No
final do século XIX, esta genética Original
vai levada para os EUA e selecionada para a produção
leiteira, dando origem ao que intitulamos de linhagem Brown
Swiss. Hoje em dia, comparados aos de outras raças
especializadas, trata-se de animais bastante longevos, de
pé e pernas fortes, grande porte, de grande capacidade
par suportar estresse térmico e com alto teor de sólidos
no seu leite, o que é grande apelo econômico
na pecuária leiteira atual. No Brasil, a raça
chegou no início do século XX.
Pardo-Suíço
Leite
Entre
as atividades rurais, a criação de gado de leite
é, provavelmente, a que exige maior dedicação
por parte do criador. Trabalho, talento, técnica e
treinamento são pré-requisitos para um bom desempenho.
A recompensa será, evidentemente, maior se todo esse
empenho for dirigido a um rebanho de animais especializados,
com características favoráveis à exploração
leiteira nos trópicos. Para isso, é preciso
que estes bovinos atendam a uma série de requisitos.
O superintendente técnico da Associação
Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço
- ABCGPS, Fernando da Rocha Kaiser, descreve a linhagem leiteira
da raça, como um gado caracterizado por animais de
grande porte, com pêlo de cor parda variando de muito
claro até muito escuro, e pele pigmentada escura. O
corpo é amplo, com flancos. Apresenta estrutura óssea
sólida, com os melhores aprumos entre todas as raças
leiteiras.
Maturidade sexual precoce, fertilidade e longevidade são
as características reprodutivas que influenciam a eficiência
econômica no rebanho. Dados oficiais da ABCGPS confirmam
que as fêmeas da raça apresentam idade no primeiro
parto em torno de 30 meses. O período de serviço,
definido pelo tempo transcorrido entre o parto e uma cobertura
com prenhez, varia de 90 a 100 dias. Mais de 99% dos partos
têm curso normal.
O efeito combinado da seleção genética
e da melhoria do manejo geral e nutricional vem resultando
em médias de produção crescentes e cada
vez mais altas. Para se ter uma idéia, em 1995, nas
lactações controladas oficialmente, no Brasil,
a média produtiva apontava para 19,4 kg/dia per capita.
A mesma média, em 1997, foi para 20,4 kg/dia e, hoje,
ela já passa dos 21 kg/dia. Esses dados produtivos,
porém, sofrem variações em função
do manejo e da alimentação do rebanho.
Nos mais de 1,2 mil criadores da raça, há quem
utilize regimes de confinamento, semi-intensivo e até
extensivo de produção, sempre com respostas
favoráveis, guardadas as características de
cada projeto pecuário. Kaiser destaca, no entanto,
que as lactações das vacas Pardo-Suíço
são caracterizadas por uma diferença menor entre
o pico e a base de cada lactação, fator que
é de extrema importância na hora de compor a
quota diária entregue ao laticínio.
O leite é um alimento rico em proteínas, cujo
teor pode ser maior ou menor, de acordo com a raça
produtora. A vaca Pardo-Suíço produz um leite
com alto teor de Kappa-caseína e uma relação
de quantidade de proteína/gordura ideal para a produção
de produtos lácteos, proporcionando maior rendimento
de derivados. Vale lembrar que nos países mais desenvolvidos,
a alta quantidade de sólidos do leite é um diferencial
de preço bastante importante para o produtor. No Brasil,
porém, apenas as bacias leiteiras importantes, esta
característica começa a agregar valor ao produto.
A raça Pardo-Suíço é reconhecida
em todo o mundo por sua capacidade de adaptação,
principalmente nas regiões de clima quente. Esta condição
é denominada tolerância ao calor
e representa um atributo genético da raça. Kaiser
explica que os animais pardos possuem um número muito
alto de glóbulos vermelhos no sangue, pois são
originários de regiões elevadas, onde o oxigênio
é rarefeito. Além disso, nos Alpes, a radiação
ultravioleta é muito intensa, como também acontece
nas regiões tropicais e subtropicais.
A pele totalmente pigmentada do Pardo-Suíço
evita doenças relacionadas com a fotossensibilidade.
Esta característica de grande resistência ao
calor e ao sol escaldante é fundamental para a pecuária
que precisa do touro cobrindo a campo, muito praticada nas
criações semi-extensivas ou até extensivas,
em geral, principalmente nas regiões Centro-Oeste,
Norte e Nordeste do Brasil. Em pesquisa realizada pela Universidade
do Arizona/EUA, na década de 90, comparando o comportamento
reprodutivo de raças leiteiras européias submetidas
ao estresse calórico, a raça Pardo-Suíço
manteve a taxa de prenhez mesmo sob temperatura de 40ºC.
