Há aproximadamente três meses, eles ganharam
a oportunidade de investirem melhor em suas terras, produzindo
mais e aproveitando cada área da propriedade.
Um dos mais recentes produtores, a participar deste roteiro,
foi Gilson de Carvalho, mais conhecido como Gilson Bambuira
(professor e músico). Na Chácara da Música,
o espaço para o cultivo da horta orgânica ainda
é pequeno (média de dois alqueires), pois o
objetivo inicial era produzir apenas para o sustento da família.
Mas, recentemente, com o apoio do Programa Progredir
o professor mudou a realidade da pequena chácara, onde
vive com a família: A intenção
agora é tornar a horta orgânica a principal fonte
de geração de renda da propriedade, diz.
O Programa Progredir está mudando a vida e o sustento
de muitos produtores. O projeto, coordenado pelo Pró-Terra
(ONG formada por ambientalistas e cientistas) e patrocinado
pela Fundação Monsanto, entra no seu terceiro
mês de implantação, contabilizando 34
produtores rurais cadastrados. Produtores que recebem orientações
sobre alternativas e técnicas de cultivo e gerenciamento
de suas propriedades.
Através de coordenadores e voluntários, que
estão visitando as propriedades rurais para fazer uma
avaliação das atividades econômicas desenvolvidas
em cada uma delas, o Programa tem como objetivo coletar informações
que vão subsidiar o trabalho de orientação
dos produtores rurais sobre cuidados com o solo, preservação
da vegetação, da natureza, criação
de animais e produção de alimentos. Hoje,
o Programa Progredir é algo significativo e importante
para a região e para os agricultores que vivem da terra,
principalmente por incentivar a todos a trabalharem juntos
como uma cooperativa, orientando e buscando a melhor forma
de comercialização e produção.
O Programa mostra qual caminho a seguir. Aqui, eles não
dão o peixe, mas a vara para pescar,
argumenta o professor Gilson de Carvalho.
Na Chácara da Música, a assistência
do projeto foi fundamental para produtor começar a
atender o mercado do próprio distrito, que possui hoje
uma grande demanda graças às pousadas e restaurantes,
frutos gerados pelo ecoturismo local.
No pequeno espaço, ao lado da área preservada,
o professor Gilson já colhe espinafre, brócolis,
couve de bruxelas, jiló, alface, repolho, salsinha,
tudo derivado de uma horta orgânica. Criamos também
a oportunidade das pessoas virem colher aqui na horta, e conhecer
o que o projeto esta fazendo por nós.
Além do curso de capacitação e de horta
orgânica proporcionados pelo SENAR Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural o produtor se orgulha
em mostrar a pequena estufa que fez, com o apoio do programa,
utilizando material da própria propriedade. Com
isto, o nosso objetivo é possuir mudas de qualidade
e, conseqüentemente plantas com mais chance de produzir
no futuro, melhorando assim, a produção e tornando
a comercialização mais eficaz, ressalta
Gilson de Carvalho.
Para a coordenadora e ecóloga do Programa Progredir,
Marilene Mesquita Silva, um dos objetivos do projeto é
que os produtores possam dar continuidade na produção
e se tornar independente. Nossa intenção
é verificar qual é seu maior interesse. A idéia
não é mudar nada, é apenas desenvolver
aquilo que o produtor já tem. Por isto, o sucesso do
Progredir é o resultado da boa receptividade e da cooperação
da população rural de São Francisco Xavier.
Para isto, trabalhamos com pessoas que estão engajadas
no projeto para que com o tempo elas sirvam de multiplicadores,
ou seja, mostrem aos outros, o que é possível
fazer, relata Marilene.
As
ações do Programa
Segundo
a coordenadora do programa, o grande desejo do produtor rural
é obter mais informações para facilitar
o trabalho no campo. Ele quer saber como produzir mais,
como tornar sua terra mais rentável, como diminuir
os custos de produção. Estamos disponibilizando
este suporte técnico a eles, pautando-os também
sobre a importância do desenvolvimento sustentável
e, sobretudo, a preservação ambiental,
afirma Marilene.
Atualmente, dentre as principais atividades econômicas
dos produtores cadastrados no Progredir destacam-se a pecuária,
a agricultura destaque para a produção
de shitake - a criação de abelhas, a produção
de rapadura e melaço e a piscicultura.
Outro exemplo de ação do Programa Progredir
é nos 64 alqueires arrendados, há quatro anos
pela Dona Marina Fonseca Formitano. Para ela, o Progredir
chegou em boa hora. Com uma área de apenas dois alqueires,
Dona Marina divide espaço entre a criação
de trutas (espécie de peixe que sobrevive em água
doce e muita fria), com uma área de pesque-pague e
um restaurante, que garante, todo o mês a renda da família
e ainda gera empregos diretos na propriedade. As terras de
Dona Marisa hoje também fazem parte do cadastro do
Progredir e recentemente, recebeu a visita dos
técnicos para fazer algumas melhorias e fornecer orientações
valiosas, que já começaram a serem aplicadas.
