Tanto
a Embrapa Soja quanto o Mapa possuem manuais que podem ajudar
na identificação e combate das pragas e doenças,
com visão mais regionalizada. O uso de inseticidas
e de outros manejos também requer meticulosidade, pois
sua utilização de forma incorreta pode significar
dinheiro jogado no lixo.
A Embrapa Soja sugere como aliado o Manejo de Pragas.
Trata-se de uma tecnologia que pressupõe inspeções
regulares a pontos da lavoura escolhidos como amostras. A
observação se volta para o nível de desfolha,
tamanho e número de pragas encontradas, sempre relacionando
as ocorrências à fase de evolução
das plantas. O manual sugere a utilização de
um lençol branco com 1 metro de comprimento, estendido
entre duas fileiras.
Agitando-se vigorosamente as plantas, observa-se a quantidade
de lagartas e insetos que caem sobre o lençol. O procedimento
deve ser realizado em vários pontos da lavoura para
que, a partir disso se obtenha um retrato da infestação.
A partir do volume de incidências e a identificação
dos invasores é que se determina a ação
pertinente.
Entre as principais pragas está a lagarta da soja.
Quando encontradas 40 unidades por lençol batido ou
30% de desfolha no florescimento ou 15% no início das
primeiras flores, é hora de intervir. No caso do percevejo,
para cada 4 insetos no lençol, com mais de 0,5 cm de
comprimento, também é momento de agir. No caso
de lavouras produtoras de sementes, já com a ocorrência
de duas unidades, medidas de combate devem ser tomadas.
No caso de brocas de axilas, deve-se observar em determinada
área ataques nas ponteiras de plantas na faixa de 25
a 30% delas, fase em que a infestação está
crítica e pede providências. Outro inseto que
vem se tornando um problema é o tamanduá
da soja ou bicudo da soja, que atacam o
caule das plantas, desfiando tecidos, ou, quando larvas, broqueam
e proporcionam o surgimento de galhas. Neste caso, a rotação
de culturas é indicada, sempre associada a outras estratégias
de combate, como a utilização de plantas-iscas
com veneno. Espécies como milho, o sorgo e o girassol,
não são hospedeiras do tamanduá
da soja.
Prejuízos importantes às lavouras de soja também
são responsabilidade dos corós, um grupo de
pragas que ataca as raízes da planta. Os sintomas são
o amarelecimento das folhas, redução do tamanho
e até a morte, ainda mais quando o ataque surge no
início do desenvolvimento da plantação.
Uma série de medidas, algumas simultâneas, permite
que a lavoura conviva com o invasor. A data de plantio pode
ser programada para quando a infestação se tornar
mais forte, as plantas já estejam em uma fase menos
suscetível.
Já o controle químico só é recomendado
quando as larvas apresentam, em média, mais de 1 cm.
Vale observar que não há inseticidas totalmente
eficientes para os coros, mas sabe-se que as larvas mais desenvolvidas
se mostram mais sensíveis à ação
dos químicos. Outra ação de combate é
a aragem da terra nas horas mais quentes do dia, porém
pede-se fazê-la de forma profunda.
Por sua vez, as doenças provocadas por vírus,
fungos, nematóides e bactérias são numerosas
e respondem por perdas anuais estimadas entre 15 e 20%; mas
sabe-se que alguns desses males podem trazer a perda de 560
da lavoura. Mais de 40 deles já foram identificados,
no Brasil, e o mais recente é a ferrugem asiática.
Para cada variedade de soja e condições de ambiente
da plantação, um leque de doenças é
ameaçador. Um detalhe importante é que a maioria
delas é transmitida pelas próprias sementes.
Portanto, conhecer sua saúde é uma medida preventiva
de suma importância.
Doenças
identificadas no Brasil
Fúngicas
foliares: crestamento foliar de cercospora (cercospora kikuchii);
ferrugem americana (phakopsora meibomiae); ferrugem
asiática (phakopsora pachyrhizi); mancha
foliar altenaria (altenaria sp.); mancha foliar ascochyta
(ascochyta sojae); macha foliar myrothecium (myrothecium roridum);
mancha parda (septoria glycines); mancha olho de rã
(cercospora sojina); míldio (peronospora manshurica);
mancha foliar phyllosticta (phyllosticta sojicola); mancha
alvo (corynespora cassiicola); mela ou requeima da soja (rhizoctonia
solani e thanatephorus cucumeris); e oídio (erysiphe
diffusa).
Fúngicas na haste, vagem e sementes: antracnose (colletotrichum
dematium var. truncata); cancro da haste (diaporthe phaseolorum
f.sp. meridionalis e phomopsis phaseoli f.sp. meridionalis);
mancha púrpura da semente (cercospora kikuchii); seca
das haste e da vagem (phomopsis spp.); seca da vagem (fusarium
spp.); mancha de levedura (nematospora corily); e podridão
branca da haste (sclerotinia sclerotiorum).
Fúngicas radiculares: podridão de carvão
(macrophomina phaseolina); podridão parda da haste
(phialophora grigata f.sp. sojae); podridão de phitophthora
(phitophthora megasperma f. sp. sojae); podridão radicular
cylindrocladium (cylindrocladium clavatum); tombamento de
sclerotium (sclerotium rolfsii); murcha de sclerotium (sclerotium
rolfsii); tombamento de rhizoctonia (rhizoctonia solani);
morte em reboleira (rhizoctonia solani); podridão da
raiz e da base da haste (rhizoctonia solani); podridão
vermelha da raiz ou síndrome da morte súbita
(fasarium solani f. sp. glycines); podridão radicular
de rosellinia (rosellinia sp.); podridão radicular
de corynespora (corynespora cassiicola).
Bacterianas: crestamento bacteriano (pseudomonas savastanoi
pv. glycinea); pústula bacteriana (xanthomonas axonopodis
pv. glycines); e fogo selvagem (pseudomonas syringae pv. tabaci).
Virais: mosaico comum da soja (VMCS - vírus do mosaico
comum da soja); queima do broto (VNBF - vírus da necrose
branca do fumo); mosaico amarelo do feijoeiro (VMAF
vírus do mosaico amarelo do feijoeiro); mosaico cálico
(VMA vírus do mosaico da alfafa); e necrose
da haste (vírus da necrose da haste da soja
carlavirus).
Por nematóides: nematóides de galhas (meloidogyne
incógnita), nematóide de galha (meloidogyne
javanica); nematóide de galha (meloidogyne arenaria);
nematóide de cisto da soja (heterodera glycines).
Sem etiologia: necrose da base do pecíolo (pulvino).
|