A qualidade e o preço são fatores que auxiliam
a venda, diz Camis. De acordo com ele, o Brasil possui
uma grande vantagem em relação a outros países.
Ofertamos este produto fresco ao passo que a China fornece
este peixe congelado. Nosso produto acaba tendo um valor final
melhor do que o chinês, conta. O preço
médio de exportação gira em torno de
7 dólares o quilo.
Para Camis o Brasil deve exportar cerca de 3 mil toneladas
de filé até o final do ano. Está
faltando produção para que se exporte mais,
afirma o zootecnista. Ele, e seu parceiro Jorge Meneses, produzem
100 mil quilos de tilápia por ano. Estamos em
um processo de expansão. Pretendemos chegar a 200 mil
quilos/ano, revela. Para ele a tilápia tem grande
chance de se tornar a primeira espécie mais cultivada
no mundo.
A pele da tilápia é valorizada no Brasil, entretanto,
encontra no mercado internacional maior espaço. O processo
de curtimento permite transformar a pele em couro cujo metro
quadrado pode ser vendido em torno de 70 dólares.
De acordo com o presidente da AB-Tilápia (Associação
Brasileira Ind. de Processamento de Tilápia), Tito
Livio Capobianco, o quilo deste peixe vivo gira em torno de
R$ 2,20 a R$ 3,20. Tudo depende de quem está
comprando e da localidade do cultivo. Se o comprador for uma
indústria, pagará valores mais baixos. Se for
um pesque-pague gastará um pouco mais, explica.
Segundo Capobianco, o filé de tilápia de cativeiro
está sendo vendido atualmente a partir de R$ 14,00/quilo.
O custo de produção é inferior
ao de venda, conta. Os tipos mais cultivados são
as tilápias do Nilo, as tailandesas e as vermelhas.
A
arte de tilapiar
A
compra de alevinos é uma regra primordial para quem
deseja começar uma criação de tilápias.
Um milheiro destes peixes jovens sai aproximadamente R$ 100,00.
Normalmente chegam com 1,5 cm e pesam em média 1(um)
grama. Criados, primeiramente, em tanques escavados, os alevinos
recebem uma ração que define o sexo que irão
ter.
Os sistemas de criação são simples e,
basicamente, se dividem em 3 categorias: extensivo, semi-intensivo
e super-intensivo. O perfil e as condições da
propriedade anexados ao objetivo do criador implicam na escolha
do método a ser adotado.
O extensivo pode ser o mais lucrativo, no entanto, nem sempre
o melhor. A margem de lucro é maior, entretanto,
o ganho de capital muitas vezes não se torna compatível
com a pretensão do proprietário, fala
o presidente da ABRACOA. Este sistema é realizado em
açudes e o crescimento dos peixes depende do alimento
disponível na natureza.
O semi-intensivo adota viveiros escavados e é necessário
que os cultivadores dêem não só alimentos
naturais, como também, ração. Geralmente,
neste método, os alevinos atingem aproximadamente 500
g em 8 meses. Por meio deste sistema é possível
tanto controlar a temperatura e a entrada e saída de
água como o nível de peixamento.
O super-intensivo pode ser executado em tanques-rede em que
os peixes já são estocados com um peso médio
de 50 g. Ao contrário do semi-intensivo, eles podem
chegar a 500 g em apenas 4 meses. Algumas espécies
de tilápia são muito resistentes e, portanto,
podem ser criadas em águas doce ou salgada. O controle
do dia-a-dia desta atividade torna-se mais rigoroso assim
como é maior a produtividade por metro cúbico.
Se eu produzir em 10 mil metros quadrados extensivamente,
a produção vai girar na ordem de 50 mil quilos
por hectare, fala Camis. De acordo com ele, a mesma
situação em sistema semi-intensivo renderia
10 mil quilos por hectare.
Milhares de criadores preferem os tanques-rede como forma
de cultivo. Este sistema de gaiolas flutuantes pode ser executado
tanto em açudes como em rios ou lagos. Por haver uma
intensa renovação de água dentro dos
tanques, a produtividade dos peixes aumenta. Os tanques-rede
exigem cuidados não só com a escolha das espécies,
mas também, com a água. O nível
de oxigênio, a transparência e a temperatura da
água são de alta importância, alerta
Wagner Camis. A transparência da água deve ser
de 35 a 50 centímetros. As temperaturas inferiores
a 20 graus afetam o bom desenvolvimento das tilápias.
Em relação aos alevinos, Camis diz que ficam
em tanques de concreto até atingirem 12 gramas. Depois
vão para estruturas de tanques-rede onde recebem ração
com 36% de proteína. Permanecem lá até
obterem 30 gramas, explica. Após este processo
os alevinos são diluídos em estocagem final
em torno de 1300 unidades por tanques-rede de 6 metros cúbicos.
E recebem uma ração com 32% de proteína,
completa. Para ele, é possível produzir 600
quilos por safra em 6 metros cúbicos. Para Capobianco,
o peso ideal para o abate varia de acordo com o cliente final.
Basicamente é de 600 g a 1 quilo, diz.
No
limite
Por
se reproduzirem em alta velocidade e quantidade, a criação
de tilápias em tanques escavados gera um problema conhecido
como superpopulação. De acordo com a pesquisadora
do Instituto de Pesca, SP, Maria Aparecida Guimarães
Ribeiro, o ideal é trabalhar ou com tilápias
do sexo feminino ou masculino. Para reverter o problema
de superpopulação é necessário
efetuar o processo de reversão sexual, diz. Segundo
ela, a reversão pode ser feita em laboratórios.
Os ovos fecundados são retirados da boca da fêmea
e colocados em incubadoras. Depois recebem hormônio
masculino na água, completa. Outra forma de se
reverter o sexo destes peixes é adicionar hormônios
masculinos na ração.
O presidente da ABRACOA afirma que a superpopulação
afeta a estabilidade do peixe. Falta comida e oxigênio,
diz. Ele revela que este problema ocorre, pois geralmente
os produtores ou adquirem alevinos sem origem comprovada ou
compram peixes jovens sem serem sexados. O manejo reprodutivo
inadequado é um outro fator comum que causa a desestabilidade.
Nossos alevinos passam por um processo de tratamento
hormonal. Cerca de 98% dos alevivos são machos. Desta
forma diminuímos o aumento populacional, explica.
A superpopulação é uma realidade que
causa a distribuição insuficiente de ração
para todos os peixes, problemas de manejo e despadronização
do lote. É como, segundo Camis, preparar uma festa
para 60 pessoas sendo que há, em sua casa, o dobro
do que foi esperado.
Raio
X da Tilápia
*
A Tilápia é originária da África,
Jordânia e Israel, tendo sido introduzida no Brasil
na década de 70;
* É da família dos Ciclídeos;
* Convive bem com outras espécies;
* Pode chegar até 60 cm;
* Modo de reprodução: ovíparo. Cuida
bem da prole;
* Reproduz-se facilmente;
* Alimentação: pedaços de camarão,
alimento floculado, larvas, minhocas;
* Suportam ambientes diversos;
* Toleram grandes variações de temperatura e
baixos teores de oxigênio dissolvido na água;
* Adapta-se melhor ao clima quente;
* A cadeia produtiva da tilápia é considerada
uma das mais importantes da aqüicultura brasileira;
* Os tipos mais cultivados são: tilápia do Nilo,
tilápia vermelha e a chitralada ou tailandesa;
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