(Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Pratylenchus
zeae.), cigarras, cupins, besouros Migdolus.
Nematóides:
Nas mais diferentes culturas do mundo, os nematóides
parasitos de plantas têm sido responsáveis por
uma parcela significativa de perdas provocadas pela destruição
do sistema radicular. O ataque dos nematóides à
cana-de-açúcar restringe-se às raízes,
de onde extraem nutrientes para o crescimento e desenvolvimento.
Segundo os estudos da Dra. Leila Luci Dinardo, além
do dano causado pela utilização de nutrientes
da planta, estes parasitos injetam toxinas no sistema radicular,
resultando em deformações nas raízes,
como as galhas provocadas por Meloidogyne, e extensas áreas
necrosadas, quando os nematóides presentes são
Pratylenchus. A grandeza dos danos causados por nematóides
é claramente quantificada em ensaios nos quais se faz
a aplicação de nematicidas químicos.
Assim, em um estudo com diversas variedades em campos altamente
infestados por M. javanica, o uso de nematicidas resultou
em acréscimos de produtividade da ordem de 15% em variedades
suscetíveis.
Entre os métodos viáveis de controle a serem
utilizados em cana-de-açúcar, pode ser citado
o controle químico, que consiste na aplicação,
no solo e no momento do plantio, de substâncias conhecidas
como nematicidas. Em geral, esses produtos podem eliminar
até 90% da população de nematóides
de uma área e, quando empregados corretamente, têm
proporcionado resultados altamente compensatórios.
Cigarrinha-das-Raízes
De acordo com os estudos da pesquisadora Leila Dinardo, desde
que as áreas de colheita de cana sem queima prévia
(cana crua) foram expandidas no Estado de São Paulo,
uma praga até então de pouca importância
econômica vem causando sérios danos para a cultura:
é a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata).
Esta espécie se encontra disseminada em praticamente
todas as regiões canavieiras do Brasil e, além
de cana-de-açúcar, se hospeda freqüentemente
em diversos capins e gramas. Os danos à cana-de-açúcar
são causados principalmente pelas formas jovens da
cigarrinha-das-raízes, que extraem grande quantidade
de água e nutrientes das raízes. Os adultos
também causam danos às plantas, pois, ao sugarem
a seiva das folhas, injetam saliva nos estomas (local onde
são armazenadas a água e as substâncias
que se transformarão em nutrientes para a planta, durante
a fotossíntese). Do ponto de vista econômico
e ambiental, o método mais adequado para reduzir os
danos causados pela cigarrinha, assim como por qualquer outra
praga ou patógeno, é o uso de variedades resistentes.
O nome vulgar, cigarrinha-das-raízes, está,
portanto, relacionado ao local de alimentação
e desenvolvimento das ninfas (filhotes) as raízes.
Os fatores climáticos têm grande influência
na dinâmica populacional destes insetos. Ambientes quentes
e úmidos, como o proporcionado pela palhada resultante
da colheita de cana crua, favorecem significativamente o desenvolvimento
da cigarrinha. Períodos de seca, ao contrário,
reduzem drasticamente as populações.
Os
Cupins
Os cupins são insetos sociais, de hábitos subterrâneos.
Muitas espécies de cupins são encontradas em
canaviais e podem ser divididas em dois grupos pelos hábitos
de construir suas colônias. Neste grupo estão
as espécies de Heterotermes, Procornitermes, Nasutitermes,
Neocapritermes, Syntermes e outros. O outro grupo contempla
os cupins de montículos, cuja espécie mais comum
em canaviais é a Cornitermes cumulans. Estes insetos
constroem ninhos acima do solo e são considerados de
menores importâncias porque se alimentam basicamente
de material vegetal morto e raramente são encontrados
atacando tecidos vivos. Os principais prejuízos ocasionados
pela infestação de cupins são causados
aos toletes destinados aos novos plantios. Penetrando pelas
extremidades, os cupins destroem o tecido parenquimatoso e
as gemas, causando falhas na lavoura. Nas brotações,
o ataque ocorre no sistema radicular, provocando debilidade
da nova planta. Em decorrência do ataque de cupins,
há severas reduções de produtividade.
Para áreas com problemas de pragas de solo, medidas
de controle devem ser adotadas por ocasião do plantio,
uma vez que tratamentos em soqueiras se mostram pouco eficientes.
O indicado é fazer a destruição mecânica
da soqueira, na época seca do ano, justamente porque
nessa época as populações de pragas são
mais elevadas, e utilizar inseticidas no plantio. Existem
cerca de 2500 espécies e vivem em colônias altamente
organizadas, onde o princípio básico é
a sobrevivência da colônia e não do indivíduo.
Besouros
Segundo os estudos do IAC de Ribeirão Preto, nos últimos
anos têm sido freqüentes, em várias regiões
do Estado de São Paulo, os relatos de canaviais severamente
danificados e até mesmo dizimados pelo besouro Sphenophorus
Levis (Coleoptera; Curculionidae), conhecido como gorgulho
da cana-de- açúcar.
Os danos são causados pelas larvas, que broqueiam os
rizomas. Em conseqüência das galerias abertas na
base dos colmos, ocorre amarelecimento de folhas, seguido
pelo secamento e morte de perfilhos, que podem ser facilmente
destacados da touceira. Sob infestações severas,
as touceiras morrem e são observadas muitas falhas
na rebrota, favorecendo altas populações de
plantas daninhas. Estes sintomas são mais facilmente
visualizados na época seca do ano (junho a agosto),
quando são encontradas as maiores populações
de larvas.
Embora seja uma praga importante, poucos estudos foram divulgados
recentemente contemplando medidas de controle. O IAC desenvolve
uma série de experimentos nesse sentido, mas os dados
ainda são preliminares.
Broca-da-Cana
No Estado de São Paulo, a mais importante praga é
a Broca da cana Diatraea saccharalis, cujo adulto é
uma mariposa de hábitos noturnos, que realiza a postura
na parte dorsal das folhas. Nascidas, as lagartinhas descem
pela folha e penetram no colmo, perfurando-o na região
nodal. Dentro do colmo cavam galerias, onde permanecem até
o estádio adulto. De acordo com a pesquisadora, os
prejuízos decorrentes do ataque são a perda
de peso devido ao mau desenvolvimento das plantas atacadas,
morte de algumas plantas, quebra do colmo na região
da galeria por agentes mecânicos e redução
da quantidade de caldo. Além desses, o principal prejuízo
é causado pela ação de agentes patológicos,
como o Fusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum, que
penetram pelo orifício ou são arrastados juntamente
com a lagartinha, ocasionando, respectivamente, a podridão-de-fusarium
e a podridão-vermelha, responsáveis pela inversão
e perda de sacarose no colmo.
Os inimigos naturais que melhor se aclimataram na região
e desempenham maior eficiência no controle da broca
são o microhimenóptero Apanteles flavipes e
os dípteros Metagonystilum minense e Paratheresia claripalpis.
Algumas medidas culturais auxiliares podem ser adotadas, com
o uso de variedades resistentes, corte da cana o mais rente
possível do solo; evitar o plantio de plantas hospedeiras
(arroz, milho, sorgo e outras gramíneas) nas proximidades
do canavial e queimadas desnecessárias, principalmente
o "paliço".
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