A capacidade de adaptação do Pardo-Suíço
ao clima tropical resulta em maior longevidade, permitindo
ao criador obter um número maior de lactações
lucrativas. Como há muito tem sido pregado pela maioria
dos técnicos envolvidos com a atividade leiteira, o
tempo de permanência de uma vaca no rebanho e sua produção
vitalícia (total de meses de todas as lactações
e média de produção diária) são
fatores determinantes no sucesso da exploração
leiteira, pois o custo de criação se dilui com
os anos de usufruto do animal. Isto implica também
em menor pressão na reposição das fêmeas,
resultando em maiores excedentes para a comercialização
e aumento do faturamento da fazenda.
Dados fornecidos pela associação de criadores
da Suíça mostram que o percentual de vacas suíças
com quatro ou mais lactações em um mesmo rebanho
é de 37,1%, contra 22,2% das holandesas. Em 1996, na
Suíça, constatou-se que mais de 20 mil vacas
Pardo-Suíço registradas tinham mais de 10 anos
de idade. Um outro feito importante é o desempenho
da Recordista Mundial de todas as raças, em produção
total de leite, que é Pardo-Suíço. Trata-se
de Shelburne Dez SF, que em 13 lactações produziu
140.892 kg, a partir dos 25 meses até a idade de 15
anos.
Outro diferencial econômico para o Pardo-Suíço,
no Brasil, é a sua utilização de sua
genética nos cruzamentos com outras raças. Todo
cruzamento sistemático exige raças puras muito
bem definidas e, a Pardo-Suíço, é uma
das mais antigas e puras que existem, de acordo com órgãos
pecuários europeus, como a Interbulls. A sua coloração
uniforme, com pele pigmentada, garante maior proteção
contra a radiação ultravioleta, impedindo as
doenças relacionadas com a exposição
ao sol. A resistência ao calor permite que os touros
acompanhem os rebanhos zebuínos. Chama a atenção
a uniformidade das crias, já na primeira cruza (F1).
No Brasil, o Pardo-Suíço é cruzado, basicamente,
de quatro maneiras diferentes. Especialistas da raça
ligados à ABCGPS estimam que existam, no País,
cerca de 1 milhão de cabeças oriundas de cruzamentos
com a raça.
Pardo-Suíço com Girolando (three cross): caracterizado
por pelagem escura, uniforme e por produzir machos rústicos
e fêmeas com maior persistência de lactação,
adaptadas à máquina de ordenha. Dados oficiais
registram a produção média de leite das
vacas three cross de 5.065 kg em lactação de
305 dias; ou seja, 16,61 kg de leite por dia.
Pardo-Suíço com Indubrasil: os produtos deste
cruzamento são conhecidos como animais Itapetingas,
denominação proveniente de uma cidade do Sul
da Bahia, região onde o cruzamento é popular.
Estes animais impressionam pelo grande porte e pela boa produção
leiteira.
Pardo-Suíço com Guzerá: crias denominadas
Lavínias. É outro cruzamento muito realizado
no Nordeste. Em média, as fêmeas adultas pesam
entre 450 e 550 g.
Pardo-Suíço com Gir: este cruzamento resulta
em animais com pelagem mais uniforme, maior estatura, boa
produção de leite e em úberes com tetos
de tamanho e formato mais desejáveis.
Pardo-Suíço
Corte
Com
o mesmo sucesso da linhagem Brown Swiss, graças à
sua exuberante cobertura muscular e grande habilidade materna,
a linhagem Original da raça - que não recebeu
genética da seleção norte-americana -
tornou-se especializada na produção de carne
em várias potências da pecuária mundial,
em especial no Canadá, México e EUA. No Brasil,
a linhagem está sob a denominação de
Pardo-Suíço Corte.
A conformação do Pardo-Suíço Corte,
até pela finalidade de exploração ser
distinta, é bem diferente do Pardo-Suíço
Leite. A linhagem de corte é de porte médio
e com grande musculatura proeminente (carcaça frigorífica),
bem nos moldes exigidos pela pecuária de corte moderna.
