depois da BSE (Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida
popularmente como Doença das Vacas Loucas). Certamente,
o sistema ajudou a rastrear contatos perigosos e a fonte de
infecção durante o surto de Febre Aftosa, em
2001.
Porém, o que se implantou lá, parece chegar
com muita força aqui no Brasil e as exigências
de controle sanitário como de mercado vêm aumentando.
A rastreabilidade ou a identificação completa
da carne é hoje uma realidade em alguns países
e uma forte tendência no Brasil. E o produtor brasileiro
que quiser participar desse mercado terá de se modernizar
e se adequar a essa realidade.
Por isto, a Embrapa Pecuária Sudeste, instalada na
região de São Carlos (SP), desenvolve há
alguns anos, um projeto com a utilização do
brinco eletrônico para bovinos, que trará diversos
dados sobre o animal. De acordo com o pesquisador responsável
pelo projeto Waldomiro Barioni Júnior, o objetivo principal
do projeto é integrar o uso do brinco no
manejo do dia-a-dia do gado bovino e elaborar novo software
com todos os dados necessários à inspeção
sanitária e a rastreabilidade. Esse sistema vai
substituir todas as anotações hoje feitas em
papel, como atestados de vacinação, os dados
zootécnicos (como peso ao nascer, ao desmame, genética,
entre outras funções) e o próprio ato
da inspeção sanitária, pois os fiscais
poderão visualizar os atestados de vacina eletronicamente,
por meio de um leitor eletrônico que pode ler
os brincos, revela o pesquisador. Aliado a isto, afirma
o pesquisador, será possível também verificar
o peso do animal que será registrado, o que evitará
dúvidas entre comprador e vendedor, nas balanças
dos frigoríficos.
Além destes benefícios, o pesquisador da Embrapa
Pecuária Sudeste, aponta outra vantagem: Quando
implantado, o brinco eletrônico vai reduzir fraudes
e vai facilitar o rastreamento e a certificação,
com ganhos ambientais, sociais e de mercados externos,
diz o pesquisador Waldomiro Barioni Junior.
O equipamento já existe e está sendo produzido
e comercializado pela AnimalTag, a empresa de São Carlos
é uma das parceiras no projeto de pesquisa. Participam
ainda da pesquisa a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos da USP (campus Pirassununga) e a empresa 3WT, de
São Carlos, que fará a parte do software. O
projeto ficou em torno de R$ 100 mil, custeados pela Finep
Financiadora de Estudos e Projetos.
O projeto é simples. Primeiro há no brinco do
bezerro, ou melhor, no chip eletrônico (que é
colocado após o seu nascimento), dados como, a data
do nascimento do animal, o sexo, a raça, a propriedade
onde o animal nasceu. Também há itens que podem
ser incluídos na identificação, como
por exemplo, o número do rebanho, se uma grande propriedade
for dividida em vários rebanhos em diferentes locais.
No sistema que existe atualmente, na grande maioria das propriedades,
os animais são identificados com o brinco primário
metálico, o identificador é composto de uma
marca do rebanho única para cada rebanho e o número
do animal. Assim, o número completo da identificação
seria algo como a soma dos dois números e seria único
para cada animal. Não é necessário que
o proprietário numere seus animais consecutivamente
conquanto que cada animal tiver um número de brinco
único. Como o brinco primário metálico
pode ser perdido, mais tarde foi solicitado que também
fosse colocado um grande brinco secundário primário.
Se um brinco for perdido, há uma grande chance de que
o outro ainda esteja no lugar e que o animal ainda possa ser
identificado. O mesmo lembra o pesquisador pode acontecer
com o brinco eletrônico. Porém a necessidade
de identificadores eletrônicos é uma realidade
que vai ajudar a controlar a quantidade do rebanho de forma
mais segura e muito mais rápida, a erradicar doenças,
a identificar e rastrear a vida do animal. Isto significa
o conhecimento tanto do animal, desde sua genética
e dos cuidados alimentares e sanitários a que foi submetido,
quanto todo acompanhamento das condições ambientais
e sociais em que foi produzido, garantindo, assim, a certificação
de origem e das mais estritas normas de seguranças.
Informação e controle total da produção
até a mesa do consumidor são sinônimos
de rastreamento e certificação, diz Barioni.
A empresa responsável em parceria com a Embrapa pelo
chip, ou melhor, brinco eletrônico AnimalTag
lançou o primeiro equipamento totalmente desenvolvido
no Brasil. Esta tecnologia já está disponível
comercialmente na linha de pets e a parceira com a Embrapa
Pecuária Sudeste garante um grande avanço na
pecuária, principalmente na questão de barreiras
sanitárias e gerenciamento de produção,
conta Ruy Cereda, gerente comercial da AnimalTag.
