suplementação
mineral iônica. Ao todo participaram do experimento
20 animais, sendo 10 machos Nelore e 10 machos Holandês,
divididos em quatro grupos de cinco animais, classificados
da seguinte forma: T1 = Suplementação mineral
com fonte inorgânica de cromo, sem sombra; T2 = T1 mais
sombra; T3 = Suplementação mineral com fonte
orgânica de cromo, sem sombra e T4 = T3 mais sombra.
O pesquisa que foi iniciada em 19 de fevereiro de 2004, durou
420 dias, tendo seu encerramento, em 20 de janeiro de 2005,
na fazenda escola da FAZU. Segundo Marcos Baruselli, técnico
da Tortuga que acompanhou o desenvolvimento do trabalho, os
resultados demonstram que o ganho de peso dos animais da raça
Nelore, que tiveram acesso à sombra, foi 28,9% maior
sobre os não sombreados. O trabalho mostrou para o
pesquisador duas coisas que ele considera de fundamental importância:
a primeira é que o cromo orgânico funciona satisfatoriamente
para animais que enfrentam situação de stress
térmico e segundo que a pesquisa só confirma
uma realidade já conhecida dos técnicos de campo,
que, mesmo o animal zebuíno, perde potencial quando
deixado sobre condição de stress por longos
períodos. Entre os grupos suplementados com cromo
na forma orgânica a superioridade foi manifestada, pelo
ganho de peso 43,9% maior. O ganho de peso também foi
maior para o lote de animais com acesso à sombra e
a suplementação mineral orgânica,
destaca Baruselli, que destaca a eficácia do cromo
na suplementação apenas para animais que estejam
na fase de recria, sofrendo uma situação de
desgaste físico.
O técnico busca ilustra sua orientação
com situações reais vividas na região
do Brasil Central, onde, durante a estiagem a temperatura
chega a 40 ºC e a umidade do ar é baixíssima.
Nessas condições o sombreamento é
quase que condição de sobrevivência,
exclama. Sabe-se que o estresse térmico é
um forte condicionante da produção animal e
quando a temperatura ambiente estiver acima da faixa de conforto,
com comprometimento, inclusive das funções básicas
do animal estressado destaca o pesquisador que apresenta
um dado sobre a condicionante do bem estar animal, sendo atingido
dentro de uma faixa de temperatura que vai de 10 ºC a
32 ºC graus no caso de zebuínos e 13 ºC a
18 ºC graus no caso de animais taurinos.
Bizinoto aponta que a ausência de sombra na criação
de bovinos a pasto está associada a fatores limitante
da produção como: desconforto térmico,
dificuldade de dissipação do calor excedente
e aumento do calor endógeno. Segundo ele, nessas condições,
as alterações fisiológicas negativas
mais comuns, incluem, o aumento da freqüência respiratória;
aumento da sudorese; aumento do batimento cardíaco;
diminuição da ingestão de matéria
seca; diminuição da conversão alimentar;
eliminação via fezes, urina e suor de grande
quantidade de minerais, além do menor crescimento corporal
e maior susceptibilidade às enfermidades. Baruselli
fala que durante o experimento foram coletadas amostras de
sangue que mostraram um aumento na concentração
do hormônio Cortizol na corrente sanguínea dos
animais estressados. Essa substância, em quantidades
elevadas e, durante muito tempo, pode levar a perda da capacidade
imunológica do animal, facilitando a entrada de doenças
e outros males no rebanho, conclui.
Consumo
de suplementação aumenta sobre stress
Uma
outra avaliação que na opinião do especialista
é de grande interesse zootécnico e econômico
diz respeito ao consumo de suplementos minerais. O experimento
mostrou que o lote T4, que teve sombra, consumiu 12,4 % menos
suplemento mineral do que o lote T3, deixados no sol (150,37
g/dia X 169,06 g/dia para os lotes T4 e T3, respectivamente).
O maior consumo de suplementação mineral apresentada
nos animais expostos ao sol pode ser explicado pela maior
exigência em minerais desses animais estressados, esclarece
Baruselli, citando dados publicados pelo National Research
Council NRC, 1997, que estabelece as exigências
nutricionais de bovinos de corte.
No estudo foi usada suplementação mineral orgânica,
adotada a partir de fontes denominadas de complexo metal -
polissacarídeo, no caso carboquelato de cromo na dose
de 40 mg/kg de produto, fornecido a vontade por meio de cochos
de minerais. Um resultado interessante da pesquisa confirma
a redução na ingestão de matéria
seca entre 20 e 30 % pelo bovino sob estresse térmico,
relacionando este fato também à qualidade do
alimento ofertado, enfatiza Baruselli, destacando que o uso
da suplementação com minerais orgânicos
permite uma melhor e mais rápida reposição
das perdas de minerais ocorridas em função do
estresse, o que ajuda o animal a restabelecer rapidamente
suas funções basais. Além disso,
a suplementação de cromo na forma orgânica
potencializa a ação da insulina, interferindo
de forma positiva no metabolismo da glicose, com benefícios
zootécnicos significativos, como mostrou a pesquisa.
