Adicionalmente,
durante o ciclo de crescimento da cultura são realizadas
amostragens com decisão de controle sempre que as pragas
atingem o nível de controle, situação
na qual utilizam-se pulverizações terrestres
ou aéreas com inseticidas registrados para o controle
das mesmas. Alguns grupos tem trabalhado no sentido de tentar
desenvolver cultivares com resistência às principais
viroses transmitidas por estes insetos.
Em
algumas glebas do Cerrado, principalmente naquelas localizadas
em áreas muito arenosas e onde a precipitação
é alta, tem-se verificado ainda a ocorrência
do percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) no início
do ciclo de desenvolvimento do algodoeiro associado às
raízes das plantas, onde permanece sugando a seiva.
Estes insetos constituem-se em pragas de difícil controle
e mesmo a aplicação de produtos sistêmicos
de solo tem pouca ação sobre os mesmos, quando
o ataque é intenso. Em áreas com histórico
de ocorrência desta praga tem-se recomendado o pousio
ou o controle dos insetos quando em revoada, já que
os métodos culturais de controle normalmente adotados
para outras pragas de solo (aração profunda,
escarificação do solo e etc) exercem pequena
ação de controle contra esta praga, dado ao
seu hábito de se aprofundar muito no perfil do solo
em condição de seca.
Apesar de algumas das lagartas que atacam o algodoeiro poderem
ocorrer a partir dos 30 a 40 dias após a germinação,
a grande maioria delas tem seu ataque concentrado do meio
para o final do ciclo de crescimento da cultura. Enquanto
algumas espécies são capazes de atacar as folhas
da cultura (Alabama argillacea, Spodoptera spp. e Pseudoplusia
includens), outras (Heliothis virescens, Spodoptera spp.,
Pectinophora gossypiella) concentram seu ataque nos botões
e maçãs das plantas. As táticas normalmente
adotadas para o convívio com estas lagartas, incluem
a utilização de armadilhas com feromônio
para amostragem, liberação de vespinhas parasitóides
dos ovos das pragas, plantio antecipado visando escape do
ataque, destruição dos restos culturais, além
do controle químico sempre que as densidades populacionais
atinjam o nível de controle adotado.
Uma praga que tem crescido em importância no Cerrado
é o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). Considerado
a praga-chave do algodoeiro mesmo em outras regiões,
o inseto chegou a inviabilizar o cultivo do algodoeiro o algodão
em alguns locais. Em algumas áreas do Cerrado, normalmente
o inseto concentra o início do seu ataque na época
de colheita do plantio regular (safra). Todavia, em outras
áreas sua presença começa a ser verificada
nas lavouras por ocasião da emissão dos primeiro
botões florais, local preferido para seu ataque. A
entrada da praga na lavoura pode ser constatada através
do monitoramento com armadilhas contendo feromônio,
devendo-se concentrar esforços de controle ao sinal
das primeiras infestações da praga. O controle
terapêutico normalmente envolve a pulverização
de inseticidas registrados para o combate da praga, sendo
os mais utilizados àqueles pertencentes à classe
dos organofosforados e organoclorados. Medidas preventivas
à evolução do potencial causador de danos
incluem adoção de calendários de plantio
e destruição de soqueiras para uma dada região.
O incremento do potencial causador de danos desse inseto no
Cerrado ao longo dos anos, pode ser estreitamente associado
ao intenso sistema de exploração das áreas,
com cultivo de várias safras por ano, o que permite
o desenvolvimento de várias gerações
do inseto/ano.
Outras pragas de menor importância, pois tem sua ocorrência
restrita a alguns locais e condições específicas,
e que também ocorrem na região são os
ácaros (Tetranychus urticae, Tetranychus ludeni e Polyphagotarsonemus
latus), os percevejos rajado e manchador (Horcias nobilellus,
Dysdercus spp), os percevejos migrantes da soja e a broca
do algodoeiro (Eutinobothrus brasiliensis). Normalmente dada
a ocorrência mais restrita destes insetos medidas de
controle já adotadas para as pragas de maior potencial
causador de dano, terminam por suprimir as infestações
destes insetos. Quando as infestações são
suficientes para atingir o nível de controle (comumente
alcançado, por exemplo, para ácaros em plantios
fora de época) medidas específicas de controle
são adotadas e estas envolvem a pulverização
das lavouras com produtos químicos registrados para
seu controle.
