É
necessário que haja uma parte coberta que sirva de
proteção contra predadores, chuva e vento forte.
Segundo a criadora de caipiras e aves de raça pura,
Maria Virgínia Franco, sofisticação não
é sinônimo de produtividade. Quanto mais
sofisticarem as instalações, menor será
a reprodução, revela. A proprietária
do Sítio da Família, de Barragem, SP, diz que
a caipira precisa manter contato com o meio rústico
para produzir melhor. Um lugar coberto com galhos de
árvores como poleiros e pneus e bacias velhas como
comedouro e bebedouro já é o suficiente,
explica.
Enchendo
o papo
Não
há mistério nas técnicas de manejo. A
alimentação varia de acordo com a idade da ave.
Para os pintos caipiras a ração
de pintinho de um dia, conhecida também como inicial,
é uma boa pedida. Já os frangos devem receber
a ração de crescimento.
Se a finalidade de criação estiver voltada para
a reprodução, o produtor precisa utilizar a
ração de postura. Caso o objetivo for o corte,
a ração de engorda é a solução.
Uma porção de milho pode ser acrescentada a
duas partes de ração, aproximadamente 100g/ave.
A água corrente é uma fonte natural de alta
importância para as coloniais. Os produtores podem utilizar
bebedouros, entretanto, a higiene deve ser a mais rigorosa
possível.
Por viverem feito gado, soltas no terreiro em pelo menos parte
do dia, as coloniais buscam na natureza os alimentos que lhe
são convenientes. Contudo, além do milho, pode-se
acrescentar no menu da caipira um tira gosto à base
de pragas e insetos.
Dentro
do sistema
Para
que no abate a carne seja mais macia o sistema de confinamento
é o recomendado. O método semi-confinado que,
divide o tempo das caipiras dentro e fora dos galpões,
oferece maior textura e sabor não só a carne,
como também, aos ovos. Já no extensivo, as coloniais
podem se alimentar somente de milho e outros nutrientes, contudo,
não obterão um resultado tão promissor.
A ave pode ser criada só com milho e alimentos
verdes, mas a produtividade dela, em termos de ovos, diminui.
É sempre bom dar um pouco de ração,
diz a proprietária do Sítio da Família.
Embora o milho atue diretamente na gema tornando-a mais nutritiva
e a alimentação verde auxilie no sistema digestivo
das caipiras, a ração comercial é indicada
para que esta ave tenha um melhor desenvolvimento.
As caipiras, por dividirem o mesmo campo, cruzam entre si
e, portanto, não possuem um padrão definido.
Algumas têm crista de serra enquanto outras, crista
de rosa. As canelas e as pernas podem ser curtas ou longas.
O porte geralmente é médio e o colorido das
penas reflete o tupi guarani de suas origens. Segundo o criador
de caipiras e aves de raça pura do Recanto Santa Clara,
em SP, Sandro Henrique, a melhor fase de produção
é na primavera. Elas produzem mais. Botam praticamente
todos os dias, diz ele. De acordo com o criador, o ciclo
de mudança de pena e recomposição da
caipira acontece após a primavera. É após
a primavera que as caipiras entram novamente no auge da postura.
Isso acontece porque na primavera produzem muito e perdem
muitas proteínas, cálcio e sais minerais,
conta. Segundo ele, a postura de uma caipira é de 180
ovos/ ano e inicia-se, normalmente, em 8 meses indo até
5 ou 6 anos.
Caipira
x industrial: quem pode mais?
De
um lado a carne caipira com um sabor mais acentuado, carne
firme e cor mais intensa. Do outro, a industrial com sabor
mais suave, carne menos consistente e coloração
clara. É importante lembrar que, devido aos estimuladores
de crescimento utilizados por alguns criadores, a incidência
em relação a resíduos químicos
é muito maior nas industriais.
A consistência e o amarelo forte da gema caipira, às
vezes avermelhado, entra em choque com a pouca densidade e
cor esquálida da industrial. Enquanto grande parte
das galinhas industriais tem a casca branca e fina, a caipira
mostra-se mais saudável através do tom rosado
ou avermelhado. Apesar de botarem pouco, é de valia
dizer que as coloniais são excelentes chocadeiras não
só dos próprios ovos. Elas possuem um instinto
maternal aguçado protegendo tanto os ovos quanto a
cria.
