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ABATE TÉCNICO AVALIA
QUALIDADE DO CANCHIM PARA O SUPER-PRECOCE

rev 96 - fevereiro 2006

Na avaliação do professor Arrigoni, levar até o fim esse experimento foi muito importante não só para os criadores de Canchim, mas, para o conjunto da sociedade como um todo. “O resultados desta avaliação vão dar condições para que todos saibam se este grupo genético utilizado é ou não o ideal para usar nos cruzamento futuros. E isso embasado em dados científicos e não em meras especulações”, enfatiza.

Segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Canchim, ABCCAN, do total de animais levados ao abate, 17 eram machos Canchim puro, frutos do descarte nos processos de seleção dos criatórios no ano passado.

A diferencial é que os criadores resolveram diversificar o experimento, incluindo também animais ½ e ¾ Canchim x Nelore. No total foram reunidos 50 animais dos principais criatórios da raça, divididos em dois grupos de 25 tourinhos. Outra grata novidade e que agradou os organizadores foi a participação de dois lotes de fêmeas, 18 ½ sangue e 18 novilhas ¾ Canchim x Nelore.

A entrada dos animais no confinamento seguiu o modelo do primeiro ano, quando os animais chegaram em meados do mês de julho, recém desmamados e com peso médio de 250 quilos. Após os 150 dias que corresponderam ao período confinado, esse mesmo lote saiu pesando mais que o dobro do seu peso vivo, ou seja, cinco meses depois, a pesagem mostrava um peso médio para os machos de 510 quilos, ressalta o professor Silveira que diz que o lote de animais, tanto machos quanto fêmeas, se mostrou bastante homogêneo, e isso é um outro fato positivo. O maior destaque foi dado para o grupo das fêmeas que, segundo ele, vem mostrando uma evolução genética surpreendente nos últimos anos.

No confinamento o rendimento dos lotes de ½ sangue ¾ foi considerado muito bom na comparação com os animais Canchim. De acordo com o professor Silveira a taxa de ganho de peso diário foi de 1,5 Kg para os machos e 1 Kg no grupo de fêmeas, considerando uma ração com 20% de proteína 80% de energia. Um levantamento posterior, feito logo depois o abate, ainda com a carcaça dos animais quentes, priorizou as características de conformação frigorífica como, peso médio do lote, acabamento de carcaça e espessura de gordura na camada superior que ficou na média de 5mm. O resultado pelo pouco tempo que os animais ficaram no confinamento, apenas cinco meses surpreendeu, destaca Cristiano Campbell, Superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Canchim, ABCCAN.

A próxima etapa do teste que deve acontecer durante o mês de janeiro e ficar concluída já em fevereiro, será realizada no laboratório de qualidade da carne da Unesp, onde os pesquisadores realizarão uma segunda bateria de testes, desta vez para medir características de maciez, força de cisalhamento (shear force), marmorização, Ph (acidez), mais ligadas às necessidades do mercado para atender o consumidor final.

Resultados garantem continuidade

Em 2004 quando surgiu esse trabalho os números eram bastante modestos. Na ocasião, foi abatido um grupo de apenas 30 animais, todos machos inteiros e não havia animais cruzados. Os machos tiveram um ganho de peso diário na média de 1,5 qüilos. Nos testes feitos já com as carcaças resfriadas, o item área de olho de lombo (AOL), teve média de 86,84 cm². O peso de carcaça girou entre 18@ e 19@ , com rendimento de carcaça de 56%. Nos atributos de qualidade de carne, maciez, força de cisalhamento, em 7 dias de maturação a carne Canchim atingiu 2,74, considerada muito macia pelos especialistas, pois, segundo o professor Silveira, que acompanha o projeto desde o início, níveis de 4,5 a carne já são considerados satisfatórios.

O programa nasceu pegando carona numa idéia iniciada há cerca de 5 anos pelo criador João Paulo Canto Porto, proprietário da Ipameri Agropecuária, de Ipameri, GO. O criador começou de produzir novilhos Canchim precoce e superprecoce a partir de cruzamentos realizados entre machos Canchim com fêmeas Nelore e vice-versa. Esse trabalho é mantido até hoje pelo pecuarista. Segundo Luiz Roberto de Souza Benini, ou Beto como ele é mais conhecido entre os criadores A Ipameri participa desta iniciativa junto com outros criadores da raça da mesma forma que desenvolve outros projetos no Mato Grosso, na fazenda Kenia, em Goiás na Ipameri, tudo no sentido de agregar valor a carne Canchim e co isso conquistar novos nichos de mercado, destaca o gerente da Ipameri Agropecuária, destaca o gerente da Ipameri Agropecuária.

Os resultados deste ano até o fechamento desta edição não tinham sido divulgados pelos organizadores, no entanto, os técnicos esperam que os números fiquem, se não maiores pelo menos iguais aos de 2004. A diferença é que desta vez entre os animais existe um grupo, bem maior numericamente, de animais cruzados e essa era uma grande preocupação da raça, lembra José Frederico Modolin, Vice-Presidente Administrativo da ABCCAN e proprietário da fazenda Paraíso, de São Miguel Arcanjo, SP.

O criador chama a tenção para a importância dos pecuarista começarem a se preocupara com os problemas que acometem seu produtor “carne” da porteira para fora da fazenda. “Até pouco tempo ninguém tinha muita informação nem mesmo os frigoríficos”, lembra. “Hoje o intercâmbio entre o Brasil e os mercados de consumo é muito grande e por isso que todo empresário rural tem de se informar sobre o que está acontecendo no mundo e com isso buscar novas alternativas para colocara seu produto no mercado” conclui.

Já o criador Wilson Gottardi, proprietário da Fazenda Palmares de Tatuí, SP e atual Presidente do Núcleo Canchim Paulista, a precocidade do Canchim é um fato. E isso faz a diferença na hora de se manejar um animal para se tornar superprecoce. Segundo ele não adianta oferecer a melhor comida para o animal, se o potencial genético dele não responder. “ O fator alimentação é de extrema importância, mas só ela não resolve. O fator genético é quem manda nessa relação e isso o Canchim já provou e está provando que tem”, conclui.


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