A
diversidade de pelagens é outro atributo bastante admirado
no cavalo Campolina. Hoje já tem criador especializado
na seleção de linhagens específicas como
é o caso do Haras do Barulho de propriedade do empresário
Cláudio Cunha que se dedica à produção
de cavalos da linhagem Pampa, originária dos estados
da região Sul. O criador conta que a primeira experiência
com a raça Campolina aconteceu, há cerca de
20 anos, quando por intermédio de um vizinho ele adquiriu
seus primeiros potros. Sua paixão pelo cavalo de pelagem
Pampa, nasceu, ainda durante a infância, nas fazendas
do Paraná, região onde foi criado.
O trabalho de seleção foi iniciado com três
éguas compradas de um importante criatório da
época junto com sêmen do garanhão Ivanhoé,
de propriedade da fazenda Chaparral, animal de tordilho que
nas palavras do próprio criador trazia consigo um excelente
pedigree. Em 1995 começaram a nascer os primeiros animais
frutos da seleção, e logo essa progênie
começou a ganhar premiações importantes
no ranking da associação. Esse fato motivou
sobremaneira o criador e sua família a trabalhar de
forma mais intensiva o projeto de seleção do
Haras do Barulho. Em 1997 eles adquiriram de forma definitiva
o garanhão que passou a servir de base genética
para a futuras gerações do criatório.
A tropa do Haras do Barulho está formada por 120 animais
divididos em potros de 1 e 2 anos além de matrizes
que são trabalhadas no sistema de Transferência
de Embriões TE, com cruzamentos direcionados. A idéia
é formar uma tropa de animais mais voltados para cavalgada,
explica Cunha.
Na opinião do criador o cavalo pampa Campolina é
ideal para o executivo urbano que gosta de equitação,
mais que procura um animal dócil onde ele possa colocara
seus filhos junto com um animal belo e altivo, características
que diferenciam está que é uma das mais charmosas
atividade de laser. O publico urbano não está
acostumado a manejar um animal de grande porte como é
o cavalo, destaca. O Campolina tem uma característica
muito peculiar de agregar nessa relação homem
x animal, proporcionando, por exemplo, que uma pessoa sem
nenhum conhecimento em equitação possa cavalgar
tranqüilamente.
Outra história bastante interessante é a do
criador José Luiz Affonso Fuser proprietário
do Haras 3F, que há 20 anos trabalha no melhoramento
genético do Campolina, procurando direcionar sua seleção
de acordo com as exigências do mercado. A Tropa de 70
animais e direcionada para produzir um animal que possa atender
tanto as necessidades do peão como o patrão,
brinca o criador que já tem um trabalho voltado a produção
de mulas e burros a partir da genética Campolina. No
interior é muito grande comum pela mula de patrão,
diz.
De acordo com o criador que administra um projeto de criação
no Mato Grosso, existe um mito entre os peões de fazenda
de que cavalo marchador não é bom para lida
porque cansa mais rápido. Isso não verdade,
afirma o criador para quem o problema está no mal uso
que os peões fazem do animal. É comum
os peões usarem os cavalos para todo os afazeres do
dia a dia, desde o trabalho na lida com os animais até
coisas pessoais. Isso sobrecarrega o animal, diz. Por
conta disso muitos fazendeiros estão dividindo o uso
dos cavalos o que está equiparando o desempenho dos
animais. A verdade é que, em muitas regiões
do País, não existe uma cultura de se possuir
um cavalo de serviço. Para ele o grande mercado para
o Campolina, hoje, está na região Sudeste, onde
existe uma procura por cavalos para uso na no lazer dos finais
de semana e também como cavalo de serviço.
O plantel do Rancho dos gaúchos outro importante criatório
de seleção do Campolina na Serra do Macacu aposta
na tradição do cavalo de sela no Brasil para
permanecer ativo no mercado. César Dalsin, um dos irmãos,
fala que o que mais chamou atenção da família
no Campolina foi a beleza racial que se mostra muito altivo,
sem perder a docilidade. O padrão racial segue as orientações
da associação que promover inúmeras exposições
ranqueadas, onde a seleção é direcionada.
