Nesses
casos os especialistas recomendam para um melhor aproveitamento
dos espaços que o produtor plante essas culturas nas
áreas próximas das encostas e morros.
No entanto alguns cuidados precisam ser tomados como escolher
espécies vegetais que cubram bem o solo. Outra recomendação
é que o produtor faça as curvas de nível
para diminuir a força da água nos dias de enxurradas.
Usar cobertura vegetal no meio das folhagens também
funciona. Isso além de melhorar as condições
gerais do terreno vai funcionar como uma cama que protege
o solo das agressões externas, explica Carla Francescone
Noznica, zootecnista da Associação Paulista
dois Criadores de Caprinos CAPRIPAULO.
Falta
de mercado freia
a produção
No
Sitio CapriSãoPaulo, o caprinocultor Vicente Ribeiro,
o manejo é todo feito no sistema de confinamento total.
Ribeiro que é o atual presidente da Associação
Paulista dos Criadores de Caprinos, CAPRIPAULO, fala com entusiasmo
do potencial da região Sudeste para a caprinocultura
de leite. Segundo ele, produzir leite de cabra é fácil.
O difícil está sendo criar um canal de comércio
que seja eficiente para o leite e seus derivados.
Um estudo sobre o potencial de mercado da atividade, feito
pela CAPRIPAULO junto com o Sebrae, mostra um potencial de
mercado para o estado de São Paulo de 30 mil cabras,
produzindo. Os números hoje mostram uma realidade ainda
muito aquém desse potencial. Apenas 1% desse volume
é o efetivo de produção do estado, 30
mil cabras. A falta de uma cultura de consumo aliado
a um perfil que sempre foi de atividade de subsistência,
inviabilizou a caprinocultura como atividade comercial,
ele conta.
Só que isso está mudando o produtor afirma.
Grande parte das propriedades de caprinocultura de leite já
tem seu próprio laticínio. O que falta é
um maior entrosamento da porteira para fora. O presidente
da entidade que representa os criadores diz já haver
um projeto para construção de laticínios,
em macro regiões, seis dentro do estado. O diferencial
está na forma de gerenciamento que deve ficar a cargo
dos próprios criadores, ele explica. Hoje, a
necessidade de expansão da caprinocultura paulista,
está obrigando a uma maior produção o
que só será possível com a união
dos produtores dentro de cooperativas, conclui.
Clima
do Sudeste favorece produção
A
região Sudeste conta com a vantagem de possuir um bom
volume de chuvas durante o ano e a maior umidade do ar garante
solos mais úmidos. Isso possibilita ao produtor obter
disponibilidade de massa verde (capim), durante dois terços
do ano, observa Carla Francesconi Noznica, zootecnista da
Associação Paulista dos criadores de Caprinos
(CAPRIPAULO).
O capim elefante é um dos mais usados pelo volume de
massa que ele produz. Seu teor de proteína nos períodos
mais favoráveis gira entre 7% e 9%. Uma coisa importante
para produtor observar é o tempo de corte de cada cultura.
No caso do capim elefante este tempo é de 45 dias,
aproximadamente, o que muda de uma espécie para outra.
A altura do corte deve sempre seguir uma linha próxima
ao terreno, entre três e cinco centímetros. Isso
garante um numero maior de rebrotas ao capim além de
aumentar seu vigor.
Outra coisa observada pela especialista é o período
de validade do volumoso. Como o capim é colhido verde,
em poucas horas ele começa seu processo de fermentação.
O tempo entre a colheita, a trituração e o cocho,
deve ocorrer antes que o alimento comece a perder sua qualidade.
Por isso a quantidade de capim nunca deve exceder o consumo
diário do rebanho. Se um animal adulto consome de 5
a 7 de massa verde por dia. Isso transformado em matéria
seca dá um número entre 1,5 Kg/cabra/dia e 1,8
kg/cabra/dia. O produtor só terá o trabalho
de multiplicar esse número pelo total de animais que
ele precisa alimentar e chegar a um peso aproximado.
Esse volumoso que vai servir de base para a alimentação
dos animais deve ser oferecido, no mínimo, três
vezes por dia. A técnica diz que não é
uma regra, mas o ideal é que o primeiro trato seja
feito longo cedo, outro entre as nove e dez horas da manhã,
repetindo a operação na parte da tarde. É
importante que o tratador evite os horários mais quentes,
entre meio dia e duas horas da tarde. Isso porque nesse horário
e comum os animais estarem ruminando o alimento consumido
na manhã e se preparando para o período da tarde.
O suplemento nutricional que normalmente é feito formulação
especifica para cada necessidade de produção,
também precisa ser oferecido fracionado ao longo do
dia. As formulações normalmente já constam
do fabricante. A proporção, no entanto, e de
cada dois litros de leite produzidos o animal receba um quilo
de ração. Só que essa quantidade precisa
ser de no máximo 400 gramas por trato. Caso isso não
seja respeitado pode ocorrer mortalidade entre os animais
por problemas no trato digestivo. O mais comum é o
empanzinamento.Na atividade de produção
leiteira onde os resultados são medidos diariamente,
a condição nutricional do plantel é determinante
para se garantir resultados destaca a zootecnista.
