De
acordo com o pesquisador da Embrapa gado de corte, de Campo
Grande, MS, Ivo Bianchin, o maior problema que ela pode causar
aos bovinos está relacionado ao estresses gerado pela
irritabilidade no animal. Bianchin diz que o fato da mosca
ficar durante todo o dia sobre o animal, gera um desconforto
que o impede de executar sua atividades diárias normalmente.
A
dificuldade de se alimentar leva o animal, principalmente,
nos primeiros meses de vida, a perder uma média de
10% de seu peso vivo. No entanto, isso não chega a
ser um problema, pois durante as outras fases de seu desenvolvimento,
certamente este peso será recuperado, explica o pesquisador.
Na opinião do técnico, existem parasitas muito
mais nocivos aos animais e que dependem de um acompanhamento
mais criterioso, inclusive com auxílio de técnico
constante. O que ocorre é que a mosca-dos-chifres é
um mal visível aos olhos do criador, e provavelmente,
por isso que ele possui essa compulsão em erradicá-la.
O pesquisador aponta que esse não é o único
problema causado pela ação da irritans. O matofagismo
característico da espécie, faz dessa mosca um
agente transmissor de microorganismos prejudiciais á
saúde bovina. A leocose a anaplasmose são algumas
das infestações que podem ser transmitidas pela
ação mecânica desses agentes no rebanho.
Cada mosca pica em média um bovino 40 vezes por dia,
isso multiplicado pelo número de insetos por animal,
que em algumas condições pode chegar a 80 indivíduos,
pode ocasionar um alto nível de infecção.
A imunidade dos animais ao ataque dessa parasita varia bastante
de um indivíduo para outro, sofrendo variação,
inclusive, entre membros de uma mesma raça.
Segundo o pesquisador estudos realizados com fêmeas
da raça Nelore, com bezerro ao pé levando-se
em consideração as idades e os pesos das vacas
e dos bezerros e que puderam ter seus resultados observados,
apontam que as vacas não sofreram grandes infestações,
mesmo, sem a utilização de inseticidas. Segundo
o pesquisador três fatores podem explicar esses resultados.
As raças bovina utilizadas nos diferentes experimentos
eram de diferentes tipos genéticos. A presença
de inimigos naturais, tais como, besouro africano, formigas
e ácaros e qualidade acumulada ou a precipitação
de chuvas que antecedeu cada contagem das moscas. Só
para se ter um parâmetro de avaliação
na primeira contagem que foi realizada no mês de abril,
ou seja, final do período de chuvas em boa parte das
regiões brasileiras. De 60 vacas avaliadas, 50 ou cerca
de 15% tinham até 75 moscas, outros 10% tinham entre
100 e 150 e as outros 4 animais, concentram entre 225 e 675
mosca respectivamente. O pesquisador explica que isso também
ocorre com animais de origem taurina, porém com outros
parâmetros de avaliação, pois esses animais
são mais suscetíveis ao ataque desses parasitas,
explica.
Bianchin diz que devido a inexistência de trabalhos
científicos no âmbito nacional, obrigou os pesquisadores
do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), órgão
vinculado a Embrapa a desenvolver esse trabalho baseado em
literatura estrangeira. Trabalhos esses que sugerem um controle
tentativo e racional dessa mosca. Para estabelecer a real
importância desta mosca, e as melhores maneira de combatê-la,
deve-se ter dados causados em cada região do país,
pois existem uma série de fatores ambientais que podem
incidir na alteração desses resultados.
O ciclo de vida desse inseto compreende ao todo quatro fases,
sendo que a primeira tem início quando os ovos são
depositados, normalmente, entre as pastagens. A partir daí
o desenvolvimento ocorre durante um período de 12 dias
em média, podendo sofrer alteração de
acordo com as condições de clima e temperatura.
A fase larval desenvolve-se por volta do sexto dia, quando
o inseto sofre nova mutação, transformando-se
em pulpa (casulo). Aí ele sofre sua última metamorfose
para torna-ser realizado por meio da aplicação
de inseticidas convencionais, porém o técnico
alerta para a importância da utilização
do controle biológico natural sobre o problema, sem
precisar usar grandes quantidades de produtos químicos
não degradáveis. Isso segundo Bianchin é
realizado naturalmente pelo próprio meio ambiente que
se encarrega de manter agentes controladores. O fato da mosca-dos-chifres
depositar seus ovos somente em fezes bovinas frescas, facilita
a ação de formigas, ácaros, besouros
que alimentam-se de seus ovos e larvas. Cerca de 90% de todos
os ovos depositados pela mosca adulta, nem chegam a nascer,
isso devido ao controle biológico que é realizado.
Os 10% restantes podem ser controlados com alguns produtos,
porém somente quando o animal está visivelmente
incomodado com os parasitas.
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