Somente
o controle sanitário estratégico, realizado
de acordo com as condições de cada combate á
ação desses agentes no rebanho. Tanto no sistema
de produção de carne como de leite, os prejuízos
diretos e indiretos gerados por esses microorganismos, provocam
perdas substanciais ás propriedades, e isso, pode ser
evidenciado, hoje, em praticamente todas as regiões
do país.
Marcos Antônio F. Malacco, médico veterinário
e gerente técnico de produtos da Merial Saúde
Animal, diz que os prejuízos causados á produtividade,
pela ação direta dos vermes é motivado
principalmente pelo fato de algumas espécies alimentarem-se
preferencialmente dos tecidos do intestino delgado do hospedeiro.
Isso causa danos a parede externa mais realizar a absorção
correta dos nutrientes, durante o processo de conversão
alimentar.
Além desse problema, os parasitas internos caracteriza-se
por alojar-se em outros órgãos do aparelho gastrointestinal
do hospedeiro, ocasionado inúmeros outros problemas.
Dentre os diferentes gêneros e espécies de endoparasitas,
cada um possui uma preferência por parasitar um órgão
do animal. Dentro do aparelho digestivo, desde o abomaso até
o intestino grosso, cada um possui seus parasitas em particular.
As espécies Trichostrongylus axei, Haemonchus sp. e
Ostertagia sp., alojam-se preferencialmente no Abomaso. Já
o Strongyloides papillosus, Toxocara vitulorum, Cooperia sp.
e Nematodirus sp, preferem habitar no intestino delgado. Existem
também os que preferem habitar mais intestino grosso,
como é o caso dos parasitas Oesophagostomun sp. e Trichuris
sp,. Porém, existe uma espécie em particular
que possui o hábito de viver no aparelho respiratório
do bovino. O Dictyocaulus viviparus, parasita o pulmão
dos animais infectados, causando sérios danos que podem,
em condições especiais, levar o animal a morte.
As principais verminoses clinicamente identificadas causam
distúrbios sérios que levam á diminuição
no ganho, ou até perda de peso. Esse é segundo
o técnico da Merial, o sintoma mais visível
de constatação do problema par o pecuarista.
Em alguns casos, onde a um alto grau de contaminação,
o animal pode perder até 64 Kg. de seu peso vivo por
ano. Além de reduzir drasticamente a capacidade de
resistência imunológica dos animais, o que os
torna mais suscetíveis ás doenças infecciosas.
A fase de pós desmama do animal é quando o bovino
fica mais vulnerável a ação das verminoses,
pois nesse período ele sofre um desgaste físico
e mental muito grande. Isso é causado por fatores como,
a perda do leite materno, o contato direto com as pastagens
infectadas, fatores que contribuem para causar o conhecido
estresse pós desmama nos bezerros. Os animais jovens
são mais sensíveis a ação dos
vermes que os adultos, porém, a dose de imunidade que
ele recebe via colostro, aliado a baixa ingestão de
pastagens (poucas larvas), diminui bastante o riscos de contágio
por esses animais, durante os primeiro 7 - 8 meses de vida.
Após essa fase, nos sistema de pecuária extensiva
o bovino entra na fase critica de contágio, pois sua
alimentação passa a realizar-se somente através
do pastos e seu organismo, ainda não atingiu um grau
de imunidade adequado. Durante essa fase é recomendado
aplicação de vermífugos periodicamente.
Já os animais adultos ( bois de gordura, vacas e touros),
sofrem menos efeitos da verminoses devido ao grau de proteção
adquirindo ao longo do tempo de exposição a
esses agentes, explica. Os rebanhos servem de moradia para
uma gama enorme de endoparasitas de diferentes gêneros
e espécies. Esses microorganismos que se desenvolvem
em meio as pastagens, mais especificamente junto ás
fezes dos animais infectados, adentram o animal via ingestão
oral. A partir daí albergando-se ao longo de todo o
seu aparelho digestivo, começam sua relação
de parasitismo com o hospedeiro. Essa fase caracteriza-se
pelo encerramento do período de vida livre do verme,
e início da relação parasitária.
Essa verminoses, após serem ingeridas, causam enormes
danos ao longo do aparelho digestivo do hospedeiro. Isso faz
com que animais não vermifugados, percam uma média
de 10 a 15% de seu peso vivo por ano. Com os animais de aptidão
leiteira, onde o sistema de produção, é
bem mais intenso, as perdas ser ainda maiores, chegando a
30% da capacidade produtiva da vaca. Isso é extremamente
preocupante explica o veterinário.
Os vermes podem atingir o rebanho por diferentes vias de infestações.
Além da oral, que é a mais comum, por ingestão
de larvas (L3), presentes nas pastagens. Existem também
algumas larvas que podem penetrar na pele dos animais ou até
mesmo passarem da vaca para o bezerro via colostro. De acordo
com o professor da Universidade Estadual de Londrina (PR),
Dr. Ademir B. da Luz Pereira, na grande maioria do território
brasileiro, é adotado o sistema extensivo de produção,
no qual o pastoreio contínuo durante todo o ano, permite
que os animais permaneçam expostos permanentemente
a infecções geradas por esses organismos.
