Esta
e outras perguntas têm sido feitas pelos sojicultores
nos últimos dias, com pertinente preocupação.
Sua lavoura, semeada em meados de outubro, mesmo com chuvas
abundantes, não cresceu o desejado.
Há
pelo menos quatro anos, o assunto é debatido em palestras,
congressos e outros meios de comunicação e divulgação.
Afinal, por que a soja floresce quando ainda está baixinha?
Para tentar explicar temos que recorrer a alguns termos técnicos
como fotoperíodo, indução ao florescimento
e outros.
Já está plenamente estabelecido que a soja é
uma planta de dias curtos, ou seja, para que ocorra
o
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florescimento,
é necessário que os dias tenham um número
de horas de luz inferior a um determinado intervalo, denominado
fotoperíodo crítico, que em nossa
região corresponde a cerca de treze horas. A soja,
após a emergência das plantas no solo, começa
o seu crescimento vegetativo produzindo um trifólio
após o outro. No início desse crescimento, as
plantas são ainda insensíveis ao fotoperíodo,
porém, geralmente após a emissão do quinto
ou sexto trifólio, elas já apresentam maior
sensibilidade. Simulando uma situação em que
a lavoura tenha sido implantada em primeiro de outubro, para
uma cultivar de ciclo precoce (mais sensível), as plantas
estariam nesse estádio (com cinco a seis trifólios)
por volta do dia 31 do mesmo mês. Nessa
época, o comprimento do dia é inferior ao fotoperíodo
crítico, podendo haver indução ao florescimento.
Se somar a essa situação algum estresse por
altas temperaturas; ou ainda, períodos chuvosos, com
dias encobertos (pouca luminosidade), adicionando também
a utilização de variedades não recomendadas
para a região, certamente o risco seria potencializado.
Isso significa prejuízo, pois a soja precisa expressar
o seu melhor porte, com o maior número de nós
possível, para atingir alta produtividade. Portanto,
esse é um erro que não pode mais ocorrer. Numa
cultura cercada de riscos (climáticos, comerciais,
etc), não é mais admitido o luxo de arriscar,
principalmente quando se está consciente das possíveis
conseqüências.
Trabalhos de pesquisa com a cultura, realizados pela Embrapa
Agropecuária Oeste, englobando safras boas e ruins,
têm demonstrado, a partir dos dados normais de precipitação
e fotoperíodo, assim como dos resultados de produtividade,
que a melhor época para a semeadura da soja está
entre os dias 25 de outubro e 10 de novembro, utilizando-se
cultivares precoces.
Uma alternativa para viabilizar a semeadura antecipada da
soja seria a utilização de cultivares de crescimento
indeterminado, menos sensíveis ao fotoperíodo.
Porém, a experiência com esse tipo de material
na região não tem sido satisfatória,
principalmente pela baixa qualidade dos grãos produzidos,
em função de altas temperaturas por ocasião
da maturação. No Programa de Melhoramento Genético
de Soja da Embrapa, tem-se avaliado várias linhagens
com essa característica, mas ainda sem perspectiva
de utilização pelos agricultores em curto prazo.
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Marco Antônio Sedrez Rangel é pesquisador da
Embrapa Agropecuária Oeste
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