Estes
mercados vêm sendo atendidos na sua grande parte, por
produto proveniente do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina,
caracterizado na sua maior parte por carcaças de cordeiros
puros ou mestiços de raças produtoras de lã,
tais como Corriedale, Ideal e Merino. Ou ainda produto proveniente
dos Estados nordestinos sendo, nesse caso, de animais com
predomínio de sangue de raças deslanadas como
a Santa Inês e Morada Nova.
Tendo em vista a crescente demanda pela carne ovina observada
nesta região, a qual tem o Estado de São Paulo
como maior mercado, e a necessidade de se atender as exigências
dos consumidores com o fornecimento de carcaças de
qualidade, têm se buscado alternativas visando garantir
o aumento da oferta e o abate de animais jovens. Com
isto a ovinocultura vem crescendo muito na região Sudeste,
principalmente devido às suas características
de maiores giros e lucros por área. O crescimento é
bastante acentuado e pode ser notado a olho nu
quando deparamos com vários rebanhos ao longo das estradas
do Sudeste, conta o presidente da Associação
Paulista de Criadores de Ovinos ASPACO, Arnaldo dos
Santos Vieira Filho.
O crescimento da ovinocultura, tanto no sudeste como
no centro-oeste ocorreu como uma alternativa para a viabilização
das propriedades rurais. O Brasil importa cerca de 80% da
carne de cordeiro consumida, desta maneira há uma escassez
do produto, tornando-se assim uma carne com alto valor de
comercialização, completa o pesquisador
científico da Apta/ Instituto de Zootecnia do Estado
de São Paulo, Eduardo Antonio da Cunha.
Entretanto, de acordo com o presidente da Aspaco, o mercado
no sudeste ainda tem muito a crescer. E os produtores
do sudeste estão em busca de tecnologia e tecnificação,
sem amadorismo, e com isso, e todos os outros fatores, como
solo, clima e principalmente mercado farão com que
a atividade se fortaleça, diz.
Incentivada pelas novas técnicas de manejo, saneamento
e alimentação e pelo aumento significativo de
pesquisas universitárias afins, a ovinocultura no Sudeste
ganha cada vez mais destaque na economia rural brasileira,
principalmente quando se busca uma saída rentável
para a pequena e média propriedade. No entanto, o grande
desafio imposto ao ovinocultor da região Sudeste está
na capacidade de gerenciamento dos recursos aliada ao uso
de técnicas adequadas de manejo que permitam colocar
no mercado carcaças de qualidade superior, com oferta
constante do produto a preços competitivos.
Além disso, são necessários avanços
nos sistemas de produção, abate e distribuição
para que se estabeleça um mercado consumidor fiel ao
produto e para que a carne ovina tenha condições
de competir com as demais cadeias produtoras de carne do País.
Todavia, em função da distância entre
as regiões produtoras e o local de consumo e por tratar-se
de transporte em condições especiais (sob refrigeração),
o custo é relativamente alto. Já a carne produzida
em São Paulo ou em Estados vizinhos, como Paraná
e Minas Gerais, seja em função da proximidade
do mercado consumidor, seja em função de fatores
ambientais bastante favoráveis à produção
ovina no sudeste, em especial para as raças de corte,
pode apresentar qualidade superior a um custo bem menor. Para
isso, concorre a maior precocidade e produtividade obtidas
com as raças específicas para corte, tais como
Ile de France e Suffolk, já bastante difundidas, bem
como a Poli Dorset, de introdução mais recente.
E ainda as situações de pastagens mais produtivas
e com manejo mais intensivo, que possibilitam a utilização
de lotações sensivelmente mais elevadas que
aquelas observadas no Sul ou no Nordeste.
As
raças predominantes no Sudeste
A
raça de ovinos Santa Inês já existe há
pelo menos quatro décadas no Brasil, mas foi somente
cinco anos atrás que ela alcançou posição
de destaque na pecuária nacional, quando criadores
das regiões Sudeste e Centro-Oeste resolveram investir
na formação de plantéis de elite e de
corte. A raça Santa Inês realmente é
que mais se expande, por suas características de rusticidade
e habilidade materna, cabendo às raças Suffolk,
Texel, Ile de France, Poll Dorset, Hampshire Down e Dorper,
fazerem os cruzamentos para se melhorar a produção
de carne, diz o presidente da Associação
Paulista de Criadores de Ovinos, Arnaldo dos Santos Vieira.
Todas as raças são importantes, dependendo
da preferência pessoal, porém, as mais criadas
são as deslanadas (sem a presença de lã,
sendo que a cobertura é feita por pêlos), principalmente
a Santa Inês, revela o pesquisador Eduardo Cunha
do Instituto de Zootecnia.
