxa de formação de ossos e proteína, com o aumento acentuado na deposição de gordura. Do início desta fase, dos 80 - 90 Kg de peso vivo até a puberdade, o monitoramento do   ganho de peso diário é fundamental,  não devendo ultrapassar 900 g por dia. Este procedimento evita a má-formação da glândula mamária (acúmulo de gordura e menor quantidade de tecido secretor de leite), resultando em menor produção de leite durante a primeira lactação”.


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