È
usado há séculos na Ásia, principalmente
na Índia, como planta medicinal. Tem diversos usos,
em especial anti-séptico, curativo vermífugos;
é utilizado no preparo de sabões medicinais,
cremes e pastas dentais. A árvore é usada para
sombra e possui madeira de qualidade para a produção
de móveis, construção, batentes e portas,
caixas e caixotes, tenha, carvão, etc.
Seu
uso como inseticida se tornou bem conhecido nos últimos
30 anos, quando seu principal composto, a azadirectina, foi
isolado. A molécula da azadiracatina, é muito
complexa e ainda não pôde ser sintetizada; assim,
todos os produtos que contêm azadiractina são
produzidos por extração da planta. Os inseticidas
naturais de nim são biodegradáveis, portanto
não deixam resíduos tóxicos nem contaminam
o ambiente. Possuem ação repelente, anti-alimentar,
reguladora de crescimento e inseticida, além de acaricida,
fungicida e nematicida. Por sua natureza, os extratos de nim
mundialmente aprovados para uso em cultivos orgânicos.
A
planta possui mais de 50 compostos terpenóides, a maioria
com ação sobre os insetos. Todas as partes da
planta possuem esses compostos tóxicos, porém
é no fruto que se encontra a maior concentração.
Esses compostos são solúveis em água
e podem ser preparados de maneira simples em água e
podem ser preparados de maneira simples e barata, por pequenos
e médios produtores.
Outras
espécies de meliáceas têm propriedades
semelhantes. Entretanto, seus extratos são mais tóxicos
aos vertebrados e são menos eficazes contra os insetos.
Os extratos de nim são praticamente inócuos
aos vertebrados e ao homem.
A
planta
Originária
de clima tropical, a planta se desenvolve bem em temperaturas
acima de 20 ºC, em solos bem drenados, não ácidos
e altitudes abaixo de 700 m. Nessas condições,
pode iniciar a produção de frutos em cerca de
dois anos, podendo atingir 10 Kg de semente seca/planta, sendo
que cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente
3000 sementes.
No Brasil, as primeiras introduções realizadas
para pesquisa do nim como inseticida foram realizadas pelo
IAPAR, em Londrina PR, em 1986 com sementes originárias
das Filipinas. Em continuidade ao projeto, em 1989 e 1990,
material oriundo da Índia, Nicarágua e Républica
Dominicana foi plantado em Londrina, Paranavaí PR (região
mais quente e arenosa), Jaboticabal SP e Brasília DF,
para avaliação de desenvolvimento.
Nos anos noventa, principalmente nos últimos cinco
anos, as propriedades da planta se tornaram mais conhecidas
no País, dando-se início ao plantio de áreas
comerciais em São Paulo, Goiás, Mato Grosso,
Pará e outros. Esses estados apresentam clima favorável
seu cultivo, esperando-se portanto produções
próximas ao obtido nos países de origem. Em
condições menos adequadas, como as do Norte
do Paraná, com clima subtropical, as plantas se desenvolvem
mais lentamente, iniciando a produção de frutos
após cerca de seis anos, atingindo a produção
máxima de 3 a 4 Kg de semente seca/planta após
cerca de seis anos, atingindo a produção máxima
de 3 a 4 Kg de semente seca/planta após 10 anos do
plantio dados obtidos no IAPAR.
O IAPAR está trabalhando para conseguir plantas mais
adaptadas ás condições subtropicais.
Em 1998, foi realizada a enxertia de nim sobre o cinamomo,
Melia azedarach, que tem excelente desenvolvimento e alta
produção de frutos no Sul do Brasil. O sucesso
do enxerto foi muito bom e há hoje 150 plantas enxertadas
em duas estações experimentais do IAPAR para
avaliação, com florescimento já no primeiro
ano.
Plantio
e Condução
As
sementes devem ser plantadas o mais rápido possível,
dado que o poder germinativo, de cerca de 80%, se reduz em
cerca de dois meses a praticamente zero. Sementes mantidas
em geladeira podem manter o poder germinativo por mais tempo.
As mudas podem ser feitas em sacos plásticos, mantendo-se
boa irrigação durante seu desenvolvimento. As
sementes germinam após duas semanas. Ao atingir 50
cm, após cerca de três meses, a planta pode ser
transplantada para o campo.
