Esta praga sempre esteve presente nos canaviais paulistas,
porém com queima da palhada, sua população
não afetava a produção de cana. Atualmente,
a cigarrinha-da-raiz praga tem atacado, aproximadamente, 1
milhão de hectare com colheita sem queima e áreas
com queima nas adjacências, provocando enormes prejuízos.
Segundo
o pesquisador do Laboratório de Controle Biológico
de Campinas e doutor em Entomologia José Eduardo Marcondes
de Almeida, a praga possui ninfas especificamente radicícolas
e se desenvolvem sobre as raízes superficiais ou adventícias
inferiores. Sugam a seiva, segundo a sua idade, envolvendo-se
numa espuma branca, espessa e que serve como proteção
a inimigos naturais. Os adultos são hábitos
crepusculares-noturnos, ficando escolhidos dentro do enviés
das folhas durante o dia.
O
dano mais importante que essa espécie de cigarrinha
causa é a redução no tamanho e grossura
dos entrenós da cana e a morte de rebentos jovens.
Em áreas mais atacadas, ocorre a queima da cana, sendo
consequência direta ao ataque das folhas, devido á
injeção de substâncias tóxicas
da saliva dos adultos da cigarrinha.
As
ninfas, ao se alimentarem, ocasionam a desordem fisiológica
em decorrência de suas picadas que, ao atingirem os
vasos lenhosos da raiz, o deterioram, impedindo ou dificultando
o fluxo de água e de nutrientes. A morte de raízes
ocasiona desequilíbrios na fisiologia da planta, caracterizando
pela desidratação do floema e do xilema que
darão ao colmo características ocas, afinamento
e posterior aparecimento de rugas na superfície externa.
Os
adultos ao injetarem toxinas produzem pequenas manchas amarelas
nas folhas que, com o passar do tempo, tornam-se avermelhadas
e, finalmente, opacas, reduzindo sensivelmente a capacidade
de fotossíntese das folhas e o conteúdo de sacarose
do colmo. As perfurações dos tecidos pelos estiletes
infectados provocam contaminações por microorganismos
no líquido nutritivo, causando determinação
de tecidos nos pontos de crescimento do colmo e, gradualmente,
dos entrenós inferiores até as raízes
subterrâneas. As deteriorações aquosas
apresentam cores escuras começando pela ponta da cana
e podem causar a morte do colmo.
Em
decorrência do ataque das ninfas e adultos da cigarrinha,
os danos são visíveis na lavoura, com colmos
de cana mais finos e até mortos, causando perdas de
até 60% de peso e, principalmente, do teor de sacarose,
devido á contaminação por toxinas e microorganismos
no colmo, provocando danos na produção de açúcar
e de álcool.
Como
e quando controlar
O
professor da UFSCAR de Araras, doutor Newton Macedo alerta
que "Quando abordamos este problema, é importante
considerar a época e a duração da ocorrência
da praga, conforme a fase de desenvolvimento da lavoura. Canaviais
colhidos no início da safra (maio/junho) estão
sujeitos a infestações mais elevadas precocemente,
depois do aparecimento de condições favoráveis,
do que aqueles colhidos tardiamente (setembro / outubro /
novembro), porque o fechamento da lavoura favorece a praga".
Por isso, os canaviais atacados prematuramente, e que estão
na fase inicial de crescimento, são os que sofrem as
maiores perdas, especialmente pela morte e menor desenvolvimento
dos colmos. Os que são afetados de forma severa, porém
mais tardiamente, ou que estão num estágio mais
avançado vegetativo e fisiologicamente (colmos bem
desenvolvidos) sofrem perda em toneladas e principalmente
na qualidade.
O nível de infestação da praga também
tem períodos distintos e pode ser dividido em nível
de controle 3 a 5 ninfas/metro linear de cana e nível
de dano 10-12 ninfas/metro linear de cana (cana com idade
máxima de 6meses). Embora os níveis populacionais
modificam-se conforme as diferentes variedades, têm-se
observando que praticamente todas as variedades comerciais
estão sujeitas a perdas expressivas em decorrência
do ataque da praga. Pode-se observar que as variedades mais
atacadas são a SP 8018842; RB 835336: SP 801816; SP
87365 e e SP 803250.
Diante deste cenário, o controle químico apresenta-se
como o mais eficaz e eficiente no combate á cigarrinha-da-raiz.
Porém, para se obter um considerável retorno
econômico, o uso de produtos deve ser realizado no intervalo
entre a 1ª e 2ª geração da praga,
assim que atingir o nível de controle. É preciso,
ainda, considerar que existe uma alteração de
acordo com o ano, a variedade e a área plantada. Por,
isso, assim que for constatada a presença das primeiras
espumas nas raízes e ou adultos nas áreas de
colheita de cana crua, é indispensável iniciar
o monitoramento da população de ninfas, para
definição do momento de aplicação
do produto.
Há técnicos que tem optado por tomar a decisão
de controlar a cigarrinha-da-raiz a partir de níveis
de infestação superiores a 12 ou 15 ninfas/metro
linear pressupondo que somente acima deste nível é
economicamente compensador controlá-la. Neste sentido,
confunde-se nível de controle - o qual está
situando entre 3 a 5 ninfas/metro - com nível de dano
econômico. Este tipo de decisão está resultando
numa perda significativa na quantidade e qualidade na cana
das áreas onde este procedimento tem sido adotado.
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