A caipira viva pode ser comercializada entre R$ 10,00 e R$
15,00, ao passo que a industrial sai por volta de R$ 6,00.
Contudo, segundo Sandro Henrique, enquanto a industrial leva
4 meses para chegar no ponto de abate, a caipira leva, aproximadamente,
12. Há também empresas como a Fazenda Aves do
Paraíso, de Itatiba, SP, que comercializam caipiras.
A Fazenda Aves do Paraíso trabalha não só
com o melhoramento da caipira, mas também, com a venda
de pintinhos de 1 dia. De acordo com a vendedora, Vanessa
Cristina Fernandes, chega-se a produzir aproximadamente 120
mil pintinhos por semana. A procura por caipira para
corte é grande apesar do valor ser mais caro do que
a ave industrial, conta. A Fazenda Aves do Paraíso
comercializa tanto diretamente com o consumidor como através
de distribuidores. Segundo Vanessa Fernandes, a venda direta
em relação ao corte está em torno de
R$1,30 e quando o assunto é postura o valor negociado
chega a R$ 1,70. Para os distribuidores o valor de corte sai
por R$ 0,95 enquanto a postura gira por volta de R$1,20.
A avicultura convencional tem se limitado aos grandes investidores,
portanto, a solução mais plausível para
os homens do campo está na avicultura alternativa.
É bom reforçar que, por serem rústicas,
as caipiras dificilmente ficam doentes, portanto, não
há grandes gastos com medicamentos. Vale lembrar que
o resultado, apesar de ser mais demorado do que as demais
aves, é positivo e a qualidade final faz diferença.
De acordo com Maria Virgínia Franco uma outra vantagem
que a caipira traz é o alto grau de aproveitamento.
Dela tudo se aproveita. As penas são utilizadas
para a confecção de bijuterias ou peças
de artesanatos. O esterco é utilizado em hortas como
adubo orgânico e as vísceras, após a desidratação,
podem ser usadas para fazer rações para outros
animais, detalha. Além disso, cada vez mais a
criação de caipiras é uma atividade promissora
em que a oferta desse produto é menor do que a demanda.
A comercialização pode ser feita diretamente
entre o produtor o consumidor. As granjas e os supermercados
estão repletos de caipiras e o consumo é alto.
Deste modo, afirma-se que o frango caipira é uma ótima
alternativa para o pequeno produtor.
Ciscando
em outro terreiro
O
pé sujo dos terreiros pode não ser
craque em botar ovos, entretanto, dá um show quando
o verbo é chocar. A caipira é tão boa
no choco que muitos dispensam métodos industriais e
trocam a tecnologia pela rusticidade. Utilizamos as
caipiras como ama para as aves de raça pura. A incubação
industrial, feita na chocadeira, sofre muito com queda de
luz, problemas com o controle de umidade e temperatura. Isso
interfere no índice de nascimento, conta o criador
Sandro Henrique. Segundo ele, o índice de nascimento
é de 90 a 95% quando a chocadeira é a caipira.
Um outro fator importante que faz com que a caipira seja a
chocadeira natural das aves de raça pura é que
uma grande parte destas aves não possui vocação
para chocar.
A invasão das caipiras no mundo das raças puras
não se limita apenas ao choco. O cruzamento entre uma
galinha caipira com uma ave de raça pura é uma
atividade que vem trazendo bons resultados em termos de qualidade.
Esta miscigenação resulta numa galinha
conhecida como melhorada. Muitos criadores introduzem
um galo de raça pura para melhorar o plantel,
diz Sandro Henrique.
Para se obter um alto nível de postura, o criador costuma
usar um galo da raça New Hampshire ou Rhode Island
Red, de origem americana. Há aqueles que querem uma
qualidade maior para a carne e um peso a mais ao corte, estes
normalmente usam um galo da raça Orphington ou Gigante
Negro. Caso este cruzamento seja realizado com sucesso o galo
pode atingir até 7 quilos e a galinha 4 quilos. Já
se o cruzamento for feito com um New Hampshire ou Rhode Island,
aves de porte médio, o resultado será um galo
com aproximadamente 5 quilos ou uma galinha entre 2 a 3 quilos.
Todavia, se o objetivo maior for a busca de rusticidade então
o cruzamento pode ser feito com a raça Cornish Dark.
Tal mistura resultará em uma ave com excelente ganho
de peso.
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