Entre
os vinhos produzidos no Vale se destacam o Cabernet-Sauvignon
e o Syrah, como tintos, e Sauvignon Blanc, Moscato Canelli
e Chenin Blanc, como brancos, além dos espumantes moscatéis.
Dentre as novas variedades testadas na Embrapa e nas vinícolas,
oito são tintas (Alfrocheiro, Barbera, Castelão,
Deckrot, Periquita, Petit Verdot, Tempranillo e Trincadeira)
e quatro brancas (Colombard, Flora, Malvasia Bianca e Schönburger).
Elas foram selecionadas dentre 28 cultivares de uvas para
vinho de procedências portuguesa, francesa, espanhola,
italiana, alemã e americana.
Para o pesquisador da Embrapa Semi-Árido, José
Monteiro Soares, aprimorar a qualidade das uvas é uma
demanda importante para a vitivinicultura do Vale do São
Francisco. Ao mesmo tempo, esta questão precisa estar
combinada com a diversificação varietal de uvas
vinícolas Desta forma, a região poderá
ter vinhos originais, gerar produtos com características
típicas do ambiente quente e seco do semi-árido.
Os testes realizados em campos experimentais da Embrapa Semi-Árido
e em cultivos semi-comerciais nas três vinícolas
avaliam o desempenho agronômico das cultivares sob variados
sistemas de condução do parreiral (entre latada
e espaldeira), o espaçamento entre plantas, os tipos
de poda, manejo de irrigação, porta-enxertos
e curva de maturação dos frutos para a determinação
do ponto ideal de colheita. Além disto, as pesquisas
avançam para analisar as interações destes
fatores com as características enológicas dos
vinhos elaborados.
Para o pesquisador José Monteiro Soares, da Embrapa
Semi-Árido, este é um estudo importante para
o futuro da atividade vitivinícola no Vale do São
Francisco. A ampliação das áreas de plantios
e da capacidade de processamento das vinícolas são
aspectos relevantes para a vitivinicultura da região.
Contudo, é necessário e estratégico desenvolver
potencialidades próprias para a vitivinicultura da
região. A qualidade dos vinhos do sol tem
de estar agregada à tipicidade e originalidade da região
de produção, destaca.
Os pesquisadores pretendem definir os sistemas de produção
mais adequados a cada uma das cultivares e estabelecer protocolos
para elaboração dos vinhos, explica Giuliano
Elias Pereira, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho/Embrapa
Semi-Árido. No Laboratório de Enologia da Embrapa,
em Petrolina-PE, ele avalia o potencial vinícola dessas
novas variedades para produção de vinhos brancos,
tintos, licorosos e espumantes. O trabalho inicial consiste
em avaliar o potencial enológico de cada variedade
testada.
Estas pesquisas darão novas opões de vinhos
típicos para a região. Segundo Giuliano, este
trabalho irá colaborar com os vitivinicultores na busca
pelo registro de Indicação Geográfica
de Procedência (IG) para os vinhos do Vale do São
Francisco. A obtenção deste selo de qualidade,
pelo qual tem se empenhado o Instituto do Vinho do Vale do
São Francisco (VINHOVASF), trará proteção
aos vinhos regionais contra fraudes, é um fator de
diferenciação que resultará em melhor
reconhecimento e notoriedade dos vinhos produzidos no Vale,
além de proporcionar aos vitivinicultores melhores
condições mercadológicas, assegura Giuliano.
História
O
vinho é produzido no Submédio São Francisco
há menos de 20 anos. As primeiras variedades foram
introduzidas ainda na década de 50 pela Comissão
do Vale do São Francisco hoje Codevasf , a Sudene
e a FAO. Porém, na década de 70, com a criação
da Embrapa Semi-Árido e o início das atividades
da Vitivinícola Vale do São Francisco (Vinhos
Botticelli), é inaugurada a vitivinicultura na região.
Em 2005, o Submédio respondeu por 15% do mercado nacional
de vinhos finos, com uma produção de aproximadamente
7,5 milhões de litros.
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