Trabalho
busca a construção de um calendário sazonal
para os pescadores profissionais artesanais.
Este mês, os pesquisadores visitaram as colônias
de Aquidauana, Miranda e Corumbá conversando com os
pescadores e buscando informações sobre suas
atividades. O objetivo do projeto é promover um resgate
da memória da pesca na região e, ao mesmo tempo,
avaliar o impacto das variações de captura no
modo de vida das populações.
A partir do calendário, será possível
analisar a disponibilidade de estoques pesqueiros e de que
forma os mesmos são acessados pelos pescadores ao longo
do ano, por exemplo.
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Segundo a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Cristhiane Oliveira
da Graça Amâncio, doutora em Ciências Sociais,
o trabalho será feito com base nos dados do Sistema
de Controle da Pesca de Mato Grosso do Sul (SCPesca). Com
mais de 100 mil registros, o sistema é tido como um
dos maiores conjunto de dados contínuos da pesca de
águas interiores do País.
Por este motivo, explica a pesquisadora, as informações
do sistema permitem diferentes interações e
abordagens que serão utilizadas para comprovar indagações
científicas, especulações do senso comum
e analisar os impactos na sustentabilidade da atividade pesqueira
no Pantanal. Com isso pretende-se abastecer com informações
científicas os gestores públicos subsidiando
o desenvolvimento de políticas voltadas para a manutenção
da atividade da pesca artesanal e fundamentalmente resgatar
a memória desta população e sistematizar
o conhecimento tradicional que vem se perdendo ao longo do
tempo, enfatiza. Por enquanto, o projeto envolve pescadores
de três colônias da região pantaneira,
nas cidades de Aquidauana, Miranda e Corumbá, sendo
que só neste último, o número de famílias
chega a 1.200.
O SCPesca/MS) foi implantado em 1994, numa parceria entre
a Embrapa Pantanal, o 15º Batalhão de Polícia
Militar Ambiental/MS e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente/MS.
Através do sistema foi realizada a coleta e a analise
de informações sobre a pesca em toda a Bacia
do Alto Paraguai (BAP/MS), tais como quantidade de pescado
capturado por espécie, por rio, por mês, número
mensal de pescadores que atuaram nos diferentes rios entre
outras, obtendo uma descrição anual detalhada
sobre a pesca.
Entre os anos de 1994 e 1999, por exemplo, informações
coletadas pelo SCPesca revelaram que o nível de exploração
dos estoques pesqueiros no Pantanal encontrava-se baixo diante
de seu potencial, sendo que apenas uma espécie, o Pacu,
apresentou indicativo de sobrepesca. Essa constatação
motivou o aumento do tamanho mínimo de captura dessa
espécie a fim de protegê-la. Além disso,
no mesmo período, ficou claro que a maior quantidade
de pescado capturada nos rios pantaneiros era atribuída
aos pescadores amadores, também conhecidos como pescadores
esportivos.
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