|     "Numa 
mesma propriedade, é interessante que sejam mantidas diferentes lavouras, 
como soja, milho, cana-de-açúcar e café". Arnaldo ressalta 
que, ao contrário do que acontecia antigamente, hoje não é 
necessário manter uma área extensa para o café, podendo sua 
exploração ser feita em até pequenas glebas, desde que a 
lavoura seja conduzida de maneira tecnicamente adequada. 
   Quanto ao tipo 
de irrigação adequada, o produtor pode optar por diferentes sistemas. 
Uma delas é o pivô central, mais indicado para áreas maiores, 
com declividade até 20%, exigindo menos mão de obra. Já o 
de gotejamento, que apresenta baixo custo de instalação, serve para 
lavouras pequenas (até 10 hectares) em qualquer tipo de solo, declives 
em até 30% e regiões de baixa disponibilidade de água. Já 
a tripa, de custo inicial inferior, exige mais mão-de-obra, recomendando-se 
sua utilização em áreas pequenas e médias (até 
30 hectares), em qualquer tipo  de solo e boa disponibilidade de água.
   
Quadros demonstrativos comprovam, para relação custo/benefício, 
que compensa implantar o sistema de irrigação em lavouras de café.  
Em circunstâncias normais, o café sequeiro rende 22 sacas beneficiadas, 
por hectare, na primeira safra, chegando a 103 sacas no final de três safras, 
ao passo que o café irrigado rende 37 na primeira e 150 sacas nas três 
safras. 
  Já em circunstâncias anormais, como a forte estiagem, 
a diferença é bem maior em favor da área irrigada. O café 
sequeiro este ano, na primeira safra, em algumas lavouras ainda atingiu perto 
de 15 sacas, enquanto em outras não chegou sequer a render seis sacas por 
hetare. Um 
problema: os terreiros lotados . 
O agrônomo Arnaldo Martins de Andrade toma o exemplo da Fazenda São 
José, de propriedade de Fernando Martins de Barros, onde toda lavoura de 
café é bem conduzida. Na área de sequeiro, a média 
de produção da lavoura de primeira safra (em 60 hectares) superou 
40 sacas/ha.    "O rendimento na área irrigada superou nossa 
expectativa", confirma Fernando Martins de Barros, revelando que passou a 
ter um novo problema: a falta de espaço nos terrreiros para secagem do 
café colhido. A solução pensada foi suspender a colheita 
por uma semana, mas aí haveria um outro entrave, o de ultrapassar o período 
normal da safra, que deve terminar em agosto para não prejudicar a 
florada de setembro.    O cooperado cogita, para o próximo ano, utilizar 
produtos que possam uniformizar a maturação dos cafeeiros, tal como 
é feito nos canaviais. "Cada vez mais nos convencemos de que o sucesso 
na produção do café depende do manejo da lavoura, no sentido 
de sua condução mais tecnicamente recomendada", conclui. Custo 
do projeto De 
acordo com os números relativos a cada ano, conclui-se que, ao final de 
quatro anos e meio, o produtor terá gasto, por hectare, R$ 14.644 em área 
irrigada. No primeiro caso, estima-se que ele estará colhendo um total 
de 103 sacas beneficiadas: com irrigação, a colheita será 
de 150 sacas. 
   Traduzir essa produção em dinheiro fica difícil, 
tendo em vista a intensa oscilação nos preços do café, 
podendo variar de 100 a 200 reais a saca, conforme o ano. Mas, imaginando-se o 
preço médio de R$ 150,00 durante todo o período, a conclusão 
é que a receita bruta, por hectare, com o café de sequeiro será 
de R$ 15.450,00 e com o café irrigado, R$ 22.500,00 dando resultado líquido, 
respectivamente, de R$ 805,17 e R$ 4.035,19 nos quatro anos e meio.  |