Os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso
e Rio de Janeiro são os que mais contribuem para engrossar
as estatísticas da Santa Inês, devido sua vocação
pecuária. No Estado de São Paulo, o rebanho
triplicou de tamanho nos últimos anos. De fato, alguns
pecuaristas, tradicionalmente envolvidos com a criação
de gado, estão também se voltando às
ovelhas. Obviamente isto ajuda na expansão da
criação, haja vista que é uma atividade
que pode somar em qualquer propriedade, podendo ocupar os
mesmos espaços que a bovinocultura, fruticultura, se
utilizar sobras de agricultura bem como ocupar as áreas
marginais não utilizadas na agricultura, com grande
ênfase para a cana de açúcar, diz
Vieira.
Além disso, argumenta o pesquisador do Instituto de
Zootecnia: A ovinocultura quando bem conduzida é
uma excelente fonte de renda, pois se obtém uma renda
líquida de 40 a 50%. Além da escassez de carne
no mercado interno, temos um mercado internacional deficiente
de carcaça de boa qualidade, completa.
Atualmente, os responsáveis pelo acentuado crescimento
da ovinocultura, principalmente com a raça Santa Inês
no País são mesmo os novos criadores, em geral
profissionais autônomos, interessados em desenvolver
uma atividade agropecuária, entre eles, o pequeno produtor.
De acordo com o presidente da Aspaco, eles (os pequenos produtores)
são bastante valorizados na cadeia e estão se
expandido para o associativismo, através da formação
de núcleos regionais, para que a associação,
como a Aspaco possa atendê-los suprindo as necessidades
do produto na sua região e ajudá-lo em sua capacitação
e escoamento de sua produção.
Hoje os pequenos criadores são responsáveis
por 90% do abastecimento da carcaça, desta maneira
cada vez mais eles são valorizados, pois o mercado
é dependente deles, afirma Eduardo Cunha, pesquisador
científico da Apta/ Instituto de Zootecnia.
No entanto, alerta o presidente da Aspaco, os grandes criadores
(donos de grandes rebanhos) também ajudam nesta expansão,
principalmente quando o assunto é: genética.
Segundo ele, sem dúvida, os rebanhos especializados
em plantéis são extremamente importantes na
produção de carne. Sem eles não
poderemos produzir carne com eficiência, pois sem boa
genética não conseguimos produzir bem e com
custos melhores, diz.
Os
benefícios
Na
realidade, na opinião do presidente da Aspaco, um dos
grandes benefícios da ovinocultura é que integra
o homem ao campo, evitando situações como as
que correm em São Paulo, onde a pecuária perde
espaço para cana-de-açúcar e os fazendeiros
deixam de atuar para arrendar suas terras às usinas.
Com um plantel de 300 cabeças de ovelhas, o presidente
e também criador tem investido continuamente no melhoramento
genético do seu rebanho. Sou produtor de ovinos
de corte, produzindo cordeiros com ovelhas SRD (sem raça
definida) cruzados com reprodutores Suffolk, e trabalhando
com controle de geração de animais da raça
Dorper para formação de plantel, diz.
Hoje segundo Vieira Filho os investimentos mesmo baixos se
justificam, pela boa receptividade que a carne desta ovelha
tem tido em segmentos sofisticados, como o da alta gastronomia.
É exigido baixo investimento para a criação
de ovinos de corte, tanto nos investimentos em instalações
como em animais. O mercado é crescente em se falando
de consumo mundial, devido à preocupação
em se consumir carne vermelha leve, digestiva e saborosa.
No entanto, o mercado nacional nem mesmo começou a
consumir por isto, não há com o que se preocupar,
precisamos de produção, argumenta.
Tendo como uma das vantagens o fato de necessitar de pouco
espaço, (pois é indicado o número de
30 a 40 cabeças por hectare em pastagens, e se desenvolver
facilmente em estruturas simples - as instalações
podem ser reaproveitadas - onde uma ovelha confinada necessita
apenas de 1,00m2 de área), diversas raças já
se encontram bastantes adaptadas ao nosso clima e relevo,
aceitando perfeitamente o regime de confinamento ou semiconfinamento.
Hoje uma forma de criação específica
e a produção do cordeiro para abate superprecoce.
Nele o animal é abatido com, no máximo, 120
dias de idade, com peso entre 28 e 30 Kg, fornecendo uma carcaça
em torno de 13 Kg, sem uso de qualquer medicamento, vacina
ou outra droga sintética, tendo como alimentação
inicial o leite materno e posteriormente forragem volumosa
verde, ou conservada em silagem, e a ração concentrada
a base de farelos vegetais, sem qualquer aditivo. Assim o
consumidor pode saborear uma carne extremamente saudável
e de excelente qualidade e sabor.
O brasileiro tinha costume de consumir carne de animais
mais velhos, com características bastante distintas
da carne de cordeiro. Fazia-se o abate dos animais mais velhos
e mais gordos da propriedade, mas agora com a entrada da carne
de cordeiro no mercado, os brasileiros estão passando
a colocar esta iguaria no topo de suas preferências,
conta o presidente da Aspaco.
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