Mas,
o que explica o sucesso da fruticultura no município?
Os produtores afirmam: é o clima, a região e
a terra abençoada. Hoje, Valinhos também faz
parte do pólo turístico do circuito das frutas,
que integra as cidades de Vinhedo, Itatiba, Jundiaí,
Jarinu, Morungaba, Indaiatuba, Louveira e Itupeva. Outra prova
da força de Valinhos é a união dos pequenos
produtores. Há aproximadamente seis anos, com a formação
de uma associação hoje denominada - Associação
Agrícola de Valinhos e Região, eles se fortaleceram
para encontrar alguns caminhos alternativos para melhorar
a produção, ganhar mais lucro, diminuir os custos
e viabilizar a comercialização.
No Sítio Kusakariba, propriedade de Teruo Kusakariba,
a sua parceria com a associação trouxe os técnicos
agrícolas que acompanham com freqüência
sua produção. Contamos hoje com o apoio
dos técnicos especializados da CATI - Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral, entidade ligada
a Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo,
argumenta.
Para o produtor, que destina grande parte de suas terras para
o cultivo de goiaba, pêra japonesa, ceriguela, na verdade,
a Associação Agrícola surgiu como uma
forma de tentar reunir os pequenos fruticultores da região
para torná-los um grande produtor, principalmente no
momento da comercialização. Mas, nas vendas,
até o momento não tivemos êxito, cada
um vende o seu produto da sua maneira, porém para a
compra de insumos, como defensivos e embalagens, tivemos uma
grande economia. Como todos compram juntos, conseguimos um
grande abatimento no preço, isto se reverte, é
claro, em lucro, revela.
Lucro que Kusakariba espera obter neste ano, principalmente
na sua maior cultura, a de goiaba. Ao contrário
do ano passado, por causa das chuvas, espero colher nesta
safra aproximadamente 80 mil caixas de goiaba, diz.
Dos 1.300 pés, sendo 1.000 de goiaba vermelha e 300
de goiaba branca, o produtor agora aposta em uma variedade
de goiaba diferenciada, mais cremosa e mais doce. Desenvolvida
pela própria família, o produtor já entrega
para o mercado uma fruta, que chega a pesar um quilo. A
saída do pequeno produtor é ver o que o mercado
esta pedido e, muitas vezes numa pequena área é
possível conseguir bons resultados fazendo boas parcerias.
Hoje, com os investimentos, o custo de produção
aumentou bastante e o preço não tem ajudado
os pequenos produtores, comenta.
Agroturismo
Com
a Associação, os produtores de Valinhos também
estão agregando valores na produção,
além das frutas saírem direto para a comercialização
(parte que ele ainda faz sem a ajuda da Associação),
o seu Sítio, graças a esta parceria, faz hoje
parte do roteiro do Agroturismo do município.
Ao contrário do produtor encontrar o cliente,
aqui, são eles que procuram as propriedades. E o resultado
é excelente. Depois disto, partimos até para
a fabricação de alguns doces caseiros, como
goiabada cascão, geléia, doces cristalizados.
Tudo a pedido dos turistas. Isto ajudou, e muito, no rendimento
familiar, confessa. De acordo com o produtor, depois
deste programa, os lucros subiram em torno de 35%. Os
turistas vem conhecer a cultura da goiaba, entende todo o
processo e passa a dar mais valor na fruta e no produtor,
conta.
Mas ele não é o único, dentro do roteiro
do Agroturismo a Chácara Boa Esperança é
a mais aguardada pelos turistas. Nos dois alqueires e meio,
onde estão os pés de uva niagara rosada e uva
niagara branca, Mario Scabello, de 64 anos, confessa que já
conseguiu muito lucro com a uva. Na safra anterior foram
12 mil caixas de uvas, conta. Ele também é
um dos associados e confessa que com a participação
a realidade mudou: Sozinho não conseguiríamos
nada. Uma andorinha só, não faz verão.
Mario vê a associação com bons olhos.
Tivemos uma redução no preço na
compra de insumos é isto barateou a produção,
que, aliás, conta hoje com as goiabas e figos a pedido
dos turistas, diz. Atualmente, a vedete do produtor
não são mais as uvas, mas uma adega. Agregando
valor ao produto, ele conseguiu transformar o espaço
da chácara em um lugar onde comercializa licores, vinhos,
e a grappa (um aguardente de uva). Uma produção
feita pela própria família. Consegui aumentar
a renda da propriedade em pouco tempo e até comprei
uma caminhonete, só com o lucro da adega, conta
satisfeito.