Contudo, sua pigmentação de pele e mucosas se
apresenta com o mesmo padrão da linhagem leiteira,
característica que a habilita na missão de trazer
produtividade para os trópicos.
Sua pelagem tem a capacidade de crescer ou de se manter curta,
de acordo com as necessidades impostas pelo clima onde se
encontra o rebanho. Outro ponto a favor e comum à linhagem
leiteira são as pernas fortes, os cascos pretos e os
aprumos corretos. Sempre é bom lembrar que, originalmente,
esses animais caminhavam em solo pedregoso, de topografia
acidentada.
Também aqui, a precocidade sexual é o ponto
forte na linhagem. Aos 12 meses, os tourinhos da raça
estão com sua libido bastante desenvolvida. Com boa
criação, nesta idade já podem servir
a campo, nos cruzamentos industriais. Ao contrário
de outras raças européias continentais, o touro
Pardo-Suíço Corte trabalha no cerrado por várias
estações de monta. Estes dados podem ser confirmados
pela Associação Brasileira de Criadores da raça,
que dispõe de dados obtidos em vários rebanhos
do Sudeste e Centro-Oeste do País.
Além de caminhar bem atrás da fêmea zebu,
sob sol escaldante, o macho Pardo-Suíço Corte
é notável ao imprimir suas virtudes produtivas
na F1. A forte heterose e imposição da raça
manifestam-se principalmente na hora de apurar a quantidade
de leite que as fêmeas passam a oferecer aos bezerros.
Isto significa que em uma F2 será ainda mais pesada
e sadia, itens indispensáveis na manifestação
da precocidade e de outros potenciais genéticos da
herança européia.
As novilhas Pardo-Suíço Corte alcançam
puberdade aos 346 dias de vida, com taxa de prenhez de 91,6%.
Mas, reforçando, além da grande fertilidade
e taxa de partos sem assistência de 94,5%, a quantidade
de leite das vacas é o grande diferencial. Números
apurados pelo Clay Center - Departamento de Produção
de Carne do Ministério da Agricultura dos EUA - informam
que a produção média de leite das fêmeas
estudadas alcançou 2.576 kg em lactação
de 200 dias, ou seja, até a desmama (210 dias, em média).
O bom desempenho do Pardo-Suíço Corte é
evidenciado em provas oficiais realizadas tanto no Brasil
quanto no Exterior. Nos EUA, desde 1989, os machos Pardo-Suíços
Corte recebem mais prêmios do que os de qualquer outra
raça participante do influente concurso internacional
Max Fulsher, nas categorias: rendimento de carcaça,
olho de lombo, menor camada de gordura externa e marmoreio,
maciez e sabor da carne. Lá, os garrotes atingem ponto
de abate aos 13 meses com peso de 499kg.
No Brasil, a linhagem foi campeã das provas de ganho
de peso do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho/SP,
nos anos em que participou do certame: em 1994, média
de 427,6 kg e recorde individual de 535,8 kg; em 1995, média
de 412,6 kg e grupo mais pesado com 460,1 kg; em 1996, média
de 420,3 kg e novo recorde individual de 491,2 kg, onde estavam
presentes 10 raças, em total de 1.367 animais; e em
1999, com o melhor ganho de peso diário (GPD de 1.123
g) e o melhor peso pós-desmama, padronizado aos 378
dias, na categoria Elite (506,4 kg).
Os estudos de 24 anos realizados pelo Clay Center ainda mostraram
que o Pardo-Suíço Corte foi uma das raças
que apresentaram um ótimo rendimento médio de
carcaça, cerca de 61,2%; além de carne limpa,
67,3%; de percentual de carne de qualidade USDA Choice, 76%,
com 0,46 cm de gordura. Já o peso final médio
registrado para o abate ficou em 567 kg, com 16,5% de taxa
de ossos. Em provas realizadas no Canadá, o Pardo-Suíço
Corte apresentou o seguinte resultado: 314 kg aos 200 dias,
608 kg aos 12 meses, ganho de peso médio diário
de 1.800 g, circunferência escrotal de 35 cm aos 12
meses, rendimento de carcaça de 63,4% e camada de gordura
externa de 3,1 mm.
Os bons indicativos do Clay Center ainda são mais valorizados
se observada a performance do Pardo-Suíço Corte
quando cruzado com o Zebu. Como anteriormente citado, a raça
possui muita força na geração de heterose.
