De
acordo com o grupo de empresários cerealistas, o uso
da nova tecnologia vai além da simples produção
de grãos. Seus efeitos benéficos se estendem
para a produção de rações destinadas
à pecuária, para a realização
de fertilizantes e para a produção de biodiesel,
contribuindo ainda com o meio ambiente, pelo menor uso de
agroquímicos. Com a ciência, podemos combater
os problemas agrícolas em relação ao
meio ambiente, provocados pelo uso de grandes quantidades
de agroquímicos que hoje são utilizados nas
lavouras, observa Evaristo Lira Baraúna, da goiana
Cereal Comércio Exportação e Representação
Agropecuária Ltda., que participou da viagem.
Em Illinois, nos Estados Unidos, os brasileiros puderam conhecer
especialistas em culturas FS/Growmark, assim como visitar
fazendas de gado leiteiro como a Wilkening, fundada em 1928,
onde hoje seu produtor cria vacas Holstening. Nas fazendas
Kaufman, percorreram 280 hectares de milho e soja, ao lado
do produtor Larry Kaufman, terceira geração
de fazendeiros na propriedade, que compartilhou sua experiência
de 40 anos no ramo com os visitantes brasileiros.
Eles também estiveram, no mesmo estado americano, nas
Fazendas Grand View, onde são plantados mais de 2.160
hectares de milho, soja e trigo, e mantém uma armazenagem
superior a 7500 mil toneladas de grãos. Ao final, visitaram
a filial Allambra do Serviço Agrícola Madison,
ligado ao Growmark. A Allambra dispõe de um armazém
onde os agricultores da região encontram sementes,
fertilizantes, combustível, e ração.
Este estabelecimento armazena cerca de 6.700 mil toneladas
de grãos e vende mais de US$ 5 milhões/ano de
soja e milho.
O grupo brasileiro também teve acesso às novas
pesquisas realizadas em solo americano, incluindo lançamentos,
novos testes, e inovações do setor, no Centro
de Pesquisas da Monsanto, em St Louis, Missouri. De acordo
com Guilherme Nepomuceno Filho, diretor da Multigrain, empresa
filiada à Associação Nacional de Exportadores
de Cereais (ANEC), a reciclagem de conhecimento é sempre
muito proveitosa. Uma das apresentações
mais interessantes que vi foi a das pesquisas realizadas para
o desenvolvimento de variedades Bt. As perspectivas de alta
produção com grande redução de
custos são fantásticas.
Os empresários cerealistas também participaram
de discussões sobre as novas tecnologias e analisaram
o mercado americano de produtos de biotecnologia, a partir
de uma apresentação de Doug Dorsey, diretor
comercial da Asgrow/Dekalb nos Estados Unidos. Para Ivo Riedi,
presidente da Associação das Empresas Cerealistas
do Brasil (Acebra), a nova tecnologia fará com que
os produtos agrícolas tenham maior valor agregado,
abrindo novos mercados e gerando novas demandas. A soja,
por exemplo, será muito mais que uma commoditie, pois
terá tolerância à seca e a insetos, além
de passar a contribuir em outros setores, como o do biodiesel
e da saúde humana, afirma Riedi. Os transgênicos
são uma tendência mundial devido a expectativa
de rentabilidade e preservação, completa
Nepomuceno.
Fernando Guerra, também da Acebra e que visitava os
Estados Unidos pela quarta vez, ficou surpreso especialmente
em relação aos avanços nas pesquisas
biotecnológicas. Guerra acredita que toda a tecnologia
que puder ser acoplada às sementes é vantajosa.
Em breve, o mundo inteiro será beneficiado com
as tecnologias aplicadas à agricultura, toda a cadeia
de alimentos será favorecida, do pequeno agricultor
ao consumidor final, que terá acesso a um alimento
de melhor qualidade, declara.
Para Gilberto Borgo, representante da Associação
dos Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs), mais investimentos
em tecnologia agrícola no Brasil poderiam melhorar
inclusive os resultados econômicos da agricultura. O
setor agrícola teria maior lucratividade, com uma grande
redução de custos motivada principalmente ao
pouco uso de defensivos agrícolas, acredita.
Pesquisa
no Brasil, a preocupação.
A
possibilidade de que as pesquisas que já são
realizadas nos Estados Unidos possam ser feitas também
no Brasil é outro ponto discutido por eles. Riedi,
por exemplo, menciona a necessidade de o Brasil abrir-se mais
para a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos de biotecnologia.
Para isso, deveriam se unir todos os setores da sociedade,
de empresários do agronegócio a todos aqueles
interessados na evolução agrícola brasileira,
declara o presidente da Acebra.
A comparação de estágios entre Brasil
e Estados Unidos em relação a essa tecnologia
também motivou comentários. Voltamos nos
sentindo desfavorecidos em relação aos avanços
da ciência, o que não faz sentido já que
o Brasil dispõe de capacitação para acompanhar
todo esse desenvolvimento, afirma Nepomuceno. Para Guerra,
o problema é a demora do Brasil em entrar neste mercado.
Não podemos ficar esperando que as tecnologias
cheguem aqui, precisamos ir atrás, reagir, diz.
Para Cidemar Luiz Dalla Zen, diretor da divisa agrícola
da Diplomata S/A, que também participou do grupo, a
viagem foi proveitosa justamente devido ao fato de ter apresentado
as diferenças entre os países. Podemos
ver que a biotecnologia é um caminho sem volta e que
o Brasil está perdendo tempo ao não regulamentar
a biotecnologia aqui. Sem contar que o mundo passa fome, e
poder combatê-la e ainda prevenir doenças com
a aplicação de biotecnologia em sementes, isto
é muito interessante, finaliza.
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