De acordo com o técnico agropecuário do Progredir,
Artênio Sérgio Pinto Arce, na propriedade são
vendidas trutas in natura, e trutas para a engorda,
e ainda o peixe é o prato principal do restaurante
que diariamente recebe muitos turistas. Agora, ela só
espera o financiamento, que por intermédio do Progredir,
pode ajudá-la na melhoria e na estrutura do pequeno
restaurante e dos tanques, para que assim mais turistas possam
vir, conta o técnico.
Com a ajuda pessoal do progredir espero conseguir logo,
relata dona Marina - que já pensa em expandir a área
para cultivar uma horta orgânica, para atender a demanda
do restaurante.
São
Francisco das Esperanças
Pode
se falar que tão importante como estimular, reestruturar
e promover o desenvolvimento rural do distrito, o Programa
Progredir também esta realizando milagres. Quando se
iniciaram os trabalhos, um dos beneficiários do Programa
também foi a única cooperativa de leite do distrito.
Hoje, com 40 integrados, a Cooperativa Agropecuária
dos Produtores de Leite de São Francisco Xavier, ganhou
força e está sobrevivendo através do
Programa. De acordo com José Mauro da Silva, 43 anos,
presidente da cooperativa, a ajuda foi muito importante, principalmente
depois das novas normas que apareceram no setor e que desfavoreceram
o pequeno produtor. Com a cooperativa se organizando
e o programa apoiando, eles tiveram a oportunidade de reestruturarem.
Unidos, deram o passo importante: a compra de um tanque de
resfriamento (providencia dos técnicos do Programa
Progredir) onde hoje é armazenado o leite, que depois
é levado para uma grande cooperativa de São
José dos Campos, conta a coordenadora Marilene
Mesquita.
Além de agregar valor, o produto não corre mais
o risco de estragar. Com a média de 40 litros, eles
hoje que contam com a estrutura de dois caminhões e
podem produzir até 100 litros de leite resfriado. O
custo total do tanque foi dividido entre os produtores. Aqui,
é um por todos e todos por um. Se tivermos lucros todos
têm, se há prejuízo, todos pagam juntos,
comenta o presidente da cooperativa Mauro da Silva.
Além de aumentar a produtividade, eles agora estão
melhorando a produção. Com o Programa, os pequenos
produtores de leite já aprenderam a fazer silagem e
a campineira para manter o gado alimentado nos meses de seca.
Na avaliação de Silvio Cesar Schmidt, agrônomo
que integra a equipe do Programa, é necessário
repassar aos produtores da região informações
básicas sobre a sua própria atividade econômica
até chegar o momento de abordar assuntos mais complexos
como, por exemplo, técnicas avançadas de produção
e genética. Estamos fazendo um trabalho inicial,
levantando as principais carências de informação
dos produtores rurais da região. Comecei falando sobre
higiene e sanidade, assuntos fundamentais nas propriedades
que visitei, diz Sílvio.
Grandes
Parcerias
A
Fundação Monsanto - fundo mundial de apoio a
iniciativas sociais e ambientais nos países em que
a empresa atua - aprovou para três anos, o patrocínio
de US$ 161 mil dólares para o Programa Progredir,
que visa reestruturar e promover o desenvolvimento rural de
São Francisco Xavier. O Programa nos empolgou
porque reúne duas características que a Fundação
Monsanto considera muito importantes e procura sempre incentivar:
levar informação para o pequeno agricultor,
normalmente carente de assistência agronômica
e gerencial, e o incremento de boas práticas ambientais.
Além disso, é uma excelente oportunidade para
estreitar o relacionamento com a comunidade agrícola
de São Francisco Xavier, vizinha da primeira fábrica
inaugurada pela Monsanto no País, em São José
dos Campos, que completará 30 anos em 2006, ressalta
Cristina Rappa, representante da Fundação Monsanto
no Brasil. Ela ainda lembra que há uma perspectiva
de crescimento. Com certeza, a meta é alcançar
100 produtores cadastrados ainda neste ano, diz Cristina.
Para o coordenador-executivo do Pró-Terra (Ong - que
coordena o trabalho da equipe que fica em São Francisco
Xavier), Benito Iglesias, a principal missão é
de trabalhar em prol do desenvolvimento do agronegócio
brasileiro, respeitando seus aspectos ambientais, sociais
e éticos. Acreditamos que todas as técnicas
agrícolas (convencional, orgânica, hidropônica,
biotecnologia e silvicultura) são necessárias
e complementares, desde que se respeite o meio ambiente e
que sejam baseadas em estudos técnico-científicos.
Acreditamos também assegurar no futuro que os produtores
e a população local façam uso adequado
da terra e apliquem as orientações fornecidas
pelos técnicos do Projeto, de forma a reduzir a degradação
ambiental, assegurando a sustentabilidade e a continuidade
do desenvolvimento para as próximas gerações,
melhorando a qualidade de vida do distrito, acrescenta.
Já para Nelson José da Costa, voluntário
do projeto e morador de São Francisco Xavier, a grande
perspectiva futura do Programa Progredir é
estimular a produção agrícola sustentável
no município através e, principalmente, dos
jovens e da orientação técnica para um
uso sustentável da terra. Será possível
com isto, melhorar a qualidade de vida no distrito, evitar
o êxodo rural e fixar o homem no campo, assegurando
a ele sustentabilidade e desenvolvimento de suas terras,
diz.
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