SOJA - A RESPONSABILIDADE DE SER O MAIOR
rev 103 - setembro 2006

São muitos os desafios para os produtores de soja garantirem ao Brasil a condição de maior exportador mundial do produto, com qualidade e números que sinalizem um futuro longevo de sucesso.

Alguns dirão que o primeiro deles e o mais urgente é vencer a grande crise que setor agropecuário enfrenta nos últimos 18 meses, com vários produtos remunerados aquém das necessidades de sobrevivência. Como reflexo, observamos, especificamente na soja, uma queda na redução de área plantada, ainda que a produção em toneladas tenha aumentado. Segundo a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, as terras destinadas ao cultivo da soja sofreram uma diminuição de 4,6% na última safra, responsáveis por uma produção de 53,4 milhões de toneladas do produto, cerca de 3,8% a mais que na safra anterior.

Os números mostram uma tendência comprovada pelos fabricantes de insumos para a cultura. Os produtores menos tecnificados estão cedendo espaço para os grandes produtores, que detém tecnologia suficiente para manter a trajetória de eficiência e condições de espera por dias melhores. Assim, superar os desafios do momento é uma questão também social e passa necessariamente pelo alto conhecimento da cultura e profissionalização, saindo do preparo da terra e saúde da lavoura para a logística e comercialização com garantias de retorno financeiro.

Na contramão da necessidade de adquirir cada vez mais novas tecnologias que respondam às necessidades de aumento da produtividade estão a descapitalização do produtor e a falta de financiamentos mais acessíveis e condizentes com a realidade do produtor. Mais uma vez, o contexto favorece os produtores de maior porte que, em função de volume, detém mais recursos para o investimento em novas tecnologias que batem à porta todos os dias. O que serve para 10 hectares serve para 1.000. Na base teórica, o conhecimento da cultura torna-se um aliado na hora de enfrentar as intempéries climáticas e as crises econômicas.

Segundo os pesquisadores, a exploração correta do solo, oferecendo-lhe todos os itens para que possa suprir as exigências nutricionais de uma boa planta; assim como a escolha de uma variedade adequada, principalmente às condições geo-climáticas da propriedade, com grãos saudáveis e sabidamente produtivos; constituem ponto de partida. Estima-se que ineficiência nesta etapa do processo possa representar até 65% de produtividade inferior.

Também o regime das águas é um fator determinante. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, em Londrina (PR), José Renato Farias, a seca observada nos Rio Grande do Sul e Paraná, em 2005, responderam por 80% da queda na safra, que caiu de 65 milhões de toneladas para 50 milhões (t). Segundo ele, “A maior necessidade hídrica, fases mais críticas à falta de água ocorrem, em soja, durante o período reprodutivo: floração e enchimento de grãos”. Salvo o poder de deuses que os homens não têm, as previsões meteorológicas, pontualidade nas etapas de cultivo e exploração de variedades mais adaptadas ao ambiente da propriedade são aliadas importantes da maior produtividade.

Outro desafio e bastante dispendioso é o combate às pragas. A ferrugem asiática continua implacável na tomada do território nacional, mas vencê-la, assim como a outras doenças, não é tarefa impossível e, na ponta do lápis pode significar safra rentável, com o tão almejado aumento de produtividade. Segundo Eduardo Leduc, diretor da Basf SA, “a falta de combate a pragas pode trazer quebra de safra de até 50%, em especial a ferrugem asiática. Há produtos no mercado que, com apenas a melhora da produtividade, se pagam”.


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