Os animais são alimentados com um volumoso à
base de milho verde, capim elefante e, durante o inverno,
aveia preta. Além disso, o produtor oferece uma suplementação
nutricional à base de ração comercial
e alguns alimentos nobres como, alfafa e polpa cítrica.
Carla Francesconi fala que está diversificação
de espécies na dieta é importante na medida
que não são todas as forrageiras que mantêm
sua produção nos meses de inverno. A aveia preta
é uma opção de cultura para o inverno,
no entanto, não é só ela. O feno é
outro alimento que o produtor pode usar como opção
para alimentação dos animais na seca. Alguns
capins como coast-cross, tifton e a própria Aveia preta,
dão um feno de excelente qualidade, destaca a
técnica.
A produção de silagem também é
estratégica no sito CapriSãoPaulo. Para não
enfrentar problemas de escassez de comida durante a estiagem,
Vicente construiu dois silos cada um com capacidade para armazenar
80 toneladas de alimentos. Esses silos são suficientes
para guardar todo o excedente de massa verde produzido no
verão, ele explica. Segundo a especialista, o valor
nutricional do capim ensilado diminui um pouco quando comparado
ao capim fresco. Só que sua função como
volumoso, num período onde a escassez de pastagem é
grande, é vital.
O plantel do sitio atualmente é de 350 cabras. Ribeiro
que seu plantel está passando por uma reformulação.
O plantel de produção conta com 50 cabras em
lactação, número bom segundo o criador.
Cada uma produz uma média diária de 5 litros
de leite, volume que não seria possível sem
um planejamento prévio e o auxílio dos profissionais,
conclui o criador.
Infraestrutura
precisa estar ajustada
A
parte de infraestrutura é outro ponto que o criador
deve estar atento. Os caprinos são animais com hábitos
de alimentação bastante peculiares o que não
permite um manejo feito de qualquer jeito. Além da
seletividade para escolher seus alimentos, o que não
é muito diferente em outros ruminantes, a cabra é
um animal extremamente higiênico. Se o alimento for
colocado no cocho, por exemplo, e uma das cabras vir e pisar
em cima, urinar, ou coisa parecida, todo o restante é
simplesmente desprezado pelas demais.
Por isso, em primeiro lugar, é importante que o caprinocultor
conheça bem o comportamento de seus animais. Um segundo
passo é as instalações estarem ajustadas
para favorecer o manejo. O cocho de alimentos, nunca deve
ser construído dentro do curral para evitar que os
animais tenham acesso à comida. As cabras gostam
muito de fazer ninho e o cocho é uma excelente opção,
brinca a especialista. Esse cuidado deve ser tomado
também com os cochos de água e de sal mineral,
que são menores, porém, não menos atrativos,
conclui.
A altura dos cochos também precisa acompanhar o crescimento
das cabras. As instalações devem contar com
cochos de altura a partir de 30 cm até pouco mais de
meio metro do chão. Assim o animal não vai precisar
fazer sacrifício na hora de comer. A umidade é
outra coisa que não combina com cabra, destaca a especialista
da CAPRIPAULO. Assim é importante que o tratador troque
periodicamente a cama dos animais, lugar que pode se tornar
fonte de contaminação por verminoses, fungos
e outros problemas sanitários.
A limpeza é outro ponto fundamental para aumentar o
interesse dos animais pelo alimento. Isso pode ser feito toda
vez que o tratador for colocar alimento no cocho ele dar uma
varrida para tirar as sobras. Existe uma perda natural por
arraçoamento que chega a 20%. É importante que
o tratador fique atento porque, se isso não acontecer
á quantidade de alimentos pode estar insuficiente.
Outra dica é dividir ao máximo o trato diário
dos animais. Isso aguça o interesse das cabras pelo
alimento. A movimentação do tratador no cocho
e o cheiro de comida fresca servem de estimulo e isso promove
um consumo maior das cabras.
Reprodução
depende da alimentação
Outro
ponto que o manejo nutricional interfere diretamente dentro
da criação é no desenvolvimento reprodutivo
do rebanho. Para isso o trato deve começa logo nos
primeiros dias de vida dos animais. Na caprinocultura leiteira
o apartamento da mãe é feito dias depois do
nascimento. O filhote recebe o colostro já pasteurizado
e logo em seguida começa a aleitamento artificial.
Isso acontece pela quantidade de leite que uma cabra produz
e o preço do produto no mercado. Segundo a zootecnista
sai mais barato amamentar um filhote usando o leite de vaca
que também tem valor nutricional e o leite da cabra
segue para a venda. Cada filhote consome uma média
diária de 2 litros de leite. Segundo a técnica
da associação já imaginou se o
produtor oferecer o leite da mãe ao filhote. Não
vai sobrar leite para vender, brinca. Logo nas primeiras
semanas esse aleitamento é feito quatro vezes por dia.
Com o tempo o filho é estimulado a consumir volumoso
e as mamadas vão diminuindo até a desmama que
ocorre aos 60 dias. A condição corporal dos
animais é tida como essencial para um desempenho reprodutivo
satisfatório. Nas fêmeas elas precisam estar
pesadas e apresentar cio precocemente para se tornarem matrizes.
Já nos machos, a quantidade e a qualidade dos espermatozóides,
para ele se tornar um reprodutor, dependem do estado nutricional
que esse animal recebeu durante se desenvolvimento, explica
a especialista.
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