Do ponto de vista epidemiológico, o professor explica
que de maneira geral, considera-se, que todos os bovinos criados
em sistema extensivo de produção, possuem algum
grau de infestação. Isso ocorre pelo fato de
cerca de 90% dos parasitas, e aí, inclui-se também
os que agem externamente, viverem em meio as pastagens. Os
outros 10% que conseguem encontrar um animal para depositar
seus ovos é que são responsáveis por
completar o ciclo evolutivo de sua espécie.
O ciclo de vida dos vermes de bovinos começa com as
fêmeas adultas depositando seus ovos no aparelho digestivo
do bovino infectado. Esses milhares de ovos seguem junto com
a fezes do animal até serem eliminadas no meio ambiente.
Começa aí, a fase de vida livre que se caracteriza
pelo eclosão dos ovos e a conseqüente liberação
das larvas de primeiro estágio (L1). Esse período
vai até a larva tornar-se infectante, ou (F3). Algumas
condições de clima são extremamente favoráveis
ao desenvolvimentos desses organismos. As altas temperaturas
em torno de 25 a 27º C, com umidade relativa por volta
de 80%.
Uma modificação do ciclo de vida pode ocorrer
quando as condições ambientais forem desfavoráveis.
Em condições de frio intenso ou quando a resistência
por parte do organismo, esse processo sofre inibição,
causando o que os pesquisadores chamam de prolongamento do
período pré-patente. O fim desse período
ocorre com a chegada da estações quentes ou
por ocasião da aproximação do período
de parto da fêmeas que é a época que a
vaca elimina a maior quantidade de ovos no meio ambiente.
O controle desses agentes depende de uma série de fatores
que sofrem variação devido a relação
entre, agente parasitário, animal hospedeiro e meio
no qual se desenvolve essa relação. De acordo
com pereira existem diversas formas de controle que podem
estar sendo utilizadas. O controle que é realizado
durante a fase livre do parasita, visa diminuir a quantidade
de larvas nas pastagens para uma conseqüência redução
no volume ingerido pelos animais. Porém, esse método
mostra-se ineficiente no sistema de pastejo extensivo predominante
na pecuária brasileira.
Durante a fase parasitária, quando o verme já
se encontra dentro do bovino, várias são as
técnicas de controle utilizadas atualmente pelos pecuaristas.
O pecuarista precisa visar a eficácia do tratamento,
no entanto, sem descuidar do aspecto econômico, tão
importante na hora de contabilizar os resultados obtidos com
a produção. A indústria farmacêutica
lança no mercado, todos os anos, uma linha enorme de
endectocidas para utilização em bovinos de corte
e leite.
Os programas de controle existentes se utilizam dessas tecnologias
para determinar, qual a melhor forma de aplicação
desses medicamento, visando sempre a melhor relação
custo x benefício para o produtor. Existem segundo
o pesquisador, além do controle realizado nas pastagens,
quatro outras formas, comunente utilizadas, de se tentar conter
o avanço da contaminação nos rebanhos.
O sistema de controle Curativo, que é quando os animais
são vermifugados, somente quando apresentam sinais
clínicos de verminoses, inclusive, com registro de
morte de alguns indivíduos é um sistema não
indicado. Nesse sistema existe a intenção clara,
porém ilusória do criador de barateamento de
custos, aplicando vermífugo somente em caso de extremas
necessidade. Tal prática acaba levando a prejuízos
maiores, pois, os danos causados pela ação dos
vermes já ocorreram, e não se leva em consideração
as importantes perdas da produção pela verminose
subclínica, ou seja, que antecede o aparecimento dos
sintomas. Esse método ainda estimula uma grande contaminação
ambiental por ovos larvas, dificultando a introdução
de outros sistemas de controle, explica o técnico.
Uma outra técnica também bastante utilizada
é o sistema supressivo de manejo sanitário.
Nesse modelo os animais são medicados em intervalos
de 60 ou 90 dias, independente do nível de contaminação
do rebanho. O professor de doenças parasitárias
da UEL, explica que está prática leva a aplicações
em épocas desnecessárias, o que acarreta acumulo
de gastos. O inverso também ocorrer, ou seja, a não
aplicação de vermífugos em períodos
de grande infestação das pastagens, pode levar
a altos índices de contaminação do rebanho.
A aplicação sistemática e indiscriminada
de vermífugos exerce muitas um papel inverso no processo
de combate, ao invés de eliminar os vermes, pode torná-los
mais resistentes á ação das drogas.
No controle tático os animais são medicados
apenas quando as condições ambientais ou de
manejo tornarem viável a vermifugação
do rebanho. Segundo o pesquisador, existem inúmeros
estudos mostrando que as vantagens de se dosificar os animais,
antes de introduzi-los em pastagens vedadas ou recém
formadas, na saída para o confinamento, na rotação
de pastagens, ou na ocasião da compra de animais, é
uma prática na qual o criador precisa ter cuidado de
medicar os animais várias horas antes de introduzi-los
no lugar definitivo, explica.
Existem uma unânime por parte dos pesquisadores entrevistados
quanto a indicação do sistema de controle sanitário
estratégico na propriedade. Essa prática é
a mais recomendável seja qual for as condições
de criação que se apresentem para o pecuarista,
isso levando-se em consideração tanto fatores
ambientais como morfológicos dos animais. As ações
realizadas de forma planejada permitem que o criador realize
o uso racional dos farmacos no seu rebanho. Assim os resultados
conquistados tornam-se bem mais consistentes e, portanto,
duradouros.
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