Os resultados obtidos no confinamento e no abate técnico
promovido pelo criatório em parceria com a Marca Agropecuária
confirmam o acerto no desenvolvimento do projeto.
A
Ipameri Agropecuária realizou no dia 6 de novembro,
em parceria com a Marca Agropecuária, de Barra do Garças
(MT), um abate técnico de animais superprecoces, Canchim
x Nelore. Os 137 novilhos que foram levados para o abate,
tiveram o acompanhamento do professor da faculdade de zootecnia
e engenharia de alimentos da USP de Pirassununga (SP), Albino
Luchiari Filho, que destacou, logo em primeira analise, a
uniformidade dos animais quanto ao acabamento de carcaça
e cobertura de gordura.
Os
animais foram abatidos inteiros com idade entre 14 e 16 meses,
pesando em média 17 @ e 3 quilos de peso vivo. O rendimento
de carcaça dos animais atingiu 56,6% na média
geral, sendo classificadas como excepcional pelo professor.
Os resultados das analises de área de olho de lombo
ficaram, na média, em 81 cm, espessura de gordura de
4,1 mm e ph em 5,8, realizadas após 24 horas de resfriamento,
em 27 carcaças, que atestaram a qualidade da carne
para atender aos rigorosos padrões exigidos para exportações.
Segundo o especialista, existe uma preocupação
muito grande dos pecuaristas brasileiros na produção
do superprecoce no que se refere a utilização
de animais não castrados. No entanto Luchiari aponta
para os resultados apresentados, mostrando que o manejo nutricional
for adequado, o criador tem um animal inteiro com acabamento
de gordura e carcaça 560 padrão exportação.
João Paulo Marques Canto Porto, proprietário
da Ipameri Agropecuária, disse que a fórmula
para produção do novilho super-precoce é
simples. O Modelo Kenia, como o criador gosta de denominar,
consiste em utilizar os melhores produtos oriundos dos cruzamentos
de touros Canchim com vaca Nelore ou fêmeas F1 (canchim
x Nelore) e vaca 3/4 Canchim 1/4 Nelore com touros Nelore.
O criador se entusiasma com a realidade de se pegar um touro
Canchim comercial, criado exclusivamente a campo, com baixo
custo de manutenção, e colocá-lo na vacada
anelorada, e no final conseguir resultados da envergadura
apresentada neste abate técnico. É, no mínimo,
muito animador, afirma Porto, garantido que a parceria Canchim
X Nelore é sucesso garantido para produzir novilhos
superprecoces totalmente a campo, conclui.
Antonio Donizete da Silva, gerente da Ipameri Agropecuária
e responsável técnico pelas fazendas Kênia
de Barra do Garças (MT), Fazenda Santa Helena de Jussara
(GO), fala que o manejo utilizado durante o sistema de cria
também é bastante simples. Os animais começam
logo no segundo mês de vida no sistema de creep-feeding,
permanecendo até a desmama, próxima aos 240
de vida. Silva que os 400 bezerros saíram da fazenda
com um peso médio de 250kg, e isso só foi possível
porque o manejo foi aplicado corretamente. Além da
estrutura, que deve ser adaptada de forma que somente os bezerros
tenham acesso que somente os bezerros tenham acesso ao creep,
o manejo precisa ser conduzido com dedicação
por parte da equipe da fazenda. Os bezerros precisam ser ensinados
a comer dias do creeping fechar a vacada juntamente com bezerros
duas horas por dia na área de lazer onde se localizam
os cochos do creeping, sal e bebedouros.
De acordo com Eduardo Alves de Moura, proprietário
do confinamento Marca Agropecuária, os animais da Ipameri
chegaram no dia 14 de julho pesando em média 252 quilos.
Os novilhos ficaram confinados por 140 dias, recebendo durante
esse período três formulações diferentes
de ração. O consumo de matéria seca (MS/dia)
por animal foi de 8,5 Kg. para um ganho de peso diário
de 1,5 Kg. na média. A conversão alimentar dos
animais foi de 5,5 kg./MS/ dia por quilo de peso vivo adquirido.