O espaçamento recomendado para o plantio do nim é
variável, já que o desenvolvimento da planta
depende das condições de solo e clima, sendo
necessário que toda a copa receba a luz do sol. Assim
o espaçamento deve permitir boa insolação.
No Brasil recomenda-se de 5 a 8 m entre árvores, com
o maior espaçamento nas regiões mais quentes.
Deve-se conduzir o tronco sem ramos até 1,5m de altura
e os ramos devem ser podados regularmente. O ponteiro apical
pode ser cortado quando a planta alcançar 4 a 6 m,
de modo que árvore não atinja um tamanho muito
grande e apresente uma copa bem desenvolvida. Desse modo a
produção de frutos é maior e a colheita
é facilitada.
Modo
de Ação
A
ação dos extratos de nim sobre insetos é
bastante variável de espécie para espécie.
Há registro de ação sobre mais de 300
espécies. A maior parte das investigações
foi feita em laboratório, sendo necessários
mais estudos para poder ser determinar com maior segurança
quais as pragas pode controlar, as doses, freqüência
de aplicação, etc.
De modo geral a azadiractina afeta o desenvolvimento dos insetos
de diferentes modos. Pela sua semelhança com o hormônio
da ecdise (processo que possibilita ao inseto trocar o esqueleto
externo e, assim poder crescer), perturba essa transformação
e, em altas concentrações pode impedí-la,
causando a morte do inseto. Por essa razão, as formas
jovens de insetos são mais fáceis de controlar.
Não causa a morte do inseto imediatamente, dado o seu
efeito fisiológico, porém, além de afetar
a ecdise, reduz o consumo de alimento, retarda o desenvolvimento,
repele os adultos e reduz a postura nas áreas tratadas.
Também tem maior ação por ingestão,
de modo que os insetos mastigadores são mais facilmente
afetados.
As espécies mais facilmente controladas são
as lagarta, pulgões, cigarrinhas, besouros mastigadores.
Resultados de pesquisa do IAPAR mostraram efeitos letais e
deformidades em larvas e pupas de lagarta-do-cartucho do milho,
cupuquerê do algodoeiro, ácaros e bicho-mineiro,
cochonilhas e redução de postura em bicho-mineiro,
cochonilhas e redução de postura em bicho-mineiro,
broca-do-café e mosca branca. Em testes com a joaninha,
inimigo natural de pulgões, extratos de nim não
causaram morte dos adultos e sua ação sobre
as larvas foi mediana para uma espécie e inócua
para outra, não reduzindo sua voracidade, o que comprova
seu potencial para uso em associação com inimigos
naturais contra as pragas.
O uso de folhas misturadas ao alimento do gado ou a aplicação
de estratos das folhas ou sementes no dorso dos animais tem
sido indicado para controle de carrapato e mosca do chifre.
No Brasil se usam 51 de solução a 2% do óleo
emulsionável ou 2,5 - 5% do extrato da folha, por animal.
O óleo também pode ser encontrado na forma pour-on,
indicado-se 10 ml/100kg peso vivo de animal. Nos países
onde o óleo é extraído também
se prepara a pomada, feita com os resíduos de extração
do óleo, que pode ser utilizada no controle de sarna
em animais e outras infecções da pele.
Preparo
de extratos
Os
extratos podem ser preparados com a simples trituração
das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se
a mistura descansar por horas e filtrando-se o líquido
pulverizando-se sobre as áreas infestadas. O mesmo
procedimento pode ser usado para folhas, frescas, embora a
azadiractina aí ocorra em menor concentração.
O óleo inseticida é extraído pela prensagem
das sementes, obtendo-se no máximo 47% de óleo,
que contém cerca de 10% da azadiractina existente no
fruto. A torta restante é pois, muito rica em azadiractina,
tem efeito nematicida e serve como adubo orgânico. Pode,
também, ser secada e utilizada posteriormente para
preparo de extratos inseticidas, em mistura com água
e filtração.
Para se armazenar sementes para preparar o extrato posteriormente,
os frutos devem ser colhidos, secos ao sol por dois a três
dias, e mais uns dois dias á sombra por dois dias despolpados
manualmente em água ou utilizando-se despolpadeira
com café. Deixa secar bem e armazena, de preferência
a baixa temperatura. As sementes que serão plantadas
podem ser preparadas da mesma forma.
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