Fazenda
alia paisagismo natural e eficiência produtiva
Manuel
Cintra, gerente de uma fazenda localizada em Itapira, SP,
responsável por administrar um projeto de seleção
e manter uma condição de equilíbrio dentro
da criação. Devido à localização
privilegiada da fazenda, numa região onde as florestas
são abundantes, Cintra diz não se preocupar
com a construção de sombrites. No entanto, andando
pelos 67 piquetes espalhados pelos 198 hectares de área
usada com pecuária na fazenda, são incontáveis
as árvores, das mais variadas espécies, que
servem de sombra natural aos animais. É debaixo
delas que nos momentos críticos do dia os animais buscam
abrigo para fugir do sol forte e do calor, exclama o
administrador, contando que, desde que chegou à fazenda,
há cerca de 11 meses, já foram plantadas mais
de 300 mudas em substituição as árvores
que vão morrendo.
O sistema é de criação intensiva a pasto,
fato comum às propriedades de criação
pelo país, destaca Cintra, mostrando que isso valoriza
ainda mais esse trabalho que envolve profissionalismo e uma
dedicação individual aos animais. E o reflexo
pode ser visto nos índices de produtividade do rebanho
que na última estação de monta atingiu
um índice de prenhes confirmada superior a 90% das
fêmeas e uma desmama aos 210 dias com peso médio
de 230 quilos, para bezerros machos e fêmeas, ele diz.
Sombreamento
pode ser natural ou artificial
O
problema do desmatamento provocado pela expansão agropecuária
das últimas décadas se tornou hoje o principal
limitante para os pecuaristas das regiões Norte, Nordeste
e parte do Brasil Central oferecer sombreamento natural aos
rebanhos. Em regiões onde essa devastação
foi mais acentuada como o Norte, Nordeste a parte do Brasil
Central, onde os chamados correntões e as queimadas
não deixaram uma só árvore de pé,
abrindo espaço para pastagens e lavouras de exploração
anual, tendo o caso mais famoso a soja.
Na opinião do técnico que acompanha projeto
de criação em todos os cantos do país,
infelizmente, esse conceito de exploração extrativista
da natureza ainda é muito forte em algumas regiões.
Hoje a orientação é para o proprietário
de terras preserve uma área dentro da propriedade como
reserva legal. Além disso, outras ações
como o plantio de árvores dentro do pasto é
apontado como manejo estratégico para garantir o bem
estar dos animais em regime extensivo de pastagem.
Baruselli mostra que basta o pecuarista usar alguns pontos
dentro da pastagem, que pode ser um canto de cerca, para plantar
uma porção de árvores. Durante alguns
meses o local deve ser cercado para evitar que os animais
destruam as mudas. É importante que seja respeitada
uma distância de 4 a 5 metros entre uma árvore
e outra o que para dez mudas o produtor vai reservar cerca
de 50 m². Dentro de poucos meses essa área
vai se transformar em pequenos bosques dentro da propriedade,
o que, além de garantir o sombreamento necessário
ao bem estar animal, vai valorizar e muito a propriedade,
observa. Isso sem falar na parte paisagística
que também conta pontos a favor do imóvel rural,
conclui o técnico.
No experimento foram usados sombreamento artificial, a partir
da construção de sombrites de 3,4 metros de
altura e com 18 m2 / animal. Essas estruturas bastante simples,
pois, utilizam apenas tela preta comum e madeira são
indicadas para os casos emergenciais onde o criador não
possui sombreamento natural e precisa resolver o problema
no curto prazo. Os resultados mostraram que essas lonas reduzem
até 80% da radiação solar.
Entretanto, ambos os especialistas dizem que a árvore
ainda é a melhor opção para o criador
pelo baixo custo e por melhorar os ecossistemas, em áreas
de altos índices de degradação. Por
isso é importante que o criador crie o hábito
de plantar árvores, destaca Baruselli alertando
para o fato da Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral, CATI, da Secretária de Agricultura do Estado
de São Paulo oferecer mudas de árvores nativas,
muitas ameaçadas de extinção, gratuitamente.
Em outras localidades, fora do estado de São
Paulo, é importante que o produtor procure informações
sobre esses viveiros de mudas, nas casas de agricultura e
sindicatos rurais.
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