Pesquisadores
brasileiros declaram uma verdadeira batalha contra as pragas
e as doenças que trazem sérios prejuízos
aos cafeicultores. Como armas, são utilizados anos
e anos da experiência e da paciência de pesquisadores
como Tumoru Sera, 30 anos de dedicação aos projetos
de criação de novas plantas de café,
por meio do melhoramento genético tradicional. Método
que leva cerca de 25 anos para desenvolver novas variedades
de café.
Sera
integra a equipe de melhoristas do Instituto Agronômico
do Paraná - Iapar, instituição sediada
em Londrina PR e que integra o Consórcio Brasileiro
de Pesquisa e desenvolvimento do Café, que reúne
40 instituições que trabalham com café
no Brasil. O Consórcio é coordenado pela Embrapa
Café (Brasília - DF), unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O pesquisador acaba de concluir a avaliação
e o registro de 12 novas cultivares que devem entrar no mercado
nos próximos anos. Todas apresentam uma ou várias
das características de resistência a nematóides,
á ferrugem e a outras pragas e adaptação
a adversidades ambientais.
Produtores paranaenses que plantaram a Iapar 59 não
tiveram nenhum problema com a ferrugem - enfatiza Tumoru,
ao lembrar que a doença está presente em todas
as regiões produtoras de café do País
e causa um prejuízo estimado em 300 milhões
de dólares/ ano. Em 45 mil ha cultivados com Iapar
59, deixaram de ser aplicados cerca 155 mil quilos 540 mil
quilos (3kg/ha x 4 aplicações) de fungicidas
á base de cobre para complexos de doenças ou
54 mil Kg de fungicidas sistêmicos do grupo dos triazóis
somente para a ferrugem, o que representou uma economia estimada
em 9 e 3 milhões de dólares, respectivamente,
segundo os cálculos de Tumoru.
Os trabalhos de Tumoru e da equipe de melhoristas do Iapar
estão empenhados na criação de variedades
que se enquadrem em todos os grupos de maturação,
visando reduzir o custo de colheita e secagem, possibilitando,
inclusive, a obtenção de uma proporção
50% maior de café de melhor qualidade.
O pesquisador explica que a possibilidade de ter cafés
amadurecendo em épocas diferentes traz benefícios
econômicos aos produtores, já que ele pode utilizar
mão-de-obra de obra e infraestrutura de forma racional
em 60 a 90 dias ao invés de 30 dias dias investir as
sobras em práticas que garantam a qualidade do produto,
como a colheitas no pano e práticas de qualidade pré-colheita
como controle de pragas e doenças dos frutos e nutrição
suficiente e equilibrada.
Resgatando
os produtores do arenito
Os
trabalho de Tumoru e da equipe de melhoristas do Iapar vai
resgatar milhares de pequenos produtores de café da
região do arenito do Paraná, que perderam suas
lavouras para nematóides. Os pesquisador acredita que
com a criação das variedades IPR 102 e IPR 103
adaptados para o calor e solos pobres e IPR 100 e IPR 1006,
resistentes ao nematóide Meloidogne paranaensis, cujas
sementes devem entrar no mercado a partir do no ano que vem,
os produtores daquela região podem recuperar seus cafezais,
dizimados na década de 70 pelos nematóides do
gênero Meloidogyne, que tem trazido sérios prejuízos
aos produtores.
Quando as quatro variedades estiveram a disposição
dos produtores, o Estado poderá, gradativamente, incorporar
mais 200 dos 400 mil ha de café, área potencial
ideal para aquela região. Para Tumoru, a retomada dos
plantios de café nas pequenas propriedades pretende
também introduzir a diversificação integrada
de cultivos ocupando apenas 1/4 da área potencial de
café apenas nas áreas menos sujeitas ás
geadas da propriedade e aproveitar o restante da área
para culturas anuais que possam trazer rentabilidade na entressafra,
proporcionando estabilidade ecônomica aos pequenos.
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