A diferencial é que os criadores resolveram diversificar
o experimento, incluindo também animais ½ e
¾ Canchim x Nelore. No total foram reunidos 50 animais
dos principais criatórios da raça, divididos
em dois grupos de 25 tourinhos. Outra grata novidade e que
agradou os organizadores foi a participação
de dois lotes de fêmeas, 18 ½ sangue e 18 novilhas
¾ Canchim x Nelore.
A entrada dos animais no confinamento seguiu o modelo do primeiro
ano, quando os animais chegaram em meados do mês de
julho, recém desmamados e com peso médio de
250 quilos. Após os 150 dias que corresponderam ao
período confinado, esse mesmo lote saiu pesando mais
que o dobro do seu peso vivo, ou seja, cinco meses depois,
a pesagem mostrava um peso médio para os machos de
510 quilos, ressalta o professor Silveira que diz que o lote
de animais, tanto machos quanto fêmeas, se mostrou bastante
homogêneo, e isso é um outro fato positivo. O
maior destaque foi dado para o grupo das fêmeas que,
segundo ele, vem mostrando uma evolução genética
surpreendente nos últimos anos.
No confinamento o rendimento dos lotes de ½ sangue
¾ foi considerado muito bom na comparação
com os animais Canchim. De acordo com o professor Silveira
a taxa de ganho de peso diário foi de 1,5 Kg para os
machos e 1 Kg no grupo de fêmeas, considerando uma ração
com 20% de proteína 80% de energia. Um levantamento
posterior, feito logo depois o abate, ainda com a carcaça
dos animais quentes, priorizou as características de
conformação frigorífica como, peso médio
do lote, acabamento de carcaça e espessura de gordura
na camada superior que ficou na média de 5mm. O resultado
pelo pouco tempo que os animais ficaram no confinamento, apenas
cinco meses surpreendeu, destaca Cristiano Campbell, Superintendente
técnico da Associação Brasileira dos
Criadores de Canchim, ABCCAN.
A próxima etapa do teste que deve acontecer durante
o mês de janeiro e ficar concluída já
em fevereiro, será realizada no laboratório
de qualidade da carne da Unesp, onde os pesquisadores realizarão
uma segunda bateria de testes, desta vez para medir características
de maciez, força de cisalhamento (shear force), marmorização,
Ph (acidez), mais ligadas às necessidades do mercado
para atender o consumidor final.
Resultados
garantem continuidade
Em
2004 quando surgiu esse trabalho os números eram bastante
modestos. Na ocasião, foi abatido um grupo de apenas
30 animais, todos machos inteiros e não havia animais
cruzados. Os machos tiveram um ganho de peso diário
na média de 1,5 qüilos. Nos testes feitos já
com as carcaças resfriadas, o item área de olho
de lombo (AOL), teve média de 86,84 cm². O peso
de carcaça girou entre 18@ e 19@ , com rendimento de
carcaça de 56%. Nos atributos de qualidade de carne,
maciez, força de cisalhamento, em 7 dias de maturação
a carne Canchim atingiu 2,74, considerada muito macia pelos
especialistas, pois, segundo o professor Silveira, que acompanha
o projeto desde o início, níveis de 4,5 a carne
já são considerados satisfatórios.
O programa nasceu pegando carona numa idéia iniciada
há cerca de 5 anos pelo criador João Paulo Canto
Porto, proprietário da Ipameri Agropecuária,
de Ipameri, GO. O criador começou de produzir novilhos
Canchim precoce e superprecoce a partir de cruzamentos realizados
entre machos Canchim com fêmeas Nelore e vice-versa.
Esse trabalho é mantido até hoje pelo pecuarista.
Segundo Luiz Roberto de Souza Benini, ou Beto como ele é
mais conhecido entre os criadores A Ipameri participa desta
iniciativa junto com outros criadores da raça da mesma
forma que desenvolve outros projetos no Mato Grosso, na fazenda
Kenia, em Goiás na Ipameri, tudo no sentido de agregar
valor a carne Canchim e co isso conquistar novos nichos de
mercado, destaca o gerente da Ipameri Agropecuária,
destaca o gerente da Ipameri Agropecuária.
Os resultados deste ano até o fechamento desta edição
não tinham sido divulgados pelos organizadores, no
entanto, os técnicos esperam que os números
fiquem, se não maiores pelo menos iguais aos de 2004.
A diferença é que desta vez entre os animais
existe um grupo, bem maior numericamente, de animais cruzados
e essa era uma grande preocupação da raça,
lembra José Frederico Modolin, Vice-Presidente Administrativo
da ABCCAN e proprietário da fazenda Paraíso,
de São Miguel Arcanjo, SP.
O criador chama a tenção para a importância
dos pecuarista começarem a se preocupara com os problemas
que acometem seu produtor carne da porteira para
fora da fazenda. Até pouco tempo ninguém
tinha muita informação nem mesmo os frigoríficos,
lembra. Hoje o intercâmbio entre o Brasil e os
mercados de consumo é muito grande e por isso que todo
empresário rural tem de se informar sobre o que está
acontecendo no mundo e com isso buscar novas alternativas
para colocara seu produto no mercado conclui.
Já o criador Wilson Gottardi, proprietário da
Fazenda Palmares de Tatuí, SP e atual Presidente do
Núcleo Canchim Paulista, a precocidade do Canchim é
um fato. E isso faz a diferença na hora de se manejar
um animal para se tornar superprecoce. Segundo ele não
adianta oferecer a melhor comida para o animal, se o potencial
genético dele não responder. O fator
alimentação é de extrema importância,
mas só ela não resolve. O fator genético
é quem manda nessa relação e isso o Canchim
já provou e está provando que tem, conclui.
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