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SOJA - SOJICULTORES DISCUTEM OS CAMINHOS A SEGUIR
rev 100 - junho 2006

Durante três dias, representantes de todos os segmentos ligados ao agronegócio da soja estiveram reunidos em Londrina, no quarto Congresso Brasileiro de Soja, para discutir os desafios que envolvem a cadeia produtiva. “Foi um momento para contextualizar a dimensão do agronegócio da soja brasileiro. A riqueza do debate e a qualidade dos palestrantes permitiu traçar um panorama completo e rico em diversidade de abordagens. A lição maior é que não é momento de desanimar, há caminhos, rumos a serem tomados”, avalia Amélio Dall´Agnol, presidente da comissão organizadora do Congresso.

Na avaliação do vice-presidente, Francisco Kryzanowski, “o Congresso se firmou como um referencial tecnológico para a soja tropical”.

Os mais de 1100 participantes puderam discutir a fundo temas como a sustentabilidade da produção da soja na Amazônia, o impacto das mudanças climáticas no futuro  da produção do grão, a transgenia, ferrugem asiática, mercado e comercialização.

Para agrônomo Vítor Raposo, o congresso “traduziu os principais temas para o produtor e as novidades que podem ser importantes enfrentar a crise que abala o agronegócio brasileiro”. Claudionir Carvalho destacou interatividade do público com os palestrantes do evento: “ o nível dos trabalhos apresentados nos pôsteres foi excelente, as palestras foram focadas nas principais preocupações do setor e, o mais interessante, o público pode participar das discussões”.

Biotecnologia trouxe receita extra de 27 bilhões de dólares para o agricultor

O agrônomo e presidente executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), Cristiano Simon, apresentou dados otimistas para agricultores e preocupantes para a indústria de produtos fitossanitários na palestra Impacto da biotecnologia no mercado de agroquímicos, durante o IV Congresso Brasileiro de Soja, que termina nesta quinta-feira em Londrina, Paraná. De acordo com Simon, existem no mundo atualmente 90 milhões de hectares plantados de organismos geneticamente modificados (OGM), um número 53 vezes maior em relação a 1996. Do total da área plantada, 60% é de soja, 28% de algodão e 14% de milho. Os OGM estão distribuídos em 21 países pelo mundo, sendo que a maioria em desenvolvimento como o Brasil.

Toda essa produção, de acordo com o presidente da ANDEF, gerou uma receita adicional líquida de US$ 27 bilhões para os agricultores nos últimos dez anos, sendo US$ 6,5 só no ano passado. Estes recursos vieram principalmente do incremento da produção e da redução dos custos primários, como a diminuição no consumo de óleo diesel e no preparo do solo. Para Simon, os benefícios dos OGM também são grandes em relação ao meio ambiente pela redução de operações de manuseio do solo e pela melhor conservação do solo, o que evita a erosão e o assoreamento de rios e mananciais. Além disso, o agrônomo destaca as vantagens que os organismos geneticamente modificados trazem para o pequeno agricultor, já que “90 dos produtores rurais que cultivam OGM estão em países em desenvolvimento e tem uma área entre 10 e 20 hectares”, acrescenta Simon.

Por outro lado, o crescimento da biotecnologia, para o presidente da ANDEF, vai provocar uma redução em 20% no uso de produtos fitossanitários, um mercado que no ano passado foi de US$ 4 bilhões só no Brasil. Para Cristiano, “os produtos fitossanitários vão coexistir com os OGM´s a médio e longo prazo, mas a indústria já vem perdendo. Só no ano passado, o agricultor que planta soja deixou de gastar US$ 231 milhões em agroquímicos”. Ele também afirma que “a indústria deve reverter essa situação com o aumento da área plantada, que, segundo cálculos do Ministério da Agricultura, deve crescer em 15 milhões de hectares sem a ocupação de áreas de preservação”. A criação de novas tecnologias também deve ser uma nova fonte de renda para a indústria de fitossanitários, conforme Simon.

Em relação ao futuro da biotecnologia no Brasil, o presidente da ANDEF mostra preocupação com a grande informalidade e burocracia brasileiras. Simon cita o caso dos 500 projetos de pesquisa que aguardam aprovação no CTN/Bio, comitê criado pela Lei de Biossegurança do ano passado, que regulamentou o uso, a produção e a comercialização de organismos geneticamente modificados no Brasil. Para o agrônomo, “a burocracia e inoperância de determinados setores do governo podem deixar o Brasil em desvantagem em relação a outros países emergentes, como a China e a Argentina”. De acordo com Simon, os OGM´s vão continuar crescendo no mundo todo, já que até a União Européia que não aceitava este tipo de produto autorizou a entrada, e o Brasil não pode deixar discussões políticas e ideológicas estarem a frente do desenvolvimento do país. A estimativa é que em 2010, a área de OGM´s cresça dos atuais 90 milhões de hectares para 150 milhões.


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