O touro imprime com bastante consistência suas características
produtivas. Na obtenção da F1, se os garrotes
são precoces e pesados, as fêmeas são
excelentes reprodutoras, melhorando muito a habilidade materna,
em relação às suas mães.
Em testes realizados no Mato Grosso do Sul, em parceria com
a Embrapa/CNPGC - Centro Nacional de Pesquisas de Gado de
Corte - em 1995, o Pardo-Suíço cruzado com zebu
foi o melhor ganhador de peso, com 1.010 g/dia, em regime
de pasto. Já na prova realizada pela mesma Embrapa/CNPGC,
em 1997, em confinamento, os cruzados apresentaram um peso
final médio de 518 kg - ganho de peso médio
diário de 1.844 g - com carcaça pesando 286
kg, ou seja, 55,2%. A camada de gordura externa foi de 3mm.
Alguns destes animais registraram ganho de peso médio
diário acima de 2.000g.
No leite, Pardo-Suíço de Norte a Sul.
Na velha máxima que diz os números não
mentem, a raça Pardo-Suíço pode
ter ser perfil traçado pelo País. O diretor
de gado de leite da Associação Brasileira de
Criadores de Gado Pardo-Suíço - ABCGPS, José
Bráulio de Oliveira Gomes, que é criador e médico
veterinário, conhece os vários cenários
de exploração da raça, não só
como dirigente e técnico, mas também como jurado
credenciado da entidade. Para cada ambiente e realidade
empresarial, há uma genética indicada e um caminho
bem sucedido para ser trilhado, afirma Gomes.
Segundo o especialista, o Pardo-Suíço, linhagem
leiteira, é uma das poucas raças bovinas européias
presente em quase todos os estados da federação.
Ficam de fora Roraima, Acre e Amapá, pelo menos oficialmente.
Entre machos e fêmeas, a ABCGPS computa 54.316 animais
vivos, sendo 23.146 de sócios da entidade e 31.170
de não sócios 36.426 indivíduos
são fêmeas.
O estado com maior volume de reses é São Paulo
com mais de 25% deste rebanho, seguido por Minas Gerais e
Bahia. A região Nordeste, aliás, nos últimos
anos se aproximou bastante do desempenho da região
Sudeste. Atualmente, 30% dos criadores sócios da ABCGPS
estão na região da seca, contra 33% no Sudeste.
Em 2003, ano de último balanço oficial da ABCGPS,
nasceram 4.139 animais POs, 1.207 PCs e 1.143 mestiços,
todos registrados. Destes, 1.300 são produtos de transferência
de embriões, provenientes de 212 doadoras que produziram
média de 6,13 estruturas viáveis (embriões)
por coleta. No mesmo período foram comunicadas 11.
378 coberturas.
A Associação Brasileira de Inseminação
Artificial ASBIA, divulgou em seu relatório
anual de 2003 que somente a linhagem leiteira do Pardo-Suíço
comercializou 79.851 doses de sêmen, sendo 38.986 de
material importado. Se somarmos este volume ao de outras opções
genéticas da raça, totaliza 121.117 doses. O
diretor de gado de leite da ABCGPS informa que quase a totalidade
das melhores centrais de inseminação do País
dispõe de boa bateria de touros em trabalho.
Gomes, aliás, aponta para uma estabilização
do padrão de qualidade dos animais especializados no
leite. As doadoras de embriões da raça
são animais classificados no mínimo muito
bom, recebendo sêmen de touros provados nos Estados
Unidos, onde a entidade similar à ABCGPS realiza um
importante trabalho de estudo dos seus touros, com sumário
extremamente detalhado, explica.
Assim, as fêmeas Pardo-Suíço no leite
chegaram a uma produção média no Brasil,
individual, em torno de 7.125 kg, por lactação,
em regime de duas ordenhas para 305 dias, para 1.348 vacas
controladas. Dentro da apuração, há um
número considerável de matrizes em regime de
três ordenhas e produção em 365 dias.
O teor médio de gordura é de 3,8% ou 274,1 kg.
Além de números é preciso destacar a
estrutura que o gado Pardo-Suíço. A raça
possui 14 entidades regionais de fomento formadas por criadores
entusiasmados e dispostos ao trabalho. A informação
pode ser checada visitando as dezenas de exposições
que o gado participa em todo o País. Sendo assim, a
raça ocupa as principais praças pecuárias,
com destaque às mostras nordestinas, onde a raça
figura entre as européias, independente do objetivo
econômico, que mais cresce.
