Segundo
o diretor da Granja, Weber Dalla Vecchia, após cinco
anos de trabalho lento e algumas adaptações,
os resultados foram notados na produtividade. E as respostas,
conseqüentemente, para este tipo de produção
começaram a aparecer. Uma delas foi à comercialização
de seus produtos para uma das maiores redes de varejo do País,
o Carrefour. Além disso, a granja notou excelentes
ganhos principalmente, na questão de números
de nascimentos, índice de renite atrófica (IRA)
e índice de pneumonia (IPP); estes dois últimos,
embora não transmitidos aos humanos, são as
maiores causas de perdas produtivas na suinocultura.
Quando questionado o real motivo da radical mudança
de tratamento em comparação as demais granjas,
o diretor da granja Weber Dalla Vecchia responde: Foi
uma busca por uma alternativa para atender à tendência
mundial de eliminação do uso de antibióticos,
diz. Uma tendência, que segundo ele, principalmente
com os chamados promotores de crescimento na suinocultura
já estão sendo proibidos. E se lá
na Europa, as tendências sejam de coibir, no Brasil
isto não deve ser diferente. Além disso, cada
vez mais as pessoas procuram por alimentos naturais,
argumenta.
A aposta da Granja Querência, hoje com 1.000 matrizes
de cio completo, foi alta e exigiu investimento em pesquisas,
pois na época que começaram o processo, lembra
o gerente Paulo Cesar Michelone, não havia literatura
a respeito de homeopatia e fitoterapia. Por isto, e
com a ajuda dos funcionários fomos buscando desenvolver
medicamentos eficazes para serem utilizados nos rebanhos,
relembra.
Hoje 50% do tratamento do plantel da granja é feito
através de produtos homeopáticos e os outros
50% com fitoterápicos, como no caso específico
dos promotores de crescimento. Que nada mais é,
o uso de ervas que tem a capacidade de controlar a flora intestinal
e esta é a principal promotora de crescimento,
diz Paulo Cesar. Quando o produtor aplica promotores
de crescimento a base de ervas, oferece a chance do animal
absorver aquilo que é necessário para ele e
ao mesmo tempo interfere menos na criação,
argumenta.
Além disso, ainda que as condições da
pocilga sejam cada vez melhores, é inevitável
a existência de alguns pontos de stress. Para isto,
as ervas estão prontas para ajudar. Se nós,
seres humanos, sofremos stress o tempo todo. Os animais também
sofrem", diz.
Por isso com uma área de 50 hectares, sendo que 25
são destinados para o cultivo de ervas medicinais,
a Granja Querência possui uma área muito específica
para 15 das espécies mais cultivadas e consideradas
como prioritárias. Todas as ervas usadas são
produzidas e industrializadas na própria granja. Aqui
as mais comuns são a couve, o alecrim, a menta, o boldo,
o picão, que fazem parte do tratamento fitoterápico,
conta o gerente.
Atualmente por uma busca de mais espaço para a suinocultura
no mercado, a Querência aposta hoje também na
difusão de sua filosofia de tratamento veterinário.
Ou seja, a empresa quer vender a implantação
de programas para produção de suínos
com tratamento à base de produtos homeopáticos
e fitoterápicos. Para isto, investe na produção
de ervas secas. Desta forma há como comercializar,
manter a conservação e acima de tudo preservar
a qualidade das plantas, argumenta Paulo Cesar Michelone.
De acordo com o gerente, além de produzir as ervas
in natura, hoje a Granja produz ervas que são
misturadas à ração. Nas instalações
há galpões que servem para a secagem das plantas,
que são secas naturalmente sem o uso de ventilação
forçada. Aqui, até as plantas tem o período
de secagem naturalmente, assim aproveitamos muito mais os
princípios ativos de cada erva, ressalta.
E os resultados obtidos na Granja, através destes produtos
naturais, já são confirmados por pesquisas de
mestrado e doutorado por alunos de universidades, como a USP
de Pirassununga e a Unicamp, de Campinas. Segundo o diretor
da Granja, Weber Dalla Vecchia, os resultados zootécnicos
foram os melhores possíveis na questão de ganho
de peso, fator crescimento, e na questão da saúde
dos animais. Nossa filosofia é também
a de produzir animais muitos saudáveis para que não
apresentem problemas, diz Vecchia.