Controle
de Pragas para o Algodão do Nordeste e Colorido
Os
insetos-praga que atacam o algodoeiro cultivado no Nordeste
brasileiro, seja branco ou colorido, não diferem muito
daqueles que ocorrem infestando o algodoeiro cultivado no
Cerrado. Todavia, no caso do Nordeste (excluindo-se o Cerrado
Nordestino) dada a condição peculiar do cultivo
do algodoeiro, realizado principalmente por agricultores familiares
que produzem cultivares herbáceos e arbóreos
(em menor escala), e possuem pequena renda de forma a limitar
a adoção de pulverizações com
produtos sintéticos, a situação do ponto
de vista do manejo de pragas é bem distinta daquela
verificada para o Cerrado.
Nesta condição, o principal inseto a restringir
o cultivo do algodoeiro é o bicudo do algodoeiro, que
se encontra amplamente disseminado pelas regiões de
cultivo. Em geral a principal tática de manejo adotada
é o controle cultural, já que a mão-de-obra
da família pode ser empregada neste processo, além
das menores áreas de cultivo favorecerem a adoção
desta tática do MIP do algodoeiro. Sendo assim, as
medidas recomendadas para o convívio com a praga incluem
a catação e destruição dos botões
florais caídos ao solo contendo as larvas do inseto
no seu interior e o plantio de cultivares de ciclo curto que
escapem do ataque do inseto. Adicionalmente, sempre
que o nível de controle seja atingido (10% de botões
florais com orifícios de alimentação
e/ou oviposição) e que a recomendação
da adoção de pulverizações se
justifique, estas podem ser feitas utilizando-se produtos
registrados para o controle da praga. No caso do cultivo do
algodoeiro arbóreo, deve-se atentar para a condução
correta da cultura, evitando-se que as plantas vegetem ininterruptamente
e permaneçam emitindo botões florais, algo que
contribuiria para aumentar o número de gerações
do inseto/ano e, em conseqüência, seu potencial
causador de danos.
Além do bicudo, surtos do curuquerê do algodoeiro
(Alabama argillacea) são comuns neste tipo de condição.
Em geral, caso os surtos ocorram próxima à colheita
das plantas, quando os capulhos já se encontram abertos,
nenhuma medida de controle é adotada já que
a desfolha seria benéfica neste caso, no sentido de
uniformizar a operação. Entretanto, caso os
surtos ocorram no início do desenvolvimento vegetativo
das plantas, quando estas são mais sensíveis
ao ataque, medidas de controle curativas são recomendadas.
Alguns produtores já utilizam liberações
inundativas de vespinhas parasitóides do gênero
Trichogramma visando prevenir os surtos populacionais destas
pragas. Predadores do gênero Chrysoperla também
podem ser liberados, visando exercer ação de
controle contra pulgões, tripes, ácaros, ovos
de pragas em geral e lagartas de primeiros ínstares.
Dado ao menor uso de inseticidas nestes tipos de cultivo,
o controle biológico representa uma tática essencial,
seja conservativo ou introduzido. Alguns produtores lançam
mão ainda da pulverização de extratos
ou óleos vegetais que possuam atividade inseticida,
tais como extrato de folhas e óleo da semente de Neem,
óleo de algodão e outros.
Em condições irrigadas podem ocorrer surtos
populacionais de pulgões e ácaros que justifiquem
a adoção de medidas de controle. Para as demais
pragas que ocorrem atacando o algodoeiro, em geral, não
são adotadas medidas de controle específicas
ou estas tem sua densidade populacional restringida por ocasião
da adoção de medidas de controle para os insetos
de ocorrência preponderante ou dada a ação
do controle biológico natural, que em condição
de menor pressão de seleção por pesticidas
tem sua ação potencializada. Além disso,
as cultivares recomendadas para o cultivo nesta condição
em geral não apresentam a mesma restrição
de suscetibilidade varietal aos vírus transmitidos
por insetos sugadores como aquelas cultivadas na região
do Cerrado, algo que contribui para a redução
da necessidade de pulverizações. Insetos como
os pulgões, quando considerados apenas como pragas
agrícolas e não como agentes transmissores de
viroses, e desde que ocorram em densidades não econômicas,
atraem inimigos naturais para as lavouras que uma vez presentes
no agroecossistema irão exercer suas ações
de controle também sobre outras pragas que ocorrem
atacando o algodoeiro.
|