A
Fort Dodge, em parceria com a Unesp lançaram um Guia
de Boas Práticas no Manejo, a fim de orientar desde
trabalhadores de campo até fazendeiros na atividade
pecuária. A Fort Dodge já trabalhava com
o profissional do campo na área de sanidade através
do Programa PROCURe, e, como a Unesp também estava
realizando um trabalho de validação das boas
práticas de manejo, resolvemos nos juntar, explica
o gerente de produtos da empresa, Cleber Silva.
O manual promete orientar tanto os trabalhadores do campo
quanto os fazendeiros e possui uma linguagem simples,
direta e objetiva, diz o professor de etologia e bem-estar
animal da Unesp de Jaboticabal, Mateus Paranhos da Costa.
|
|
Baseado
em estudos que visam entender o comportamento dos animais
em relação ao homem e ao ambiente, o guia ensina
técnicas de manejo para que haja maior qualidade no
sistema de criação. Quando conhecemos
a natureza do animal, o manejo torna-se menos agressivo. Com
isso, é possível diminuir o estresse animal,
explica Paranhos.
O primeiro volume do manual (de um total de 10) fala sobre
o manejo de bezerros ao nascimento. De acordo com a pesquisadora
do programa de pós-graduação em genética
e melhoramento animal da Unesp, Anita Schmidek, o problema
de mortalidade dos bezerros acontecia nas primeiras semanas
de vida e estava associado a uma resposta imune ineficiente.
Eram bezerros com problemas de diarréia e pneumonia,
revela.
Segundo a pesquisadora, foram aproximadamente 10 anos de estudos
e pesquisas antes da publicação do guia. Para
Mateus Paranhos, a condição para o bezerro adquirir
imunidade está relacionada à agilidade com que
o animal consegue dar a primeira mamada. Com o colostro
da mãe, ele se protege contra agentes externos,
afirma. Segundo ele, mais importante do que ter um bezerro
pesado, é ter um bezerro. Os estudos foram fundamentados
em visitas de pesquisadores da Unesp e da Fort Dodge às
fazendas. Testemunhos de trabalhadores do campo e pesquisas
científicas encorparam o projeto do guia.
Através das pesquisas foi possível detectar
as principais causas de óbitos. Observou-se que os
motivos estavam atrelados a problemas genéticos dos
bezerros, imunização inadequada, mamada mal
feita ou insuficiente, acidentes (buracos, cercas, cobras,
etc), temperatura do ambiente, intervenção humana
e predadores. Agentes como cães e urubus podem
atrasar a primeira mamada e até matar o animal,
alerta Paranhos. Segundo ele, fatores como bezerros fracos,
vacas inexperientes, tetas grandes e a umidade do ar também
podem atrasar a primeira mamada.
De acordo com Anita Schmidek, muitos pecuaristas, apesar de
conscientes, ignoram a real importância de um bom manejo.
Muitas vezes as pessoas nem sabem quantos bezerros nasceram
ou morreram. Há casos em que as informações
são coletadas erroneamente ou, então, os homens
do campo botam a culpa em animais como a cobra. Deste jeito
fica difícil encontrar qual é o ponto crítico
do problema, comenta. A fim de evitar casos de morte,
Ana diz que é essencial que os profissionais do campo
registrem problemas como dificuldade de parto, baixa habilidade
materna, tetos grandes e falhas na primeira mamada. É
sempre bom ter um materneiro, uma pessoa que goste de cuidar
de bezerros e anote todos os problemas que acontecem desde
o nascimento até a desmama, aconselha.
O
futuro do guia
O
segundo volume será sobre a vacinação.
O lançamento está previsto para o final de setembro.
O de desmama será o terceiro e deve ser publicado até
o final deste ano, adianta Paranhos. Segundo ele, assuntos
como manejo no curral e no confinamento já estão
cotados para as publicações futuras. Pretendemos,
em um prazo de 2 anos, completar os 10 volumes propostos,
estima.
De acordo com Celso Silva, o material será distribuído
gratuitamente e estará disponível nos sites
da Unesp e da Fort Dodge. O interessado deverá
se cadastrar e, a partir daí, receberá um e-book
(livro eletrônico) em formato PDF, avisa. O gerente
de produtos da Fort Dodge afirma também que alguns
exemplares estarão disponíveis na editora FUNEP
(Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão
da Unesp). A primeira tiragem será de aproximadamente
2.000 exemplares. Queremos direcionar o material para
quem realmente irá utilizá-lo, enfatiza.
|