A
mosca-dos-chifres é um pequeno hematófago de
3 a 5 mm que parasita o hospedeiro dia e noite, abandonando-o
momentaneamente para fazer a oviposição nas
massas fecais. Quando o bovino defeca, as fêmeas depositam
seus ovos em grupos de 10 a 20, embaixo da borda da massa
fecal. As fêmeas só colocam os ovos até
10 a 15 minutos após o animal ter defecado. Passado
este período, as fezes perdem atratividade para a mosca-dos-chifres.
Este
inseto se concentra nas partes do animal que ficam fora do
alcance do movimento da cabeça e cauda do animal (cupim,
costas, barriga e pernas).
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A
mosca-dos-chifres exibe preferência para bovinos de
raças européias, mestiços e animais de
pelagem ou com manchas escuras e para machos inteiros; nestes
últimos a preferência está relacionada
ao tamanho e maior atividade das glândulas sebáceas,
bem como pela concentração de testosterona.
Esta mosca pode atacar também bubalinos, equídeos
e animais silvestres como o cervo, e raramente ataca o cão,
o ovino e o homem.
A mosca-dos-chifres é considerada uma praga em vários
países. Os prejuízos estão relacionados
a transmissão de patógenos e, principalmente,
ao estresse que causa ao animal na tentativa de afugentá-las.
O hospedeiro com infestação gasta energia se
debatendo e com isso diminuie o tempo de pastejo. No Brasil
este inseto foi identificado, pela primeira vez, em 1983.
Entretanto, há relatos da sua presença em Roraima
desde 1976, tendo aparecido na maioria dos Estados brasileiros
em 1991 e hoje se encontra em todo o território nacional
e países da América do Sul.
A partir de 1990 foram realizados, no Brasil, alguns estudos
principalmente sobre a epidemiologia e danos da mosca-dos-chifres.
O número de moscas nos animais é maior no período
chuvoso do que no período seco do ano. No entanto,
os resultados monstram que no Cerrado, Pantanal e região
Sul, a infestação nos animais acima dos 12 meses,
não ultrapassa a média de 80 moscas/animal.
Os bezerros antes da desmama possuem poucas ou nenhuma mosca.
A infestação observada é baixa quando
comparada com os valores verificados em outros países.
Três fatores poderiam explicar essa diferença.
Um deles são as raças bovinas envolvidas nos
diferentes experimentos, outra é a presença
de inimigos naturais, tais como o besouro africano Digitonthophagus
gazella, introduzido na região há cerca de 16
anos pela Embrapa Gado de Corte; e por fim a quantidade de
chuva diária ou acumulada que antecede cada contagem
da mosca. As contagens da mosca-dos-chifres são maiores
quando a soma de precipitação foi menor. Quando
chove muito em poucos dias (próximo de 100 mm ou mais),
ocorre a fragmentação das massas fecais recém
depositadas na pastagem destruindo o ambiente favorável
ao desenvolvimento e a sobrevivência da mosca.
O nível de infestação de mosca-dos-chifres
é influenciado pela raça e coloração
da pelagem e dentro da mesma raça cada animal apresenta
diferentes suscetibilidades para a mosca. Assim, animais com
maior número de moscas, no início do estudo,
permaneceram com maior infestação durante todo
o período experimental. Relações semelhantes
foram observadas para infestações intermediárias
e baixas. Com isso, podemos dizer que existe uma variação
individual podendo-se classificar os animais em resistentes
e não resistentes e utilizar essa informação
no manejo dos animais para diminuir a infestação
das moscas e o uso de inseticidas.
Os estudos que foram conduzidos para verificar os prejuízos
causados pela mosca-dos-chifres, no Brasil, indicam que ela
reduz cerca de 10% o ganho de peso dos animais. Estes estudos
foram feitos comparando-se grupos de animais com moscas e
sem moscas por um período longo. Atualmente, a mosca-dos-chifres
está resistente a maioria dos produtos químicos,
com isso a infestação nos animais volta rapidamente
e o controle químico provavelmente não resulta
em benefício mas, por outro lado, prejudica o controle
biológico que juntamente com as condições
climáticas é responsável pela redução
de 95% do desenvolvimento da mosca.
O tratamento contra a mosca-dos-chifres pelos produtores tem
sido realizado de forma inadequada e na maioria das vezes
desnecessário. Tratamentos freqüentes ou supressivos
que visam manter os animais sem os parasitas ou aproveitando
a presença no curral para outras práticas sem
considerar o nível de infestação e a
epidemiologia da parasitose, resulta num primeiro momento
no não retorno econômico e no futuro na instalação
da resistência aos inseticidas. .
Neste período de 16 anos de convívio com a mosca-dos-chifres
está claro que temos que conviver com ela e nos acostumarmos
a ver a mosca sobre os animais e não fazer tratamento
químico nenhum e preservar ao máximo o controle
biológico.
Entre os agentes responsáveis pelo controle biológico
o besouro africano que foi introduzido em 1989 exerce papel
de destaque não só pelo controle da mosca mas
também pelas conseqüências positivas que
causa no solo e pastagem, e no controle da verminose.
O besouro tem mostrado boa adaptabilidade às condições
brasileiras e aparece em maior número durante o período
chuvoso e quente e está presente em todo território
brasileiro e países da América do Sul. O que
mais prejudica os besouros é o uso de inseticidas no
período chuvoso que coincide com a maior quantidade
de moscas e de besouros neste período.
Levando-se em consideração o comportamento da
mosca-dos-chifres sugere-se tratar somente os animais que
têm maior número de moscas (15% do rebanho) e
os touros durante a estação de monta. Só
tratar estas categorias se o inseticida estiver funcionando
caso contrário não fazer nenhum tratamento.
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