Animais,
plantas e microorganismos dependem um dos outros. Monoculturas
formam ecossistemas pobres em termos de variabilidades de
espécies, ou seja, há baixíssima biodiversidade.
Muitas das funções pertinentes não têm
quem as execute e não há o devido compartilhamento
de tarefas. Diminui a competição e pode haver
presença insuficiente de organismos predadores ou parasitas,
implicando em sobra de alimento para determinadas espécies
e falta de agentes capazes de manter a população
daquelas espécies sob controle. Desta maneira foi que
as cirraginhas-das-pastagens, entre outras pragas, vieram
a constituir-se em sérias pragas nas pastagens cultivadas.
Em
estudos é sugerida a manutenção de Ilhas
Ecológicas e faixas de vegetação nativa
para manter a diversidade biológica local. O produtor
rural sabe, por experiência própria, que animais
mantidos em pastagens com abundância de bosques, ou
árvores e arbustos, independentemente da forma que
as árvores estiverem distribuídas, tendem a
apresentar maior número de ectoparasitas, como bernes
( Dermatobia hominis) e carrapatos (Boophilus microplus),
entre outros. A presença de ectoparasitas no rebanho,
geralmente é mais severa em animais de raças
européias ou originados de cruzamentos destas com zebuínos,
sendo que naqueles em que predomina o sangue de zebu há
uma maior resistência a estes ectoparasitas.
O
aumento da presença de ectoparasitas bovinos em função
da presença de matas ou bosques, só para mencionar
alguns autores, já foi divulgado por Andrade (1929)
e, mais recentemente, por Gomes et al. (1989). Longe de se
constituir num grave problema, representa a prova mais clara
de que, se até os parasitas são favorecidos
pela presença da vegetação nativa, os
seus inimigos naturais e uma infinidade de outros seres vivos
também estão sendo beneficiados. Ao remover
excessivamente a vegetação nativa, estamos destruindo
maior contingente de organismos úteis do que de nocivos,
porque os agentes naturais de controle já vinham cumprindo
a sua população dos insetos pragas. O complemento
no controle de pragas de interesse poderá, então,
ser buscado, recorrendo-se a métodos convencionais
defensivos agrícolas ou veterinários) e outras
alternativas que compõe o que é, mundialmente,
denominado de Manejo Integrado de Pragas - MIP.
Na verdade, atualmente, o MIP está dando lugar a um
novo conceito de Proteção de Plantas, que é
muito mais amplo do que o anterior. Qualquer planta, conjunto
de plantas, ou mesmo de animais, inclusive o homem, não
devem ser tratados apenas contra doenças ou parasitas
após instalados, pois uma vez recuperados tornarão
a ficar expostos á reinfestações. A possibilidade
de reinfestações e possíveis novos danos
(prejuízos) são fatores que precisam ser removidos
para a efetiva solução do problema. Ou seja,
é preciso atacar as causas, origens ou fontes inoculadoras
e, nutrir devidamente o indivíduo, de modo que seu
socorro. Qualquer organismo, animal ou planta, que se encontre
debilitado, pouco ou quase nada pode fazer em defesa de si
mesmo e de outros, dependendo então de auxílio.
Segundo o conceito de proteção de plantas, o
controle biológico de pragas constitui ferramenta essencial
para dar estabilidade á pretendida proteção
que se pretenda conferir.
O controle biológico é a parte da agricultura
sustentável que busca manter as populações
de pragas abaixo dos níveis de dano econômico.
Esse objetivo também se aplica as explorações
a qualquer organismo que o homem deseje manter sob controle.
No controle biológico, além do aproveitamento
ou manejo dos organismos úteis como parasitas, predadores
ou patógenos, há ainda armas muito promissoras
em estudo ou início de utilização.
Entre elas uma variedade ainda pouco conhecida de princípios
ativos com propriedades biocidas ou repelentes de pragas e
que podem ser extraídos de plantas, muitas das quais
são comuns em nosso meio. Tais produtos apresentam,
muitas vezes, uma vantagem adicional sobre os produtos convencionais
de controle por não deixarem resíduos tóxicos
no ambiente, como é o caso atualmente em moda do uso
do alho para o controle da mosca-dos-chifres e outros parasitas
de bovinos (Franco 1997). Tais princípios ativos, no
entanto, precisam ser identificados e quantificadas as concentrações,
em que podem ser empregados para, então, serem devidamente
registrados e terem liberado, pelo ministério da Agricultura,
o livre comércio e uso. Outras ferramentas biológicas
com grandes perspectivas de utilização nas próximas
décadas são as armadilhas a base de feromônios
sexuais, onde as substâncias utilizadas pelas pragas
na atração dos parceiros sexuais são
isoladas e utilizadas como iscas.
A exportação pecuária, para evoluir em
termos de sustentabilidade, deve considerar as condições
de biodiversidade, no interior das pastagens, que atendam
um mínimo das exigências para que o equilíbrio
natural no sistema seja mantido ou restabelecido. Ao agir
nesse sentido, deve levar em conta que o seu objetivo não
é apenas promover a sobrevivência de insetos
ou animais muito pequenos, mas também aos médio
a grande porte porque, como anteriormente mencionado, uns
dependem dos outros. Muitos seres vivos têm período
de ocorrência efêmero durante o ano, em função
da duração dos respectivos períodos de
favorabilidade biológica (clima, oferta de alimento,
etc.) Outros, porém, vivem por mais tempo e enfrentam
sazonalidade na oferta de alguns alimentos, alternando o seu
cardápio conforme a oferta. Por isso, importa preservar
também animais de médio a grande porte que auxiliarão
no controle das populações de organismos de
ciclo curto quando estas entrarem no seu período favorável.
Para alcançar esse objetivo, torna-se fundamental a
existência de plantas que produzam frutos comestíveis
(Simões, 1987) e de áreas livres da criação
doméstica, onde animais maiores possam se estabelecer,
abrigar e reproduzir.
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