Segundo a empresa, o novo identificador de animais oferece
custo menor do que o produto importado. Com vida útil
de aproximadamente dez anos, o equipamento permite a identificação
permanente independente de sujeira, facilita a aplicação
e evita erros de leitura inexistente. E o Brasil está
na frente em questão da tecnologia em relação
aos outros países, finaliza Ruy Cereda.
A
funcionalidade do Equipamento
O
brinco basicamente é composto de um chip eletrônico,
aproximadamente do tamanho de uma cabeça de alfinete
e é ligado a uma antena com um fio de cobre. A informação
que o chip carrega (número) é captada por uma
antena, que pode ser instalada no mangueiro onde passa o gado
e vai alimentar um programa de computador (software) que faz
o gerenciamento do rebanho. Este sinal é captado
também por leitoras manuais similares àquelas
encontradas nos supermercados para conferir códigos
de barras. Elas armazenam as informações coletadas
e as descarregam no computador do escritório da fazenda,
conta o pesquisador.
Um identificador eletrônico instalado nos bovinos permite
a identificação imediata e inquestionável,
o que facilita e acelera o processo de reconhecimento de cada
animal individualmente. No campo, o kit básico do pesquisador
é preciso de uma leitora portátil, para armazenar
as informações, e uma antena (ou um bastão)
de captação de ondas eletromagnéticas,
que poder ser fixada no mangueiro ou cercas e protegida dos
animais.
Por se tratar de um aparelho eletrônico, instalado
no bovino, este garante a permanência do número
sem alteração alguma. O aparelho não
perde a validade, e terá seu número lido toda
vez que consultado. A outra ferramenta eletrônica que
compõem esta rastreabilidade eletrônica é
um painel com dispositivos eletrônicos que facilitará
a troca de funções ao se executar várias
atividades simultaneamente com um mesmo lote de gado no mangueiro
desmama, engorda, tipo de alimentação,
de manejo sanitário, para diferenciar o sexo do animal,
entre outras funções.
Essa maneira de identificação dos bovinos
será tanto melhor aproveitada se puder associar a identificação
com os programas de gerenciamento de rebanhos. Os programas
de computador serão mais ágeis devido a alimentação
inquestionável, oferecendo aos produtores decisões
sobre atividades de melhoramento genético, nutrição
animal e manejo sanitário.
De acordo com o pesquisador e responsável pelo projeto,
os objetivos finais englobam tornar a cadeia da carne bovina
uma atividade mais competitiva, tanto no mercado nacional
quanto no internacional, possibilitar a participação
de rebanhos considerados pequenos e médios no mercado
de carne bovina e consolidar a inserção definitiva
do Brasil nesse mercado mundial.
Rastreamento
Bovino
O
rastreamento bovino é obrigatório para os exportadores
do mercado europeu e é feito hoje por meio do Sistema
Brasileiro de Identificação e Certificação
de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). O registro de identidade
ou a rastreabilidade bovina (que pode ser feita por meio de
marca de fogo, brinco ou chip eletrônico) tornou-se
um passaporte para a exportação de carne ao
mercado internacional. Sem este documento não vai mais
ser possível entrar na maioria dos mercados. A medida
visa garantir qualidade de procedência à carne
que entrará no mercado internacional, via frigoríficos
exportadores, principalmente dos Estados do Mato Grosso do
Sul. O prazo para a identificação dos bovinos
vai até 2007.
Até dezembro de 2007, o Sisbov deverá ser estendido
a todo o rebanho nacional. A partir de 2008, toda carne deverá
ser certificada. Os dados do Sisbov reúnem informações
sobre a origem do animal, o mês do nascimento ou a data
de ingresso na fazenda, o sexo, os sistemas de criação
e de alimentação - a pasto ou confinado, tipo
de ração - o registro de movimentações,
e dados como vacinações, tratamentos e programas
sanitários. O rastreamento pode ser feito por meio
da marca de ferro, brinco ou transponder (identificador eletrônico).
Atualmente mais das 41 unidades da Embrapa, vem pesquisando
há cinco anos mecanismos de identificação
do gado, softwares e outras ferramentas que facilitem a vida
do produtor dentro de sua proposta de rastreamento.
Hoje o que se sabe é que o projeto do brinco eletrônico
esta em fase de testes e o seu custo poderá sair aproximadamente
R$ 5 reais e em grandes quantidades apenas R$ 3 reais, somente
os brincos. O sistema todo incluindo o software, garante o
pesquisador poderá sair em torno de R$ 3.000,00.
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