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HENRICUS - A FÓRMULA DO BOI CAPIM
rev 99 - maio 2006

O foco do trabalho na fazenda Taquari, localizada em Holambra II, SP, propriedade de Henricus Becker, está na produção de touros e matrizes para reprodução a campo. A retomada do cruzamento industrial está aquecendo esse mercado, explica o criador que aponta o Santa Gertrudis como uma opção muito desejada pelos criadores de raças zebuínas para produzir animais ½ sangue ou mesmo por invernistas, que compram bezerros para recria e terminação.

A habilidade materna das fêmeas Santa Gertrudis proporciona a desmama de bezerros mais pesados, 280 quilos em média, e aos sete meses e/ou 210 dias, explica Luiz Fernando Doneux Junior criador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG).

Segundo Doneux, a funcionalidade é uma prioridade que começa cedo na seleção. E isso fica bastante claro no sistema de criação da fazenda Taquari.

O criador mostra que o lote de vacas paridas Santa Gertrudis, PO, fica no mesmo pasto das fêmeas azebuadas, prenhas de touros Santa Gertrudis ou com bezerro ½ ao pé. Isso na opinião do técnico da associação é um fato relevante, pois, atesta que é possível trabalhar a raça nas mesmas condições dos animais zebu. Segundo ele, durante mais de dez anos como técnico de campo da brasileira, conhecendo projetos nos quatro canto do país, foi possível conhecer todos os tipos de condição de manejo. Numa ocasião, viajando pela região Norte, viu animais sendo criados em condição de Braquiária decumbens, com resultados zootécnicos surpreendentes. “Isso porque o animal Santa Gertrudis se adapta facilmente às condições de criação das principais regiões brasileiras”, enfatiza.

Nas fêmeas a principal característica é a fertilidade. Isso significa que se uma vaca não der pelo menos um bezerro por ano, ela é descartada do plantel. Outra exigência da seleção é sobre a habilidade materna das fêmeas. “Vaca que não dá leite suficiente para alimentar o bezerro, também não serve para procriar” exclama Henricus Backer que conta histórias de animais que eram descartados por ele, sobre protestos até mesmo de outros criadores experientes. O trabalho de seleção praga que dentro da morfologia é importante que a fêmea Santa Gertrudis tenha primeiro, caracterização racial e feminilidade. Na parte de conformação é desejável que ela tenha, bons aprumos, aparelho mamário bem desenvolvido, ou seja, que ofereça uma quantidade de leite suficiente para alimentar bem o bezerro, bons cascos, proteção para os olhos, entre outras. Segundo Doneux, isso tudo é para que a fêmea não sofra e não cause sofrimento para sua cria.

Um fato que chama a atenção no trabalho do criador Henricus Becker é que a seleção dos animais que formam a cabeceira do plantel é feita com os animais a campo. Isso na pratica significa que, qualquer animal, desde que passe pelo rigoroso processo de avaliação da fazenda, pode se tornar um reprodutor ou uma matriz e representar o criatório no circuito de exposições oficial da raça. O lote atual de matrizes possui 60 animais, sendo que destes, apenas 15 recebem tratamento diferenciado. O pecuarista conta que, desde o início, o melhoramento genético dos animais sempre esteve entre as prioridades.

Todo esse rigor garante a fazenda o privilégio de poder montar um premiado plantel de animais. Um exemplo é o touro TS 588138 Thor da Taquari, animal que nas duas últimas temporadas, já levou quatro premiações de grande campeão, em exposições pelo país. No ano passado, o reprodutor foi grande campeão na Feira Internacional de gado de Corte, Feicorte, realizada em São Paulo; Grande Campeão na ExpoPar, realizada no município de Paranaíba, MS; Exposição de Jaú, SP e Avaré, 2006. Thor, hoje está em coleta na centra de inseminação Lagoa da Serra, em Sertãozinho, SP.

