O
amendoinzeiro (Arachis hipogea L.) é hoje uma das mais
importantes oleaginosas, sendo a quarta mais produzida, perdendo
apenas para a soja, o algodão e a canola. Participa
com 10% da produção mundial de óleo comestível,
com uma produção em torno de 23,5 milhões
de toneladas/ ano, sendo os principais produtores a Índia,
a China e os Estados Unidos. O Brasil já chegou a ser
o sétimo produtor mundial de amendoim. Atualmente,
a produção nacional é em torno de 150.000
t/ ano, sendo São Paulo o principal produtor, com 80%
do mercado.
Para muitos produtores, o amendoim é uma cultura muito
interessante e vem chamando a atenção de pequenos
e médios agricultores, principalmente quando o assunto
é a rotação de cultura com a cana-de-açúcar,
além de ser uma cultura de ciclo curto, resistente
à seca e de adaptabilidade ampla. Hoje, a tendência
de aumento das áreas de cultivo de amendoim em outros
Estados brasileiros, principalmente Minas Gerais, Mato Grosso
do Sul e Bahia. É uma cultura que pode beneficiar
milhares de pequenos produtores, com 1,0 a 3,0 ha. O custo
de produção é relativamente baixo na
pequena produção, situando-se em torno de R$
400,00/ha, com os maiores gastos com a compra das sementes
e com mão-de-obra, que na pequena produção
é familiar, comenta João Luiz Furco, produtor
da região de Dumont, SP, uma das principais regiões
produtoras.
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Na
opinião de Furco, o amendoim serve, principalmente
como rotação de cultura e se encaixa perfeitamente
no ciclo de descanso de área destinada à cana-de-açúcar.
O ciclo do amendoim gira em torno de 120 a 130 dias.
É a cultura exata para a rotação, principalmente
porque arrasta para o solo toda matéria orgânica,
como o nitrogênio, necessário para o cultivo
da cana-de-açúcar. É um casamento perfeito,
diz o produtor, que há 20 anos investe nessa cultura.
De acordo com o produtor e hoje também empresário
no ramo de doces e derivados de amendoim, o mercado desta
semente oleaginosa ganhou forte expansão, principalmente
após a crise ocorrida com o aparecimento da aflatoxina,
uma substancia tóxica (derivado do fungo Aspergillus
Flavus) que é prejudicial ao homem e aos animais, encontrada
em grãos de amendoim com teor de umidade variando entre
9 e 35%. O agricultor, o cerealista e o industrial tomaram
consciência de que precisavam obter um produto de qualidade.
Com isso, passaram a ter controle melhor, principalmente da
umidade. Conseqüência disso, o mercado melhorou
e hoje já estamos atendendo também ao mercado
externo.
Impulsionados hoje pelos preços no mercado interno,
os produtores prevêem um plano de crescimento da produção,
com uma maior presença do produto nas prateleiras das
redes de varejo. Além disso, o aumento das exportações
e o lançamento de novas variedades, resistentes às
doenças fazem com que amendoim já produza bons
frutos mercadológicos, principalmente, com a
influência das festas juninas. Período considerado
a grande vitrine para o setor - quando as vendas aumentam
de 30% a 40%.
O
Inimigo do Amendoim
O
problema das aflatoxinas, por exemplo, garantem os especialistas,
nunca vai terminar. Porém, no Brasil, o fungo está
bem controlado, diz o produtor. A aflatoxina é considerada
substância cancerígena e provoca intoxicações
que levam à morte de animais alimentados. Também
pode provocar intoxicação no homem quando consumido
na forma de grãos torrados ou de doces.
Segundo João Luiz, em um levantamento realizado no
ano de 2005: de 100 amostras, 94 apresentaram conformidade
(controle sobre o fungo Aspergillus Flavus). Isto é
um avanço muito grande quando se fala de contaminação
no solo, que foge das mãos do produtor. Após
a colheita, na armazenagem, é bem mais fácil
de se evitar o problema. Levando o produto para a secagem
mecânica, o agricultor consegue abaixar a umidade dos
grãos de 18 a 8,5%. Com isto, é eliminado de
vez o risco de contaminação. De acordo com Furco,
isto garante um bom produto e um preço diferenciado
na comercialização. No entanto, este processo
é um tanto oneroso, levando os pequenos produtores
a buscar parceiros para realizar a secagem de forma cooperada.
Em um país como o Brasil, líder mundial
na produção de cana-de-açúcar,
a cultura rotacional do amendoim tem bom potencial,
afirma Carlos Barion, presidente da ABICAB - Associação
Brasileira de Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim,
Balas e Derivados.
O amendoim, que durante o ano de 2004 praticamente dobrou
a produção, passando de 200 mil para 350 mil
toneladas, em 77.000 hectares de lavouras, ainda tem espaço
para crescer, dentro e fora do país.
A
tecnologia a serviço do produtor
A
operação de colheita na lavoura de amendoim
pode ser feita com base na cor interna da casca,
cor da película característica da semente e
ciclo da variedade. A colheita no momento adequado resulta
em maior peso, melhor secagem, maior teor de óleo e
maior qualidade, sendo que estes fatores estão
diretamente relacionados com a quantidade e qualidade do amendoim
colhido. Da mesma forma que a antecipação da
colheita diminui a produtividade e a qualidade do amendoim.
O atraso também provoca perda de vagens, germinação
das sementes no interior dos frutos, facilita o ataque de
pragas e aumenta os problemas com a aflatoxina.
Hoje, a tecnologia já permite medir a umidade doas
grãos. Um instrumento projetado para permitir
sua utilização em qualquer local, onde se devem
fazer medições rápidas de umidade, com
grande confiabilidade, explica o engenheiro Fernando
Engelbrecht, da empresa Gehaka, fabricante do produto. De
acordo com ele, no medidor é possível o produtor
fazer a compensação de temperatura automaticamente,
dispensando o uso de termômetro e tabelas. O processo
é bastante simples: o operador seleciona o tipo de
grão, pesa a amostra e despeja o produto no funil de
carga do medidor. O amendoim, quando chega ao ponto de colheita,
está normalmente com 45% de umidade. Quando está
maduro fica com 18% de umidade. Este é o momento correto
de levá-lo para a secagem e, por isso, a necessidade
dos medidores de umidade de lavoura. Imagina em uma
plantação de amendoim a 400 km daqui, não
dá para trazer a amostra, comenta o engenheiro.
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