Em
projetos de produção pecuária tanto de
corte como de leite que têm nas pastagens a principal
fonte de alimentação do rebanho, as perdas de
nutrientes por decorrência da exploração
intensiva do solo são demasiadamente grandes. Sendo
assim, a reposição desses nutrientes é
uma necessidade para garantir a produção de
massa-seca, fator determinante na produtividade do rebanho.
As pastagens tropicais apresentam ótimas respostas
à fertilização, conforme mostram os trabalhos
realizados pela EMBRAPA- Pecuária Sudeste. Por conta
desses resultados o uso de fertilização está
gradativamente se intensificando nas fazendas, principalmente,
aquelas que mantém altas taxas de ocupação
animal, acima de 2,5 UA/ha/ano (média da época
seca e da época chuvosa).
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De
acordo com a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão
Oliveira, responsável pela área de forragicultura
da Embrapa Pecuária Sudeste as pastagens necessitam
do fornecimento equilibrado de macro e micronutrientes para
se desenvolverem. Dentre os nutrientes, o nitrogênio
é o que elas usam em maior quantidade e atualmente
sua deficiência é apontada como a causa inicial
do processo de degradação das pastagens. E não
basta aplicar o nitrogênio ao solo. Para que haja seu
máximo aproveitamento e consequente sucesso de um programa
de fertilização de pastagens há necessidade
de se fornecer todos os nutrientes em deficiência na
dose e forma adequada. O que torna imprescindível à
coleta da amostra de solo, a análise química
do mesmo e a ajuda de um profissional especializado para recomendar
a adubação e correção do solo
das pastagens.
Sua reposição, entretanto, pode ser feita de
diferentes formas. Desde fertilizantes orgânicos até
o uso de fertilizantes minerais, caso da uréia, do
sulfato de amônio e do nitrato de amônio, que
podem ser aplicados diretamente sobre a pastagem. Estudos
realizados em áreas de capim Tanzânia, onde se
usou a adubação nitrogenada, mostrou um crescimento
na produção animal para patamares de até
1000 Kg/ha/ano de carcaça.
A forma de aplicação depende do tipo de rebanho
e da extensão do projeto. Nas fazendas de pecuária
de corte que usam piquetes de dimensões maiores é
necessário o uso de máquinas para se fazer aplicação
a lanço. Em propriedades de menor tamanho e/ou em fazendas
de produção leiteira a aplicação
é feita, normalmente, no sistema manual porque os piquetes
são menores.
A quantidade de fertilizante nitrogenado usado vai depender
de vários fatores, como a fertilidade inicial do solo,
principalmente em relação ao teor de matéria-orgânica,
a quantidade de animais que irão se alimentar daquele
pasto, a espécie forrageira e as condições
climáticas. Desta forma, as doses podem variar de 100
a 800 kg/ha/ano de nitrogênio em função
dos fatores biológicos citados anteriormente. Entretanto,
vale lembrar que uma análise econômica de custo:benefício
é importante, principalmente para as doses mais elevadas.
Dentro do ano, existem algumas épocas que favorecem
o uso da adubação nitrogenada. Isso porque a
presença de calor, temperaturas mínimas acima
dos 15 ºC, a ocorrência de precipitações
ou irrigação para manter a umidade e luminosidade
adequada são fundamentais para que adubação
dê resultado. Para medir essa variação
de temperatura é indicado que o produtor tenha um termômetro
de máxima e mínima e que ele faça as
medições diárias. O trabalho na fazenda
experimental da Embrapa observou-se que, na região
de São Carlos, para áreas de sequeiro, as adubações
começavam em meados de outubro e se estendiam até
fins de março. Já nas áreas que recebem
irrigação artificial a adubação
pode começar em agosto, quando ainda não existe
chuva, mais a temperatura já está dentro do
exigido, explica Patrícia Anchão.
Nos sistemas de pasto intensivo rotacionado é comum
os animais ficarem de um a sete dias num mesmo piquete, para
depois serem levados a outro pasto. Logo após a saída
dos animais do piquete é o momento de entrar com a
adubação nitrogenada, pois, é fundamental
que o piquete tenha sido pastejado.
Com a adoção da fertilização das
pastagens, a melhora na produtividade é sensível
em dois pontos cruciais do processo produtivo, destaca a pesquisadora.
O primeiro acontece pelo aumento na produtividade da espécie
forrageira, que melhora sensivelmente sua produção
de massa verde. Outro ponto importante é a qualidade
nutritiva da forrageira que melhora com a maior quantidade
do nutriente presente no solo. Em projetos que mantinham produção
regular de 3 mil litros de leite/ha/ano, após o uso
de um programa de fertilização, com manejo correto
da planta forrageira, esse número subiu para 20 mil
litros de leite/ha/ano, lembra a pesquisadora que fala sobre
a altura do capim após o pastejo no momento de fazer
a adubação, devendo variar entre 15cm e 30 cm
após o pastejo, e 20 cm dependendo da espécie
forrageira. Todos esses detalhes é que garantem
a eficiência da adubação nitrogenada,
explica.
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