No time das fêmeas o destaque fica para FS 852291- Carola da NE, nascida em outubro de 2002, e desde cedo já acumula títulos dentro do circuito. A trajetória de sucesso começou na exposição de Avaré, 2004, com título de reservada grande campeã. No ano passado Carola foi reservada Grande Campeã em Avaré; Paranaíba, MS e grande Campeão em Jaú, SP. Uma mostra de que a fêmea é de genética superior está nas suas duas progênies. F-588183, nascida em novembro de 2004 foi premiada grande campeã na primeira categoria, de 6 a 8 meses, na Expo Par, em 2005. Outra fêmea que promete na criação da Taquari é FS- 588178- Dália da Taquari que ficou com o quarto lugar no Concurso Novilha do Futuro, edição 2006, realizado na fazenda Pau D’alho, em Tiete , SP.

O manejo dos animais de campo, que representam 90% do rebanho é feito num sistema de pastagem adubada de Braquiária decumbens, Capim Estrela e sal mineral, oferecido a vontade no cocho. A preocupação com a preservação das áreas de pastagem está entre as prioridades do criador que não economiza quando o assunto é tratamento de solo e escolha das espécies forrageiras. Segundo Becker, o Santa Gertrudis é um animal criado para se adaptar as condições tropicais, no entanto, isso não significa que possa ser mal tratado. Luiz Bannwart Junior, também criador e renomado conhecedor da raça concorda com o criador dizendo que a conversão alimentar do bovino Santa Gertrudis está entre as mais altas dentro da pecuária. Só que, em contrapartida, a raça exige do criador um pasto de qualidade e em quantidade acima da média.

Durante o inverno quando normalmente falta pasto é importante que as reservas de alimentos estejam fartas. Na fazenda Taquari a comida do inverno é a base do feno produzido com a palha da sevada, colhida na mesma época. Apesar de ser um resto de cultura a resposta do gado ao alimento é muito boa, enfatiza o criador que diz alimenta-los assim já há muitos anos. Para Bannwart essa é a prova de que, desde que não falte alimento, o Santa Gertrudis responde a diferentes tipos de pastagem.

Há mais de 20 anos selecionando animais para exposição e venda em leilões importantes da raça Santa Gertrudis o criador Henricus Becker sempre buscou na funcionalidade da raça o diferencial para produzir carne a baixo custo e no menor espaço de tempo. A experiência adquirida ao longo de anos criando e engordando gado no sistema de criação a pasto, permite que ele tenha hoje uma estrutura bastante enxuta para tocar seu negócio.

Nos setenta hectares reservados para o projeto de criação pecuária, ele mantém um plantel de 240 reses, macho e fêmea, PO, que se dividem em várias categorias. O primeiro lote de animais chegou à fazenda em 1982, oriundos do criatório King Ranch, atual fazenda Brascan, de Presidente Prudente, SP. O criador conta que, o que mais lhe chamou a atenção no Santa Gertrudis foi à docilidade dos animais. Hoje, ele lembra que ao longo dos anos as descobertas com relação aos atributos da raça foram muitas. Felizmente, todas muito positivas.

Brascan tem Prova de Ganho de Peso

Está sendo realizada na fazenda Nosquito, em Narandiba, São Paulo, a primeira prova de ganho de peso do criatório Brascan. O trabalho que está na sua fase final, será encerrado com a realização do julgamento no dia 17 de maio para classificação dos animais participante, destaca Fernando Saltão representante do grupo Brascan. Segundo ele, o ganho de peso deve ficar em torno de 0,7 Kg/dia. de média. A prova foi toda realizada à pasto, apenas com os animais recebendo suplementação protéico-mineral.

No dia dezessete, será realizada uma última pesagem nos animais, além dos testes de avaliação visual, utilizando ultra-sonografia para medida de Área de Olho de Lombo (AOL) e Espessura de Gordura. Todos esses dados serão utilizados para elaboração do índice final.

Ao todo são 52 animais participantes, que entraram com 8 meses e 244,6 Kg, em média. Na penúltima pesagem realizada, os animais estavam com 399 Kg, na média geral. Segundo Saltão, os animais estão com um estado corporal muito bom, saudáveis e desenvolvendo uma carcaça bem interessante,inclusive demonstrando acabamento. “Temos em nosso projeto o uso de touros Santa Gertrudis, para obtenção de um produto Tree-Cross, em vacas 1/2 sangue Angus/Nelore, explica.“O fato de utilizarmos reprodutores testados em nossas condições e com as premissas de seleção que atendam nossa necessidade, nos dá muita segurança para continuarmos colocando esses produtos no mercado”, conclui.


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