De
acordo com o pesquisador Júlio Cesar Albrecht, da Embrapa
Cerrados Planaltina - DF, a BRS 207 foi especialmente desenvolvida
para a região pela Embrapa Cerrados e pela Embrapa
Trigo. Esta foi a segunda safra da variedade, cultivada em
Minas Gerais, Goiás no Distrito Federal. A produtividade
recorde foi registrada na fazenda do produtor Akio Tamekumi,
no Plano de Assentamento Dirigido do Alto Parnaíba
- PADAP (MG).
Ele
explica que a produtividade média da cultivar BRS 207
é de 5,8 ton/ha. Só e Silva estima que a média
brasileira seja de 2,5 ton/ha. No Cerrado, a estimativa é
de que este número corresponda a algo entre 4,5 a 4,8
ton/ha.
Albrecht
explica que o Cerrado favorece produtividades mais altas devido
á maior estabilidade de suas condições
climáticas. Ele acentua que a rendimentos acima de
7 ton/ha foram alcançadas neste ano com a cultivar
BRS 207 onde o produtor seguiu as indicações
técnicas da Embrapa, como iniciar o plantio na época
adequada.
A
alta produtividade está garantindo boa remuneração
aos produtores, que obtêm mais de R$ 1 mil reais de
lucro líquido por hectare com o trigo irrigado do Cerrado
(a cotação da saca está em torno de R$
30). De acordo com Albrecht, isso se deve á qualidade
dos grãos, que permite bons contratos com as indústrias
moageiras.
As
preferências dessas empregadas orientam os produtores
nas opções de plantio. Nesse quadro, a BRS 207
não é a única alternativa. Ela está
entre as dez cultivares disponíveis para o Cerrado
e é uma das três mais utilizadas as outras duas
são Embrapa 42 e a Embrapa 22. Cada qual tem as suas
características de qualidade.
A
característica principal da Embrapa 42 é sua
maior força de glúten. Já a Embrapa 22
proporciona maior estabilidade á farinha, garantindo
certas características á massa. A BRS 207, além
de sua produtividade recorde, mantém os requisitos
de qualidade exigidos pela indústria de panificação.
O
trigo é uma das culturas irrigadas no Cerrado que mais
remuneram, e dentro do sistema de produção é
uma alternativa para rotação com o feijão
e hortaliças para quebrar o seu ciclo de pragas e doenças,
explica Albrecht. O pesquisador demonstra outra vantagem:
A triticultura tem fácil manejo. Em determinados anos,
alguns produtores conseguem colher fazendo apenas uma aplicação
de defensivo.
Atualmente,
70% do trigo consumido no Brasil é importado, grande
parte da Argentina. Por enquanto, dados da Embrapa Trigo apontam
que o Cerrado é responsável por menos de 5%
da produção nacional. Só e Silva acredita
que esse quadro já está mudando. A região
produz trigo com qualidade industrial superior ao grão
importado da Argentina. O esforço da Embrapa, das indústrias
e de toda a cadeia do trigo está iniciando sua colheita,
mostrando aos agricultores da região que a triticultura
vai se consolidando técnica e economicamente no Cerrado,
desde o Mato Grosso até Minas Gerais.
Embora
ainda seja cedo para fazerem previsões, Sá e
Silva aponta para a possibilidade de que em 2004 haja um acréscimo
de 25% na área de cultivo de trigo no Cerrado. Ele
estima que a região poderá produzir mais de
200 mil toneladas de trigo ainda nesta safra, o que considera
uma vitória para cadeia produtiva da região.
Há dois anos que não se produzia mais de 60
mil toneladas, explica o pesquisador.
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