As
condições climáticas estão
normais para o desenvolvimento ferrugem, porém
não para uma disseminação
explosiva. As chuvas estão esparsas, porém
há bastante orvalho até 9 horas
da manhã. Estamos fazendo treinamentos
e orientando os produtores controlar a doença
quando necessário, explica Edson
Borges, da Fundação MS. Já
foram registrados 92 focos da doença no
estado.
No Paraná, estado onde já foram
confirmados 64 focos, as últimas ocorrências
estão na região de Palotina, Apucarana,
Itambé e Londrina. As chuvas que
estão ocorrendo no norte do Paraná
favorecem o desenvolvimento da ferrugem, por isso
é bom estar atento nas vistorias às
lavouras, aconselha Ademir Henning, pesquisador
da Embrapa Soja. Vilhena (RO), Silvânia
(GO), Ribeirão Corrente (SP), Miguelópolis
(SP), Guará (SP) também tiveram
a ferrugem confirmada pelas instituições
credenciadas.
A ferrugem asiática da soja é uma
doença bastante agressiva, mas se manejada
adequadamente tem controle. Com monitoramento
e precisão no diagnóstico, é
possível evitar redução de
produtividade, elevação do custo
de produção ou mesmo aplicações
desnecessárias de fungicidas no meio ambiente,
explica o pesquisador.
O diagnóstico da ferrugem asiática
ainda é um desafio para muitos técnicos
e produtores. No ano passado, os laboratórios
integrantes do Consórcio Antiferrugem analisaram
aproximadamente 26 mil amostras com suspeita da
doença e apenas 30% tiveram a confirmação
da presença do fungo nas folhas.
A ferrugem pode ser facilmente confundida
com a pústula bacteriana, porém
todas cultivares brasileiras registradas no Ministério
da Agricultura são resistentes a essa doença.
Já as sementes clandestinas não
possuem a mesma garantia, por isso o risco de
confundir é maior. Ambas as doenças
provocam saliência nas folhas, porém
a pústula deixa um halo claro ao redor
da mancha, orienta.
O treinamento também é importante
para aprender a diferenciar os sintomas da ferrugem,
do crestamento foliar e da mancha parda. Essas
doenças também podem ser confundidas
se, em sua observação, não
for utilizada uma lupa de, pelo menos, 20 x de
aumento, adverte o pesquisador.
Prejuízo
certo
O
principal dano ocasionado por essa doença
é a desfolha precoce, que impede a completa
formação dos grãos, com conseqüente
redução da produtividade. O nível
de dano que a doença pode ocasionar depende
do momento em que ela incide na cultura, das condições
climáticas favoráveis à sua
multiplicação após a constatação
dos sintomas iniciais, da resistência/ tolerância
e do ciclo da cultivar utilizada.
A primeira constatação da ferrugem
asiática, causada pelo fungo Phakopsora
pachyrhizi, em lavouras no Brasil ocorreu na safra
2001/02 e rapidamente espalhou-se pelas principais
regiões produtoras, em função
da eficiente disseminação pelo vento.
O principal dano ocasionado por essa doença
é a desfolha precoce, que impede a completa
formação dos grãos, com conseqüente
redução da produtividade. O nível
de dano que a doença pode ocasionar depende
do momento em que ela incide na cultura, das condições
climáticas favoráveis à sua
multiplicação após a constatação
dos sintomas iniciais, da resistência/ tolerância
e do ciclo da cultivar utilizada. Reduções
de produtividade próximas a 70% podem ser
observadas quando comparadas áreas tratadas
e não tratadas com fungicidas.
O período mínimo de molhamento necessário
para ocorrer infecção foi estimado
em 6 horas, para temperaturas entre 20
25oC e aumenta para temperaturas superiores e
inferiores. A ferrugem é considerada uma
doença políciclica, ou seja, o fungo
é capaz de ter várias gerações
num único ciclo do hospedeiro. Temperaturas
que favorecem o crescimento e desenvolvimento
de plantas de soja também favorecem o desenvolvimento
da ferrugem. Temperaturas inferiores a 15oC ou
superiores a 30oC, associadas com condições
secas, retardam o desenvolvimento da ferrugem.
O desenvolvimento de cultivares resistentes tem
sido dificultado pela variabilidade genética
do fungo. Na safra 2001/02, cultivares que haviam
sido selecionados com resistência completa
tiveram sua resistência quebrada com isolados
do fungo provenientes do Mato Grosso. Na ausência
de cultivares resistentes, medidas de manejo como
a utilização de cultivares de ciclo
precoce e semeaduras no início da época
recomendada, monitoramento constante da lavoura
associado ao controle químico com fungicidas
têm sido recomendadas para diminuir os danos
que essa doença pode causar. A aplicação
do fungicida deve ser feita após os sintomas
iniciais da doença na lavoura ou na região
ou preventivamente.
A decisão sobre o momento de aplicação
(sintomas iniciais ou preventiva) deve ser técnica,
levando em conta os fatores necessários
para o aparecimento da ferrugem (presença
do fungo na região, idade das plantas e
condição climática favorável),
a logística de aplicação
(disponibilidade de equipamentos e tamanho da
propriedade), a presença de outras doenças
e o custo do controle. O atraso na aplicação,
após constatados os sintomas iniciais,
pode acarretar em redução de produtividade,
caso as condições climáticas
favoreçam o progresso da doença.
O número e a necessidade de re-aplicações
vão ser determinados pelo estádio
em que for identificada a doença na lavoura
e pelo período residual dos produtos.
Governo
libera R$ 200 milhões para combate
A
partir do início de janeiro, os produtores
do Centro-Oeste já podem procurar as agências
do Banco do Brasil para obter financiamentos da
linha emergencial de custeio para prevenção
e controle da ferrugem asiática da soja.
No mês passado, o Conselho Deliberativo
do Fundo do Centro-Oeste (Condel/FCO) aprovou
a liberação de R$ 200 milhões
para essas operações, que devem
ser realizadas até 28 de fevereiro.
De acordo com a SPA, o limite de crédito
por beneficiário da linha emergencial de
custeio para prevenção e controle
da ferrugem asiática da soja é de
R$ 140 mil, correspondendo a cerca de mil hectares.
A operação vencerá em 31
de outubro, e a amortização é
semelhante ao custeio alongado: parcelas iguais
e sucessivas, sendo a primeira 60 dias após
a colheita. Os juros anuais são os seguintes:
6% para miniprodutores, 8,75% para pequenos e
médios, 10,75% para grandes. Há
um bônus de adimplência de 15% para
os juros.
A linha emergencial aprovada pela FCO foi regulamentada
pelo Mapa, em parceria com o BB, Condel/FCO e
os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Com a liberação do
financiamento para prevenção e controle
da ferrugem asiática da soja, o governo
federal garante aos agricultores suporte financeiro
para que possam erradicar a doença, detectada
nas lavouras brasileiras da oleaginosa a partir
de 2002.
Principal item da pauta de exportações
do agronegócio nacional, o complexo soja
tem um prejuízo estimado de US$ 2 bilhões/ano
com a ferrugem asiática. Do total, US$
1,2 bilhão representa perdas diretas
lavouras destruídas e outros 800
milhões estão relacionados aos custos
do controle da doença, segundo o fiscal
agropecuário André Peralta, da Divisão
de Prevenção e Controle de Pragas
do Mapa. Na safra 2004/05, o país perdeu
4,5 milhões de toneladas de por causa da
ferrugem asiática.
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