Cerca
de 60% de área de pastagens no nosso País está
em fase de degradação de solo, em conseqüência
de: pouca formação de forrageiras no solo (que
já se encontra compactado), das chuvas (no período
onde o solo frágil é a receita ideal para o
processo de erosão), e dos animais que vai pastar em
áreas próximas a margens de rios e riachos não
permitindo que a forragem cresça criando assim uma
crosta e deixando o solo impermeável. Com o capim crescendo
ele protege o solo contra a chuva e o sistema de radicular
dele faz com que o solo seja descompactado, conta Odo
Primavesi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.
Além dos impactos negativos na produção,
agravam-se os efeitos ambientais provocados pela degradação
que gera erosão com a perda de grande quantidade de
fração mais rica dos solos, provoca o assoreamento
(fase em que terra escorre junto com a água) dos leitos
dos cursos de água, além de facilitar o rápido
escoamento das águas das chuvas sem penetração
e abastecimento adequado para o lençol freático.
Isso explica em parte, a escassez de água nos últimos
anos.
Em algumas regiões do País há casos de
riachos terem secado ou terem o fluxo de água reduzido,
devido exclusivamente ao mau manejo. A descapitalização,
a falta de recursos e incentivos aos pecuaristas e altos custos
de insumos (corretivos, fertilizantes e herbicidas) têm
sido apontados como fatores limitantes para a solução
do problema. A alta ocorrência de plantas invasoras
em pastagens degradadas ou em processo de degradação
representa, sem dúvida, um agravante ao processo de
perda de produtividade dos pastos. O problema assume maior
importância quando se leva em conta a existência
de grandes áreas de pastagens nessas condições,
onde a recuperação ou a renovação
passa a ser práticas recomendáveis para reverter
este processo (entende-se por recuperação e
manutenção das pastagens, o processo que visam
restabelecer a produção de forragem, mantendo
a mesma espécie forrageira).
A renovação e a reforma têm objetivo semelhante,
entretanto, por processos mais drásticos, e com a introdução
de uma nova gramínea. Posteriormente, a falta de manutenção
da fertilidade do solo e o manejo inadequado das pastagens,
favorecem a disseminação das plantas daninhas
e reduzem a produtividade ao longo dos anos de utilização.
Além disso, o gado não deve beber água
nas margens de rios e lagos, mas sim em bebedouros localizados
na propriedade, pois o pisoteio do gado traz assoreamento
e redução do fluxo de água, além
de alguns problemas para os animais. Tudo isto, faz com que
o problema seja mais grave, como aponta os pesquisadores.
Para isto, ao longo dos anos alguns experimentos foram realizados.
Na Embrapa Pecuária Sudeste de São Carlos, por
exemplo, o trabalho em uma área em processo de degradação
teve como resultado o aumento da receita do produtor que permitiu
custear algumas medidas para proteger o rio que abastecia
a propriedade. Os hectares ao longo de um pequeno riacho foram
cercados e um reservatório foi construído para
evitar o pisoteio do gado nas margens e diminuir os problemas
de erosão e assoreamento. A medida também colaborou
para a viabilização da regeneração
de reserva legal exigida por lei, que corresponde a 20% da
propriedade.
Além de reduzir os impactos das atividades agropecuárias
no entorno da propriedade, o objetivo do projeto foi também
o de manter ou aumentar a rentabilidade do produtor rural.
A partir do momento que pecuarista limita o rebanho
dentro de uma área e disponibiliza água para
os animais ele, ao mesmo tempo, ganha na produtividade, pois
o gado não precisa percorrer longas distâncias
a procura de água, isto faz com que o rebanho gaste
menos energia e o criador lucra. O gado transforma esta energia
em carne ou leite. Se o animal estiver aceso a água
dos rios ou nascente, ele acabará prejudicando a vegetação
de proteção da mata auxiliar e o corredor biológico
no meio do rio, conta o pesquisador.
Com isto, na primeira fase de implantação do
projeto se demonstrou que os benefícios ambientais
e econômicos são grandes quando implantados nas
fazendas. A segunda fase teve como objetivo de disseminar
os resultados das boas práticas agrícolas, especialmente,
na área das nascentes de rios, bastante degradada pelas
atividades agrícolas.
Segundo Primavesi, o acesso direto dos animais nas fontes
de água é melhor para o pecuarista porque não
vai gastar em cercas, mas em conseqüência, o pecuarista
estaria prejudicando o solo, e em um período de médio
e longo prazo ele estaria provocando grandes erosões
na propriedade. O pecuarista que adota a criação
intensiva e semi-intensiva vê vantagens nas bombas de
água, uma operação muito simples para
ser adotada na propriedade.
De acordo com a legislação atual, todas
as regiões de água tem que ser protegidas por
matas auxiliares, conseqüentemente, áreas que
foram destruídas por corpo de água gerando degradação
tem que ser recuperadas com reflorestamento, com espécies
adaptadas a beira do rio. A área de proteção
ajuda a propriedade a ter uma área limpa, teríamos
corpo de água convertidos sem assoreamento, água
limpa, e a estabilidade de corredor biológico que evita
que o gado se infecte com vermes. A caminhada do gado até
o corpo de água forma as trilhas que futuramente provocam
a tal conhecida mossoroca, grandes valas que vão devorando
as propriedades rurais, diz o especialista no assunto.
Em muitos casos, lembra o pesquisador há o desaparecimento
de rios e riachos. Se a erosão for muito grande
se a consolidação de solo e água não
foram muito boa quanto na área de pastagens quanto
na área agrícola de lavoura pode haver um soterramento
do corpo de água, explica.
Em sistemas mais intensivos, principalmente também
em pequenas propriedades atualmente se recomenda, em função
de legislação ambiental e da preservação
do corpo de água a concentração dos alimentos
em áreas menores mais intensivos. Com isto, o
pecuarista faz com que o gado gaste menos energia, ao mesmo
tempo conserva mais água de chuva, mais terra e a propriedade
também aumenta de valor, uma propriedade mais conservada
com pastagens e fartura, com certeza se torna mais lucrativa
para o dono. Muitas vezes com a área em prejuízo,
é preciso abandonar a propriedade e procurar outra.
Com isto, os bebedouros entram como utensílios necessários
nas propriedades. Pode ser qualquer utensílio
usado na propriedade e uma bomba utilizada no copo de água,
pequena e elétrica ou bomba como roda de água,
explica.
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