Isso, segundo o responsável pelo confinamento é
de 8 a 10 quilos de comida para cada 1 quilo de peso vivo
produzido.
Moura fala ainda que a participação do Marca
no projeto do superprecoce não é funcionar como
boitel, e sim, pegar o animal na sua melhor fase de conversão
alimentar, aplicar a ração corretamente, assim
que ele atingir as condições de peso e acabamento
exigidas pelos frigoríficos obter ganhos substanciais
para ambas as partes: Na parceria, o único investimento
do pecuarista é o animal, que passa por uma avaliação
e se estiver em condições para ser trabalhado
vira capital do criador no negócio. O Marca entra com
a estrutura do confinamento e a alimentação
adequada. Quando o animal é abatido, apura-se o resultado
e divide-se proporcionalmente, explica Moura.
Antonio Carlos Silveira, professor da Unesp de Botucatu (SP),
e proprietário da Nutrumin Nutrição Animal,
empresa responsável pela orientação da
formulação das dietas dos superprecoces, explica
que os animais jovens e recém apartados, ao chegarem
no confinamento precisam passar por um processo de adaptação
para amenizar os efeitos do estresse. Nesta fase, a ração
oferecida aos bezerros precisa ser mais rica em proteínas,
favorecendo o desenvolvimento corporal no animal. No caso
da Marca, o professor diz que a ração inicial
tinha cerca de 16% de proteínas e uma proporção
de 30% de volumoso, que pode ser silagem de sorgo, milho,
aveia, por 70% de concentrado. Silveira explica que cada fase
do processo dura em média 45 dias. Na dieta intermediária
a quantidade de silagem sobe para 77% e 23% de concentrado
e a quantidade de proteína baixa para 14%. Já
na fase de terminação é necessário
oferecer aos animais o máximo de energia possível.
Para isso é oferecida aos animais uma ração
com 82% de concentrado (energia), 18% de volumoso e 11% de
proteína.
Para o professor, no cruzamento industrial é muito
importante que o criador direcione seu trabalho no sentido
de saber exatamente qual o seu objetivo final. Se for produzir
superprecoce, é aplicar o creep e, assim que o animal
desmamar, vai direto para o confinamento. Eliminando a fase
da recria, que só serve para aumentar custos no processo
de produção, o criador aumenta sua taxa de desfrute
na propriedade, o que permite a ele um giro mais rápido
do capital investido.
A Ipameri Agropecuária mantém atualmente na
Fazenda Kenia, dentro de uma área de 3 mil hectares
totalmente utilizada com produção pecuária,
um plantel de aproximadamente 4.500 cabeças de gado
comercial provenientes do cruzamento Canchim X Nelore. A propriedade
possui 80% de suas pastagens cultivadas com braquiarão,
e possui um sistema de irrigação com pivô
central com área de 120 hectares. De acordo com o administrador
da fazenda embaixo do pivô são mantidos cerca
de 2 mil cabeças divididas em diferentes categorias.
Além da produção do superprecoce a Ipameri
mantém trabalhos de seleção com machos
e fêmeas das raças Canchim e Nelore que servem
de base genética para os projetos que são mantidos
pela, tanto na Kenia como na fazenda Santa Helena, no município
de Jussara (GO).
Antonio Donizete conta que a estação de monta
na fazenda acontece de novembro a janeiro, de onde provem
a quase que a totalidade dos animais que servirão para
abastecer os projetos de superprecoces em 2004.
A desmama vai então para o confinamento (80%) e o restante
para o pivot, ficando assim a totalidade da fazenda direcionada
á atividade de cria, o que permitiu um grande aumento
na produção de bezerros. No gado de seleção
os touros que se destacam no testes de performance a campo,
também realizado pela Ipameri, são em parte
selecionados para cobertura do gado comercial nas fazendas
ou selecionados para fazer parte do Leilão Canchim
Ipameri, que todos os anos é realizado no mês
de agosto, na cidade de Mogi Mirim.(SP).
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