De
acordo com o professor, José Amado Alves, cerca de
40% das frutas produzidas no Brasil são perdidas, desde
a colheita, passando pelo encaixotamento, até o consumidor
final. O que gera um grande desperdício para o País.
Por isso, ele conclui: Os objetivos principais do trabalho
era fazer o descarte zero, agregar valor aos produtos descartados
pelo mercado in natura e a todos os produtos da
região do Vale, principalmente a banana, e abrir novos
mercados para novos produtos, conta.
É comum encontrar no mercado diferentes tipos de farinha,
como a de trigo, rosca e até mesmo de mandioca. Mas,
nunca alguém falou de farinha de frutas. No entanto,
o professor pesquisador não parou por aí.
Ele decidiu fazer o experimento também com outras frutas,
verduras e até legumes. O resultado foi uma farinha
diferenciada das demais e um produto que já foi patenteada
pelo professor para a Pronatu, (empresa que comercializa produtos
naturais, como mel), com sede em Pariquera-Açú
no Vale do Ribeira a 220 km de São Paulo Capital.
Até o momento já foram desenvolvidas mais de
100 receitas que muitas vezes substituem também a farinha
de trigo de diversas formas, como em bolos, tortas e pudins.
A farinha também pode ser utilizada ainda para fazer
cereais matinais, suplementos alimentares, produtos integrais,
sucos e outras guloseimas. Entre os alimentos já transformados
em farinha está a goiaba, abacaxi, morango, maçã,
uva, manga, mamão, pêssego, beterraba, batata
doce, espinafre, cará, entre outros. Frutas geralmente
com algum descarte para o comércio.
De acordo com a farmacêutica da empresa Pronatu, Fabrícia
Soriani, já existem farinhas feitas com a casca de
frutas, legumes, que são extremamente nutritivas. Muitas
vezes, elas são oferecidas em regiões pobres.
Costuma-se misturar estas farinhas nas merendas escolares
para sustentar melhor as crianças carentes. Servem
como complemento alimentar e para auxiliar nas carências
nutricionais, conclui.
Segundo José Amado, os nutrientes da casca de banana,
por exemplo, chegam a 11% de proteína. O sabor conseguido
através das farinhas dever ser suave, sem ser amargo
ou adstringente e isento de fibras. As cascas são
muito mais nutritivas do que as frutas. Existe hoje, pouca
informação. A farinha, por exemplo, é
rica em potássio, cálcio, fósforo e o
principal benefício está em amido, as fibras
ajudam e melhorar a digestão, principalmente, para
as crianças. Uma dieta, de repente, rica em fibra pode
prevenir o aparecimento de colesterol, conta Fabrícia
Soriani.
Processo
da Farinha
O
processo para produzir a farinha de fruta, de acordo com José
Amado, não se difere das tecnologias utilizadas tradicionalmente.
A começar pelas máquinas. Os maquinários
são simples e fácil de serem encontrados. O
processo é diferente da liofilização,
spray dum, etc, usados nos processos convencionais. O
equipamento pode ser adquirido pelo pequeno produto. Nada
o impede que o produto possa agregar valor final, assim como
a farinha de mandioca, diz. No preparo, a fruta é
lavada, descascada ou não, retira-se a polpa ou não,
seca ou desidrata os cubos por aproximadamente três
horas (no caso da banana com 1cm de comprimento), mói
(no mesmo processo de café), peneira e embala.
Quanto ao custo de todo o processo este vai depender do nicho
do mercado, mas em grande escala, o produtor garante que o
custo será baixo. Com o equipamento de baixa escala,
o custo do quilo da farinha de banana sai por cerca de R$
2,50 a R$ 5.
De repente, o pequeno produtor produz a farinha da casca
de banana, como elemento de ração também.
Por ser um elemento protéico e energético,
explica José Amado.
Além disso, confessa o professor, o produto pode ter
excelente mercado quando o assunto é exportação,
já que a conservação é maior.
Vale lembrar ainda que esta farinha é desenvolvida
sem adição de ingredientes químicos.
Isto vem ajudar as pessoas que seguem a dieta dos celíacos,
pois a farinha não contém glúten.
Mercado
cresce
Nos
últimos anos tem ocorrido um aumento interessante de
frutas processadas no mercado. Sucos prontos para beber, frutas
processadas, já descascadas e fatiados, em caldas,
e outros alimentos industrializados têm caído
no agrado do consumidor. A diversidade de empresas que processam
frutas é enorme, mas distintas. De um lado estão
as grandes agroindústrias e cooperativas agrícolas,
geralmente fabricantes de sucos e polpas; e de outro um grande
contingente de micro e pequenas empresas que fabricam doces.
Alguns pequenos produtores orgânicos também estão
neste rol. Muitas vezes, o pequeno produto que não
tem condições de aplicar grande parte dos defensivos
e insumos, então resolver fazer uma horta orgânica.
Com o mercado desta farinha, ele pode vender seus produtos
para uma indústria grande é poder escoar toda
sua produção. Hoje no Vale do Ribeira, existem
mais de 2000 produtores, cerca de 15% dos produtos trabalham
somente com produtos orgânicos. A idéia é
conscientizar para os pequenos produtores também trabalhar
com a linha de orgânicos e ter como escoar seu produto.
Não existe um levantamento preciso de quantas atuam
neste segmento, contudo, a cada dia, mais e mais pessoas começam
a interessar-se pelo negócio. Entre os produtos mais
processados estão a banana-passa, a farinha de banana-verde,
o doce de banana, o purê ou a pasta de banana e a banana
em calda. De qualquer forma, nada impede que a comercialização
de qualquer produto seja feita no téte-a-téte,
para os vizinhos do bairro. Alguns produtos podem ser
processados em casa, com uma pequena infra-estrutura e em
quantidades condizentes com a clientela, diz José
Amado Alves.
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