Edições Anteriores
JACARÉ NO GANCHO!
rev 71 - novembro 2003

O jacaré-de-papo-amarelo esteve ameaçado de extinção por anos e foi registrado pela empresa Mister Cayman, o maior criatório dessa espécie da América Latina. Localizado em Maceió, abriga cerca de 3.200 animais e disponibilizou 60 deles para o primeiro abate no Frigorífico Aravestruz, em Araçatuba, pioneira na estrutiocultura e também o primeiro a realizar abates em série de avestruzes no Brasil. Especialistas estiveram presentes no evento, entre eles, Irene Silva, bióloga com mestrado, chefe do departamento de fauna Ibama/Alagoas, Silva Marçal Garcia - bióloga do criatório Mister Cayman, Isaias José dos reis - técnico ambientalista do RAN/ Ibama/Goiânia, Marcos Coutinho - phd em crocodilianos - Ibama/Pantanal, e membros do Ministério da Agricultura.

Em 22 de maio de 2003, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ibama divulgaram a nova lista vermelha com cerca de 400 animais. Nessa lista o jacaré-de-papo-amarelo foi subtraído como animal ameaçado de extinção. Conclui-se portanto, que ele poderia ser comercializado com algumas restrições e sempre com aprovação do Ibama. A partir de disso, o Criatório Mister Cayman recebeu a Licença de Operação 01/2003 - fornecida pelo Ibama/Maceió, assinada pelo Gerente Executivo Osvaldo Pinto Sarmento.

A grande vantagem desse processo é regularizar o ciclo produtivo do jacaré que, até então, era realizado clandestinamente. A partir de agora, todo o consumo terá o respaldo de órgãos de fiscalização, normas de segurança e especialistas no assunto.

O Grupo Aravestruz foi escolhido pela Mister Cayman pela infra-estrutura que dispõe. Seu frigorífico - especializado no abate de avestruzes - precisou de pouquíssimos ajustes para receber os jacaré. Uma das adaptações foi a instalação de um tanque para receber os animais. A Aravestruz conta com um sistema completo de distribuição de carne em todo o país, além de escritórios no Nordeste (Ceará e Bahia). E, no caso da pele do jacaré, a Aravestruz também possui curtume para o beneficiamento e revenda do couro, inclusive por meio da grife Lupifieri, loja do Grupo instalada no Morumbi Shopping, São Paulo.

Do jacaré tudo se aproveita. A carne é pouca calórica e dotada de muitas propriedades nutritivas. Segundo Maria Cristina Muradas Ruffo, proprietária do criatório Mister Cayman, a média do quilo da carne de jacaré vai custar em torno de R$ 60,00. Todo o processo de abate, comercialização e distribuição ficarão por conta do Frigorífico Aravestruz que necessitou de pequenos ajustes em sua infra-estrutura para o abate do jacaré.

O couro, valorizado em âmbito internacional, é utilizado na cofecção de bolsas, calçados, roupas, cintos e demais artigos de vestuário. Por ser uma pele oriunda de animais criados em cativeiro, obedecendo a técnicas de manejo apropriadas, é de excelente qualidade. Seu aspecto é lustroso, delicado, de traçado harmonioso e, principalmente, totalmente legalizada. Trinta centímetros deste couro valem em torno de quatro dólares.


Edicões de 2003
Volta ao Topo
PROIBIDA A PUBLICAÇÃO DESSE ARTIGO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DOS EDITORES