Agora, Mario já pensa em aumentar o local e construir
quiosques para receber melhor os turistas. O agroturismo
e a associação melhorou bastante a vida dos
produtores. Com o turismo foi possível divulgar melhor
o nosso produto, as nossas frutas e produzir melhor.
Já para Luiz Roberto Bodrin, proprietário da
Chácara Califórnia e produtor de figo há
32 anos, a produção poderia estar melhor. Comecei
aqui com 2.500 pés, mas hoje tenho apenas 500 pés,
tudo conseqüência de uma doença terrível
que atacou os pés. Tentando encontrar novas soluções
para combater a praga, Roberto também é um dos
produtores a participarem da Associação. Como
já melhorou para os produtores aqui, espero que continue
e que a gente faça cada vez mais bons negócios
nas compras do insumos.
Sua propriedade que chegou a produzir até cinco mil
frutas (e que exportava quase dois mil para os países
da Europa), Roberto também fazia parte do roteiro do
agroturismo. Mas por conta dos problemas na propriedade,
ele parou de receber os turistas. A nossa esperança
é que ele volte logo, conta o guia de turismo
Valberto Fonseca.
O Agroturismo, passeio onde os turistas visitam as propriedades
rurais de Valinhos que produzem frutas típicas e ainda
podem comprar produtos feitos nas chácaras foi um caminho
viável e mais curto para a valorização
do pequeno produtor rural. E que até o momento, garantem
os organizadores, está dando certo.
As
Parcerias
Segundo
o presidente da Associação Agrícola de
Valinhos e Região, Pedro Pellegrini, o intuito de criar
uma associação com os pequenos produtores era
com objetivo na comercialização. No entanto,
tivemos alguns problemas e dificuldades pelo caminho,
conta. Porém, a Associação encontrou
outra forma de ajudar os produtores, como foi no caso da compra
de insumos. Com esta ação não existem
mais atravessadores, o que contribui muito para
o barateamento do preço final. Compramos diretamente
dos fabricantes, diz Pellegrini.
Atualmente, a Associação também busca
junto ao produtor incentivar a exportação das
frutas, principalmente para os países da Europa. Juntamos
os produtores para atender esta demanda de volume de produção.
Para 2006, os produtores já têm um projeto de
ampliar a linha de comercialização, adquirindo
mais espaço no mercado interno. Hoje, a Associação
busca novas parcerias além daquelas que já contamos,
como a Prefeitura e a Casa da Agricultura. Isto incentiva
o produtor a acreditar no seu produto e fazer maior volume
na sua produção, acrescenta.
57ª
Festa do Figo e 12ª Expogoiaba
O
município de Valinhos chega a receber em torno de 500
mil pessoas durante o evento, que acontece nos meses de janeiro,
época da safra do figo na região, no Parque
Municipal de Feiras e Exposições "Monsenhor
Bruno Nardini". Com o slogan "Uma delícia
de festa pra família toda", a Festa do Figo e
Expogoiaba reúne todos os anos os setores da fruticultura,
indústria, comércio e entidades assistenciais.
O evento consolida a imagem de Valinhos no cenário
nacional pela sua grande produção de frutas,
como morango, uva, pêssego, ameixa, caqui, acerola,
além das estrelas da festa - figo e a goiaba. Através
da atuação da Asserutil (Associação
das Entidades Assistenciais de Valinhos) e união dos
agricultores, é resgatado a história da festividade,
criada em 1949 pelas mãos do Monsenhor Bruno Nardini
para angariar fundos para construção da Matriz
da São Sebastião.
Segundo a Comissão Organizadora, presidida por Aldemar
Veiga Júnior, secretário municipal de Desenvolvimento
Social e Habitação, esta a oportunidade dos
produtores divulgarem o seu produto e o agroturismo da região.
Hoje quase 90% da produção de figo roxo
no País, saí daqui de Valinhos. Neste
ano de 2006 contamos com 40 produtores, e esperamos nos próximos
anos aumentar este número, diz.
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