Na Granja Querência o tratamento especial começa
pela matriz. Hoje, com a predominância das raças
Landrace, Large White, Pietrain, Hampshire, cada etapa da
vida do suíno, aqui recebe um cuidado específico.
As fêmeas, por exemplo, no período de gestação,
recebem uma quantidade de ervas que são adicionadas
na ração. Após o nascimento dos leitões,
as mães são alimentadas com couve, pois, segundo
o gerente Paulo César Michelone, além de fixador
de cálcio é também um laxante. Além
disso, há um adicional de alface (rica em vitamina
A, e que serve para acelerar a cicatrização
do útero, além de ser anti-stress) e a beterraba,
(rica em complexo B, que contém ferro e serve para
evitar a anemia). O leitão, logo que nasce, é
tratado do umbigo com uma pomada cicatrizante feito à
base de ervas.
Na questão fitoterapia, Paulo Cesar lembra que o uso
do boldo é importante e entra como auxiliar
digestivo para os leitões, assim como a utilização
de ervas como camomila, cidreira, melissa que são usadas
como calmantes para os recém-nascidos. Outro bom exemplo
é o brócolis. Na questão de uma
diarréia, um dos problemas na criação
e a pneumonia também são tratados com ervas,
entre elas, a terramicina (nome científico da erva
e da medicação), explica o gerente da
granja.
E, ao contrário do que todos pensam, lá na granja
não há cara feia para receber o
tratamento, mesmo até as ervas consideradas amargas,
são a diversão dos suínos. É
possível ver que os animais ficam esperando a hora
de degustar as ervas. O alvoroço está causado
quando chega o carrinho carregado delas, comenta Paulo
Cesar.
De acordo com o gerente, que não entrega as fórmulas
das ervas de maneira alguma, não basta apenas conhecer
os princípios ativos da planta é preciso aplicar
conceitos de farmácias, para que cada produto produzido
esteja dentro da técnica e não somente da fé
e da crença popular.
Outra característica observada depois da implantação
do sistema foi que os medicamentos homeopáticos e fitoterápicos
se refletiram em redução de custos, que hoje
em média, segundo o diretor em torno de 20% no tratamento
veterinário. Com a adoção de medicamentos
naturais, os custos com remédio caíram, o que
gerou uma ligeira redução no custo de produção
dos animais, conta Vecchia.
Os resultados também trouxeram um tratamento diferenciado
não somente no trato veterinário, mas como um
todo, principalmente na mão-de-obra empregada na criação.
Hoje, por exemplo, quem cuida da maternidade só são
mulheres que são mães. Elas têm
mais jeito de auxiliar as matrizes na hora do
parto, na limpeza dos recém-nascidos e até ajuda
nas mamadas, quando algum desgarrado foge da mãe,
conta o gerente Paulo Cesar.
Sorte dos suínos que vivem na granja, talvez. Lá,
desde que nascem, eles recebem tratamento especial. Após
a desmama, eles são encaminhados para a creche, a partir
daí vão para a fase de desenvolvimento e engorda.
Dependendo do galpão que somam 1.500 metros,
os suínos que chegam com 60 dias tem espaço
adequado para ficarem. O espaço mínimo da fase
de engorda, por exemplo, é de 60 metros quadrados,
conta.
O animal criado de maneira ecologicamente correta, respeitando
dentro do possível a liberdade do animal e a condição
do conforto, produz mais e com melhor qualidade, argumenta.
Como a suinocultura é uma atividade prioritariamente
realizada em pequenas e médias propriedades, uma criação
como esta pode ser uma alternativa economicamente mais rentável,
com os produtores sendo mais bem remunerados no mercado, apesar
de tecnicamente mais adequada e ambientalmente correto, a
produção pode custar mais cara. Aqui, a única
diferença é com a alimentação
in natura do produtor que acrescenta o fator distração
dos suínos, o prazer de comer uma planta in natura.
Não
é orgânico
O
plantel da Granja embora receba um tratamento veterinário
diferencial não pode ser confundido como orgânico.
O sistema orgânico exige que a ração
fornecida aos animais, como farelo de soja, milho venha de
uma produção orgânica, o que é
economicamente inviável, conta Weber Dalla Vecchia.
Na Querência, a alimentação é
balanceada e os fornecedores são certificados e não
podem vender nenhuma ração com promotor de crescimento
embutido, revela.
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