A Associação Brasileira de Criadores de Gado
Pardo-Suíço é um capítulo à
parte. Foi uma das primeiras a se informatizar e disponibilizar
serviços pela rede mundial de computadores. Ao contrário
de similares, sua administração segue firme,
acertando o passo com as novas necessidades do mercado e expectativas
de seus associados.
Conforme Gomes, os criadores de Pardo-Suíço
têm a seu favor o fato de que o gado é o maior
divulgador do seu negócio, por isso, os investimentos
de marketing são modestos. Mais cedo ou mais tarde,
a produção de animais é vendida, inclusive
machos, já que são aproveitados para a cobertura
a campo em rebanhos leiteiros zebuínos ou mesmo para
a engorda.
Mas a ABCGPS vem trabalhando firme na questão fomento.
Na atual gestão, comandada por José Carlos Leão
Barretto de Araújo, a genética da raça
deve ser democratizada. A filosofia muda a ótica de
que o leite deve ser produzido partindo gado puro e recupera
o potencial da base zebu do Brasil, também para expandir
a produção leiteira. Aqui, a obtenção
de heterose, a exemplo de outras experiências no mundo,
é a grande diferença.
Sabendo
mais sobre o Pardo-Suíço
O
conhecimento da origem de uma espécie e as influências
que afetaram sua jornada de seleção através
dos séculos é a chave para entender suas características
no presente e avaliar sua força como parceira na pecuária
moderna.
Escavações realizadas no Lago Suíço,
na borda dos Alpes, revelaram esqueletos de animais que viveram
em 4.000 anos a.C. As características se assemelham
as do Pardo-Suíço atual. Não tão
distante, no século XII, relatos descrevem o rebanho
do Monastério de Eisiedeln, no Cantão de Schwyz,
como animais muito grandes e de cor parda escura.
Ao longo dos séculos, a influência da natureza
determinou a morfologia e as qualidades básicas desses
animais. Diferentes fatores, tais como a qualidade do solo,
variações climáticas, topografia montanhosa
e pastos entre 700 e 2.000 metros acima do nível do
mar, forjaram o Pardo-Suíço robusto e auto-suficiente,
verdadeiro produto de sua terra natal. Sua tolerância
a grandes variações térmicas possui origem
na aridez do verão e na neve do inverno alpino.
A partir do século XIX, os criadores de vários
cantões reconheceram a importância da seleção
e do acasalamento dirigido como forma de preservação
das características da raça e de evolução
do rebanho. A seleção de matrizes era baseada
em corpulência, harmonia de conformação
e produção de leite. Nenhum cruzamento
com outra raça foi admitido, o que garantiu a pureza
racial do Pardo-Suíço.
As primeiras participações da raça em
exposições internacionais datam de Paris (França,
1856) e de Londres (Inglaterra, 1862). Segundo crônica
da época, os animais oriundos do Cantão Schwyz
foram tocados a pé, até a estação
de Basel. De lá foram transportados de trem até
seu destino. Sua presença no exterior causou
inesperado sucesso e atraiu a atenção de produtores
norte-americanos, que procuravam uma vaca adaptável
com notória produção. No final
do século XIX, os EUA importaram 25 touros e 140 vacas
que acabaram formando a base do atual rebanho norte-americano.
Nos EUA, condições favoráveis de manejo
e a implantação, já em 1890, de testes
de produção, determinaram a seleção,
visando prioritariamente a produção de leite.
Como conseqüência, as características físicas
da vaca mudaram. Ela ganhou mais estatura, uma estrutura óssea
mais angulosa, pescoço mais fino e longo, úbere
mais amplo com ligamentos mais fortes, tetas de tamanho e
formato desejáveis para a ordenha mecânica, além
de corpo com menor cobertura muscular, porém, sem comprometimento
da sua constituição robusta. O uso da genética
norte-americana, por meio da importação de animais
e sêmen, teve e tem profundas influências nos
rebanhos brasileiros de linhagem leiteira.
O trabalho com a raça no Brasil tem quase um século.
As primeiras importações entraram pelo Rio Grande
do Sul e Rio de Janeiro, trazendo um gado de dupla aptidão.
Mas foi nos últimos 25 anos que a raça começou
a repercutir no mercado brasileiro, principalmente com o boom
da linhagem norte-americana, especializada na produção
leiteira e depois, no final da década de 90, da linhagem
frigorífica.
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