A
interceptação mais recente aconteceu na semana
passada, no Porto de Itajaí, em Santa Catarina. O espécime,
cuja fotografia segue em anexo, provavelmente um macho da
espécie Anoplophora Glabripennis (Besouro Chinês
ou Asiático), chegou ao Brasil em carga procedente
da China.
Este besouro é uma praga gravíssima que já
causou prejuízos de milhões de dólares
nos EUA. Somente no ano de 2004, o país gastou U$ 138
milhões no seu combate e também no replantio
de florestas atacadas. Apesar do sucesso dessas duas interceptações,
a fiscalização realizada nos portos e aeroportos
brasileiros é bastante vulnerável. Prova disto
é que nos últimos anos algumas pragas foram
introduzidas no país, causando milhões prejuízos
e gerando um elevado índice de desemprego em muitas
regiões brasileiras.
O Cancro Cítrico, por exemplo, que ataca a citricultura
foi introduzido no país em 1957, e se disseminou nas
principais regiões produtoras do Brasil, causando inúmeros
prejuízos e um custo anual com o programa de combate
à praga que chega a R$ 10 milhões.
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Já
o Nematóide do Cisto da Soja se instalou na agricultura
brasileira em 1992, afetando 1 milhão de hectares nos
estados de GO, MS, MT, SP e RS, gerando perdas anuais de US$
33 milhões. Atualmente, o custo anual do programa de
combate dessa praga é de R$ 5 milhões.
O Bicudo Algodoeiro foi Introduzido em 1983. Na época,
a produção de algodão em pluma que era
de 200 mil toneladas, caiu para 30 mil em 1995, representando
perdas estimadas em US$ 3 bilhões e ocasionando aumento
da migração rural para o centro-sul.
Milhões de toneladas de produtos embarcam e desembarcam
diariamente nos portos e aeroportos brasileiros, o que exige
uma demanda muito grande de mão de obra, tanto para
fiscalizar as cargas, como as embalagens e suportes de madeira
utilizadas neste trânsito internacional de mercadorias.
Para se ter uma idéia, a Receita Federal conta
com aproximadamente 300 fiscais dentro do Porto de Santos
para realizar uma fiscalização, que na maioria
dos casos é apenas documental. Já o Ministério
da Agricultura conta com pouco mais de 30 fiscais para realizar
uma inspeção, que deve ocorrer presencialmente
em todas as cargas que chegam a mais de 3.000 containeres
por dia só em São Paulo, explica Ricardo
Nunes, diretor executivo da Associação Brasileira
das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário
(ABRAFIT).
Até 20 de junho de 2005, as empresas associadas a ABRAFIT
e demais empresas do setor trabalhavam na triagem de embalagens
de madeira, atuando como apoio à fiscalização
do Ministério da Agricultura no Porto de Santos. Haviam
26 empresas, e 1.000 funcionários trabalhando, o que
tornava mais eficaz a barreira fitossanitária brasileira.
No entanto, a Secretaria de Vigilância Agropecuária
do Ministério da Agricultura resolveu proibir a triagem
de embalagens de madeira realizadas por essas empresas. Para
o presidente da ABRAFIT, Marco Bertussi, o trabalho de triagem
realizado pelas empresas garantia a interceptação
de diversas pragas, com 560 de controle das cargas oriundas
da Ásia e Estados Unidos. Com a triagem realizada por
essas empresas privadas, os Fiscais Federais tinham total
controle das cargas, fiscalizando as empresas, de forma que
esta logística confirmava a defesa Fitossanitária.
Do nosso ponto de vista, a atividade do Fiscal Federal
Agropecuário deve ser valorizada fiscalizando os trabalhos
das empresas e não fazendo verificação
de embalagens de madeira, a não ser nas auditorias
de forma a garantir a qualidade dos serviços, e também
nas importações e exportações
de produtos essencialmente agrícolas, explica
Bertussi.
Desde que ocorreu a proibição a ABRAFIT vêm
lutando para que as empresas possam voltar a realizar o trabalho
de triagem das embalagens e suportes de madeiras nos portos
e aeroportos brasileiros, contribuindo assim para uma maior
segurança do patrimônio agrícola e florestal
do Brasil, mas Ricardo Nunes esclarece que a atividade de
triagem realizada pelos engenheiros agrônomos das empresas
privadas não tem qualquer poder de fiscalização,
sendo que a mesma é uma atividade exclusiva dos Fiscais
Federais Agropecuários, tratando-se apenas de uma atividade
de apoio à fiscalização, considerando
que a quantidade de fiscais agropecuários não
atende a demanda de serviços, o que é um risco
muito grande permitir que as cargas importadas entrem no país
sem qualquer verificação.
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