Uma
raça com a cara do Brasil
O
Cavalo Campolina, tal como se apresenta hoje, se diferencia
dos padrões iniciais devido ao trabalho de seleção
de criadores pioneiros que, muitas vezes, recorreram mais
à intuição que a ciência, para
solução de seus problemas ligados ao aprimoramento
dos animais. Nisso o papel das associações foi
fundamental no sentido de orientara o aperfeiçoamento
dos produtos, com o estabelecimento um padrão racial
definido.
Cassiano Antônio da Silva Campolina, natural de São
Brás do Suaçuí, ex-distrito de Entre
Rios de Minas, nasceu em 10 de julho de 1836 foi um desss
precursores da raça quando, ainda jovem, revelou gosto
pelo cavalo. Certamente influenciado pelas cavalhadas e disputas
entre mouros e cristãos, usuais naquela época
na cidade de Queluz, SP. Percebeu a existência de um
mercado interno para animais de grande porte, em virtude da
demanda para as disputas, para a montaria dos dragões
da milícia real e para as parelhas de cavalos destinados
à tração de trôleis na cidade do
Rio de Janeiro.
Em 1870 Antônio Cruz, seu amigo, presenteou-lhe com
Medéia égua nacional de bom tipo, cruzada com
um cavalo andaluz, presente de D. Pedro II a Mariano Procópio;
desta cruza nasceu um potro de boa linhagem, batizado com
o nome de MONARCA.Monarca tornou-se garanhão na Fazenda
do Tanque e com ele temos o marco inicial na formação
da raça hoje denominada Campolina, em homenagem ao
seu iniciador.
Após o falecimento, em 1904, do criador Cassiano Campolina,
seu trabalho de seleção, que já contava
mais de três décadas, poderia ter sido interrompido,
não fora o interesse e o entusiasmo pelo Cavalo que
conseguira transmitir aos seus amigos. Em testamento, passou
para seu particular amigo Joaquim Pacheco de Resende a Fazenda
do Tanque e todo seu plantel de eqüídeos. Joaquim
Resende deu continuidade às experiências introduzidas
por seu pai, conservando as fêmeas de boa linhagem,
filhas de P.S.l e usando como garanhões Monarca III
e Baiardo da linhagem Monarca, Caruso, Andaluz e Tupi da linhagem
Golias todos marchadores. Por volta de 1920, decorridos 50
anos de trabalho, a seleção vinha sendo feita
à base de sangue Andaluz, com choques de Anglo Normando,
P.S.l e Marchador.
Este reprodutor imprimiu a nova pelagem a 50% do plantel.
Tudo que foi feito até aqui levou 70 anos. A raça
Campolina vinha sendo formada graças ao interesse dos
criadores cada um orientando conforme suas preferências
e interpretações. Tornava-se necessário
disciplinar e definir um padrão para que todos os criadores
convergissem os esforços para o objetivo comum - a
raça Campolina.
O consórcio a essa altura, já não satisfazia
a necessidade dos criadores, o que os levou em 1951, a fundar
a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo
Campolina, com sede em Belo Horizonte. Esta Associação
reformulou os padrões estabelecidos pelo Consórcio,
o que foi bem aceito por todos; e consideramos ser esta uma
etapa muito importante na formação da raça
Campolina. A Associação ainda manteve o registro
aberto para machos e fêmeas. Em 1954 faleceu Joaquim
Resende, depois de 43 anos de permanente trabalho para a formação
do Campolina.
Com o decorrer dos anos cresceu o interesse pela criação
do Campolina e com ele o mercado, a nossa Associação
conta com a inscrição de centenas de criadores
de Minas Gerais, e de outros Estados da Federação
e com expressivo número de animais registrados. Mas,
nem sempre o produto aproveitado transmitia seus caracteres
e tinha que ser eliminado.
O cavalo Campolina é submetido a um padrão por
associação oficial idônea, e o registro
para machos, a partir de 31.12.66 passou a ser feito em livro
fechado. Hoje a raça Campolina está muito evoluída,
a sua padronização é marcante, visível
aos olhos de todos, que observam nas pistas de exposição
os animais apresentados. O mercado é sempre maior,
criadores com tradição não conseguem
produção bastante para atender a procura.
|